quinta-feira, 14 de dezembro de 2017

A Humilhação de Cristo - Breve Catecismo de Westminster - Pergunta 27 -



pregado em 06 de agosto de 2017  - na Capela Missional em Porto Alegre


Resultado de imagem para a si mesmo se esvaziou


PERGUNTA 27. Em que consistiu a humilhação de Cristo?
R. A humilhação de Cristo consistiu em Ele nascer, e isso em condição baixa, feito sujeito à lei; em sofrer as misérias desta vida, a ira de Deus e amaldiçoada morte na cruz; em ser sepultado, e permanecer debaixo do poder da morte durante certo tempo – Lc 2.7; Gl 4.4; Fp 2.6-8Gl 3.13; Is 53.3; Mt 27.43;  1Co 15.3-4.

A HUMILHAÇÃO DE CRISTO – A SI MESMO SE ESVAZIOU

Fp 2.6-8 -  pois ele, subsistindo em forma de Deus, não julgou como usurpação o ser igual a Deus; 7 antes, a si mesmo se esvaziou, assumindo a forma de servo, tornando-se em semelhança de homens; e, reconhecido em figura humana, 8 a si mesmo se humilhou, tornando-se obediente até à morte e morte de cruz.
A humilhação de Cristo consistiu de sua vinda ao mundo, pois ele deixou seu estado original de glória junto ao Pai, para fazer-se um ser humano com todas as limitações e fraquezas próprias da humanidade.
 Na sua humilhação ele se fez humano, sujeitou-se à condição humana, sujeitou-se à lei, sofreu sob o poder dos homens e à morte. Desde o inicio ele se sujeitou às piores condições.  Esta humilhação não foi apenas sua natureza humana que sofreu, mas cremos na Doutrina da Comunhão dos atributos – união hipostática. Todo o ser de Cristo ou a pessoa toda de Cristo estava envolvido em sua humilhação. Cristo era uma pessoa só e sua pessoa era composta de duas naturezas em comunhão absoluta. Era Cristo, ou seja, sua pessoa, seu ser – totalmente humano e divino. Ele deixou sua glória e fez-se pobre - 2 Cor 8.9 - pois conheceis a graça de nosso Senhor Jesus Cristo, que, sendo rico, se fez pobre por amor de vós, para que, pela sua pobreza, vos tornásseis ricos.
A humilhação de Cristo não mudou sua natureza, ele não deixou de ser Deus, mas mudou sua condição. Ele assumiu forma humana e a condição de servo.
Agostinho – “não mudando sua própria divindade, mas assumindo nossa mutabilidade”
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1 – NA SUA HUMILHAÇÃO, ELE TROCOU O ESTADO DE GLÓRIA PELO ESTADO DE HUMANIDADE DECADENTE -  subsistindo em forma de Deus, não julgou como usurpação o ser igual a Deus.
Cristo sempre habitou na glória, pois ele era Deus. Quando veio ao mundo, ele não deixou de ser Deus, mas se esvaziou no sentido de assumir forma e condição humana. Ele se esvaziou no sentido de se assumir não apenas a forma, mas também a condição, ou seja, todas as limitações de um ser humano -  Lc 2.7 - e ela deu à luz o seu filho primogênito, enfaixou-o e o deitou numa manjedoura, porque não havia lugar para eles na hospedaria.
Ele ficou sujeito às leis que fazem parte da humanidade, como limitação, cansaço, fraqueza, necessidades de todas as ordens, menos as pecaminosas. Ele foi um ser humano pleno. Esteve no útero como um feto, nasceu como um bebê absolutamente normal e cresceu como uma criança normal - Gl 4.4 - vindo, porém, a plenitude do tempo, Deus enviou seu Filho, nascido de mulher, nascido sob a lei,
Ele não se comportava como um Deus, mas Deus estava se comportando como um ser humano. Por isso o catecismo diz que - “A humilhação de Cristo consistiu em Ele nascer, e isso em condição baixa, feito sujeito à lei; em sofrer as misérias desta vida”. Ele não usou a divindade dele para se beneficiar, mas ocultou sua divindade na humanidade. Ele não deixou de ser divino, mas se tornou humano. Quando ele era criança, ele não deixou de ser Deus, mas Deus se tornou de fato uma criança em todos os sentidos. Ele de fato se sujeitou à condição humana em todos os sentidos. Nasceu em uma pequena cidade, precisou fugir com seus pais, passar todas as necessidades possíveis, não ser reconhecido pelas pessoas, não receber glórias de ninguém.
2 – NA SUA HUMILHAÇÃO, ELE ASSUMIU A FORMA DE SERVO –  antes, a si mesmo se esvaziou, assumindo a forma de servo..
Ele tornou-se um servo tão verdadeiramente e tão certamente como havia sido Deus. Ele entrou em uma relação inteiramente nova com o Pai. Desde a eternidade ele havia sido o Filho. Agora ele havia se tornado o servo, sob a lei, obrigado a obedecer, encarregado da obra que lhe foi confiado. Ele não tinha direitos de se defender. Quando foi maltratado e crucificado, ele não poderia usar sua condição de Deus.
3 – NA SUA HUMILHAÇÃO, ELE ASSUMIU UMA IMAGEM PÚBLICA QUE ERA HUMANA EM SUA PLENITUDE – tornando-se em semelhança de homens; e, reconhecido em figura humana..
Ele tomou a semelhança e a aparência. Isto quer dizer que quando as pessoas olhavam para ele, viam nada mais que um homem comum. Alguém que não parecia um herói.  Não havia nada na sua aparência para distingui-lo de qualquer outro homem. Não havia uma áurea, um brilho. Ele parecia totalmente ordinário - Is 53.3; Era desprezado e o mais rejeitado entre os homens; homem de dores e que sabe o que é padecer; e, como um de quem os homens escondem o rosto, era desprezado, e dele não fizemos caso.
4 – NA SUA HUMILHAÇÃO, ELE ESTEVE NUM ESTADO QUE ASSUMIU VOLUNTARIAMENTE – v.7 - a si mesmo se esvaziou, assumindo a forma de servo, tornando-se em semelhança de homens; e, reconhecido em figura humana, v.8 - a si mesmo se humilhou,
Seu esvaziamento (Kenosis) envolveu a voluntariedade. Ele se abaixou, se humilhou, assumiu a condição. Cada momento da jornada de Belém até o Calvário foi escolhido. Cada dia da vida do Senhor ele repetiu a Kenosis (esvaziamento), renovando a decisão que o havia esvaziado e escolhendo mover-se avante e avante na vergonha e dor envolvida no processo.  Ele amava o Pai, amou a escolha e amou o seus. Foi seu grande amor pelo pai e pelos seus, amor pela missão que o movia.
5 – NA SUA HUMILHAÇÃO, ELE SE SUJEITOU À OBEDIÊNCIA ATÉ A MORTE - tornando-se obediente até à morte e morte de cruz
A obediência ao Pai foi até a morte. O Filho do homem deve morrer. Morte era obediência. Na sua morte ele sujeitou-se até o último til e jota da lei. Mas morreu uma morte como transgressor da Lei, pois assumiu o lugar dos transgressores. Esvaziou-se de tal forma que morreu aquela morte, a morte como maldito para abençoar os quais pelos quais morria. Na humilhação de Cristo, o ponto mais baixo foi sua morte por crucificação e o fato de ter ficado retido sob o poder da morte na sepultura. Vamos lembrar o que o Credo Apostólico diz sobre a humilhação de Cristo:  “Creio em Jesus Cristo, seu único Filho, nosso Senhor, o qual foi concebido por obra do Espírito Santo; nasceu da virgem Maria; padeceu sob o poder de Pôncio Pilatos, foi crucificado, morto e sepultado; desceu ao inferno.”
A humilhação de Cristo na sua morte foi o ponto mais baixo porque foi entregue para ser maltratado por suas próprias criaturas.
Foi traído por Judas, abandonado pelos seus discípulos, escarnecido, zombado, cuspido, chicoteado, blasfemado, julgado por Pilatos, um governante iníquo, maltratado pelos seus perseguidores, também por seu próprio povo e por aqueles que o deveriam representar como os sacerdotes. Carregou sua própria cruz, sofreu dores terríveis, foi pregado na cruz, sentiu sede, morreu debaixo do maior suplício.
A morte em si era humilhante, ele sendo Deus.
O tipo de morte como um criminoso então, nem se fala.
A morte por crucificação era humilhante, amarga. Era vergonhosa, dolorosa e maldita, pois era como morriam os priores criminosos. 
Vejamos novamente o que o catecismo diz: “feito sujeito à lei; em sofrer as misérias desta vida, a ira de Deus e amaldiçoada morte na cruz; em ser sepultado, e permanecer debaixo do poder da morte durante certo tempo.” Recebeu a ira de Deus como um culpado, mesmo sendo inocente, levou a culpa dos piores culpados.
Recebeu a ira de Deus, pois foi condenado por Deus, sendo inocente, no lugar dos piores condenados - Gl 3.13 -  Cristo nos resgatou da maldição da lei, fazendo-se ele próprio maldição em nosso lugar (porque está escrito: Maldito todo aquele que for pendurado em madeiro)
Recebeu a ira de Deus pelos pecadores, mesmo sendo sem pecado.  Ele foi sepultado, esteve sujeito à morte, pois esteve realmente morto - 1Co 15.3-4 -  Antes de tudo, vos entreguei o que também recebi: que Cristo morreu pelos nossos pecados, segundo as Escrituras, 4 e que foi sepultado e ressuscitou ao terceiro dia, segundo as Escrituras.

A humilhação de Cristo, foi em consequência de sua obediência. A si mesmo se humilhou.
 Na sua obediência ele provou o quanto confiava nos cuidados do Pai.
"Na sua humilhação, Cristo repousou em seu poder e energias divinas, mas negando-se a si mesmo o exercício de toda faculdade divina para beneficiar-se – renunciou a retirou do campo de ação as prerrogativas e poderes divinos, os quais num piscar de olhos poderia ter espalhado por mil mundos e infernos todos os seus inimigos."
Em nenhum momento agiu por seus próprios interesses ou em defesa própria.
Em nenhum momento se defendeu para salvar sua imagem.  Deus, meus irmãos, triunfou como homem. Este foi o custo da vinda de Cristo ao mundo, de sua humilhação.
 A humilhação de Cristo consistiu em Ele nascer, e isso em condição baixa, feito sujeito à lei; em sofrer as misérias desta vida, a ira de Deus e amaldiçoada morte na cruz; em ser sepultado, e permanecer debaixo do poder da morte durante certo tempo.
Palavras que devemos pensar em usar mais: Decisão, humildade, amor, servir, obediência.

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