Pregado em 24 de março de 2019 ( A introdução modificada, para outro grupo diferente do primeiro sermão)
EXPOSIÇÃO DA SEGUNDA CARTA DE
JOÃO – PARTE 02
UMA IGREJA MISSIONAL, IGREJA
CONSCIENTE DE SUA MISSÃO NO MUNDO.
Esta pequena
carta atribuída a João, o apóstolo é pequena apenas no tamanho mas de um
conteúdo fundamental para aplicação na igreja em qualquer tempo. O conteúdo é quase o mesmo da terceira carta e
devem mesmo ser lidas juntas. A Segunda Carta é escrita do Presbítero à Senhora
eleita. Provavelmente endereçada à uma igreja local em sua totalidade para
adverti-la sobre o ensino dos falsos mestres.
John Stott
comenta que a senhora eleita, “provavelmente signifique uma personificação e
não uma pessoa – não da igreja em geral, mas de alguma igreja local sobre a
qual a jurisdição do presbítero era reconhecida, sendo seus filhos, os membros
individuais da igreja’
Stott
argumenta que a linguagem de amor pessoal por uma senhora e seus filhos como um
“mandamento que tivemos desde o princípio (v.5), não sugere um indivíduo mais
do que o faz a linguagem, a não ser que
imaginemos que ela era uma viúva com numerosos filhos, dos quais somente alguns
(v.4), estavam seguindo a verdade, enquanto outros haviam caído no erro. Outro
fato é que o tratamento dos falsos mestres itinerantes pode ser aplicável a
todo lar cristão, mas mais provável que tenha sido dirigida à comunidade cristã
e não a algum dos seus lares.
Por isso,
entendemos a vamos fazer a exposição neste pressuposto de que a senhora eleita
é uma igreja local.
v.1 e v.13
Em 1 Pedro 5.13 há uma linguagem semelhante que certamente se
refere a uma igreja, sendo que babilônia seria uma referência simbólica a Roma
– “ Aquela que se encontra em Babilônia, também eleita, vos saúda, como
igualmente meu filho Marcos.”
Dito isso,
neste pequeno texto temos as recomendações a esta igreja, os cuidados com ela e
as recomendações do apóstolo. O que vemos é a descrição do DNA desta igreja.
Amo mesmo tempo que a carta são recomendações, nelas vemos a essência desta
igreja.
A IGREJA
CONSCIENTE DE SUA ELEIÇÃO E MISSÃO – A DA PRÁTICA DA VERDADE E DO AMOR.
1 O presbítero à senhora
eleita e aos seus filhos, a quem eu amo na verdade e não somente eu, mas também
todos os que conhecem a verdade,
2 por causa da verdade que
permanece em nós e conosco estará para sempre,
O presbítero – esta é a identificação do
autor. O presbítero no final do primeiro século, era um líder espiritual da
igreja da mais alta grandeza. Alguém que era tido em maior consideração do que
o bispo. Até os anos 60, o presbítero era o pastor de um grupo específico e o
bispo um líder de outros presbíteros (ver por exemplo 1 Pe 5.1). Nos anos 80, o
presbítero era alguém que possuía uma estatura espiritual reconhecida e era,
por assim dizer maior do que o bispo. A figura do presbítero a partir do
segundo século passou a ser mais simbólica do um cargo ou função. Era usado em
caráter informal como um destaque honroso. Nos anos 80 João era o único
apóstolo vivo e ele não usa este termo – pois o termo presbítero havia
substituído esta designação para os líderes maiores.
A verdade
não é uma referência filosófica, nem uma referência a uma cosmovisão dualista/
metafísica, em antítese com a mentira. Também não era uma indicação de
determinada espécie de pessoas, mas era uma referência a doutrina de Cristo. A
verdade não seria a realidade divina, mas a ortodoxia, a verdadeira fé, o
cristianismo verdadeiro. A verdade é a doutrina verdadeira a respeito de Jesus.
A verdade
que permanece em nós e conosco estará para sempre – Há uma clara referência da
unidade entre Cristo e seu ensinamento. Não é qualquer ensinamento que a igreja
recebe. Nem mesmo bons ensinamentos sobre Jesus – mas a verdade sobre Jesus.
Desde o seu
início, a igreja enfrentou esta questão do ensino sobre Cristo. Há muitos
ensinos atraentes sobre Jesus. Há o ensino de Jesus como mestre do amor, mestre
da paz. Há o ensino sobre Jesus como aquele que compreendeu as pessoas, que foi
a melhor das pessoas. Há o ensino sobre Jesus como aquele rompeu os dogmas
religiosos, que libertou pessoas de amarras, que alegrou os tristes, curou os
enfermos, olhou com olhos de compaixão. Tudo isso faz parte do ensino sobre
Jesus. Mas a verdade sobre Jesus vai além. Ele é o Filho de Deus. Ele é Deus.
Ele veio ao mundo principalmente para salvar os pecadores. Ele foi até a cruz
para cumprir a execução do juízo divino, da condenação que caía sobre o
pecador. Jesus veio para ser o substituto do pecador. Veio para morrer no lugar
do pecador. Veio para pagar a punição no lugar do pecador. Ele morreu na cruz,
ele ressuscitou.
A verdade é
Jesus – como diz o Credo Niceno - um só Senhor Jesus
Cristo, Filho único de Deus, gerado do Pai antes de todos os tempos, luz da
luz, Deus verdadeiro de Deus verdadeiro, gerado, não criado, consubstancial ao
Pai, por quem todas as coisas foram feitas, o qual por nós homens e para
nossa salvação desceu do Céu, e encarnou pelo Espírito Santo e da Virgem Maria
e se fez homem, e por nossa causa foi crucificado, e ressurgiu de novo ao
terceiro dia segundo as Escrituras, e subiu ao Céu e está sentado à mão direita
do Pai, e virá de novo em sua glória para julgar os vivos e os mortos, e cujo
Reino não terá fim;
Como diz o Credo Apostólico - Creio
em Jesus Cristo, seu único Filho, nosso Senhor, o qual foi concebido por obra
do Espírito Santo; nasceu da virgem Maria; padeceu sob o poder de Pôncio
Pilatos, foi crucificado, morto e sepultado; desceu ao inferno; ressurgiu dos
mortos ao terceiro dia; subiu ao Céu; está sentado à direita de Deus Pai
Todo-poderoso, de onde há de vir para julgar os vivos e os mortos.
A verdade que permanece em nós e
conosco estará para sempre – É uma clara referência
da unidade entre Cristo e seu ensinamento.
Não dá pra minimizar o ensino sobre
Jesus. Ele é o centro do Evangelho.
O Evangelho é Deus salvando os pecadores
por meio de Jesus.
Um Deus pessoal que salva se relaciona com os pecadores que quer
salvar.
Conforma-se
aqui à ideia do Antigo Testamento, que Deus é fiel e misericordioso, apesar dos
pecados e infidelidades de Israel. Deus é graça e misericórdia, por isso
oferece paz, a reconciliação consigo mesmo como ato de pura graça, um dom gratuito
onde a iniciativa é dele.
A igreja aprende que a espiritualidade cristã, que a
devoção cristã não é de busca.
O ser humano não busca a Deus para ser um
cristão – mas ele se tornou um cristão porque Deus o buscou.
Ele foi chamado.
Ele foi eficazmente chamado.
Ele foi eleito.
Deus buscou o pecador. A devoção
cristã não é uma caça a Deus. A devoção cristã não se caracteriza por ofertas e
oferendas – mas pela resposta ao Deus que ofertou a si mesmo. Ao Deus que se
entregou a si mesmo. Que veio em busca do pecador.
O pecador
devoto é um achado por Deus, que foi buscado por Deus, resgatado, adotado.
A verdade
sobre Jesus vai até a cruz onde ele morreu para a nossa justificação. A verdade
sobre Jesus o glorifica como o ressuscitado.
A verdade sobre Jesus o faz reinar
sobre todos como o Senhor.
A verdade sobre Jesus anuncia que ele vira para
julgar.
A verdade sobre Jesus anuncia que ele virá
e haverá a ressurreição para
a glória final da história,
onde os salvos estarão com ele pelas eras eternas.
O Deus do
cristão é pessoal. É o ser por excelência.
É o ser por definição e que pode ser
conhecido porque se revela.
Não é um motor imóvel.
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