Pregado em 28 de abril de 2019
EXPOSIÇÃO DA TERCEIRA CARTA DE
JOÃO - II
UM EXEMPLO DE UM CRISTÃO NÃO MISSIONAL
1 O presbítero ao amado Gaio, a quem eu amo na verdade. 2 Amado, acima de tudo, faço votos por tua prosperidade e saúde, assim como é próspera a tua alma. 3 Pois fiquei sobremodo alegre pela vinda de irmãos e pelo seu testemunho da tua verdade, como tu andas na verdade. 4 Não tenho maior alegria do que esta, a de ouvir que meus filhos andam na verdade.5 Amado, procedes fielmente naquilo que praticas para com os irmãos, e isto fazes mesmo quando são estrangeiros, 6 os quais, perante a igreja, deram testemunho do teu amor. Bem farás encaminhando-os em sua jornada por modo digno de Deus; 7 pois por causa do Nome foi que saíram, nada recebendo dos gentios. 8 Portanto, devemos acolher esses irmãos, para nos tornarmos cooperadores da verdade.9 Escrevi alguma coisa à igreja; mas Diótrefes, que gosta de exercer a primazia entre eles, não nos dá acolhida. 10 Por isso, se eu for aí, far-lhe-ei lembradas as obras que ele pratica, proferindo contra nós palavras maliciosas. E, não satisfeito com estas coisas, nem ele mesmo acolhe os irmãos, como impede os que querem recebê-los e os expulsa da igreja. 11 Amado, não imites o que é mau, senão o que é bom. Aquele que pratica o bem procede de Deus; aquele que pratica o mal jamais viu a Deus. 12 Quanto a Demétrio, todos lhe dão testemunho, até a própria verdade, e nós também damos testemunho; e sabes que o nosso testemunho é verdadeiro.13 Muitas coisas tinha que te escrever; todavia, não quis fazê-lo com tinta e pena, 14 pois, em breve, espero ver-te. Então, conversaremos de viva voz.15 A paz seja contigo. Os amigos te saúdam. Saúda os amigos, nome por nome.
Vamos destacar os seguintes versos: v.9 Escrevi alguma coisa à igreja; mas Diótrefes, que gosta de exercer a primazia entre eles, não nos dá acolhida. 10 Por isso, se eu for aí, far-lhe-ei lembradas as obras que ele pratica, proferindo contra nós palavras maliciosas. E, não satisfeito com estas coisas, nem ele mesmo acolhe os irmãos, como impede os que querem recebê-los e os expulsa da igreja. 11 Amado, não imites o que é mau, senão o que é bom. Aquele que pratica o bem procede de Deus; aquele que pratica o mal jamais viu a Deus.
Diótrefes é o retrato do cristão comprometido apenas consigo mesmo e não com a missão.
Aqui o presbítero apresenta o problema criado por Diótrefes. Ele era totalmente diferente de Gaio quanto ao caráter e postura quanto à missão.
Gaio é retratado como
alguém que anda na verdade, ama os irmãos, hospeda os missionários. Diótrefes,
por outro lado, é visto como alguém que se compromete apenas consigo mesmo, e
que se recusa a acolher os irmãos e ainda não permite que outros irmãos façam.
Aqui nós vemos que a igreja
primitiva tinha muitos problemas. As igrejas locais não eram perfeitas.
Hoje nem consideradas “boas” por muitos irmãos
exigentes com os outros.
Na igreja de Roma havia
discriminação entre os carnívoros e os vegetarianos. Na igreja de Corinto,
havia muitos problemas morais e espirituais. Na igreja de Colossos, havia aqueles
que misturavam Cristianismo, judaísmo e pensamento grego. Nas igrejas da
Gálacia, haviam os judaizantes e assim por diante.
Havia até mesmo pastores
maus. O artigo 26 contido nos 39 artigos da religião (documento anglicano) faz
uma afirmação precisa sobre isso.
“Ainda que na Igreja visível os maus sempre estejam
misturados com os bons, e às vezes os maus tenham a principal autoridade na
Administração da Palavra e dos Sacramentos; todavia, como o não fazem em seu
próprio nome, mas no de Cristo, e em comissão e por autoridade dele
administram, podemos usar do seu Ministério, tanto em ouvir a Palavra de Deus,
como em receber os Sacramentos. Nem o efeito da ordenança de Cristo é tirado
pela sua iniqüidade, nem a graça dos dons de Deus diminui para as pessoas que
com fé e devidamente recebem os Sacramentos que se lhe administram; os quais
são eficazes por causa da instituição e promessa de Cristo, apesar de serem
administrados por homens maus.”
O fato é
que Diótrefes causava muitos problemas. Ele não era comprometido com a missão,
mas consigo mesmo.
I – DIÓTREFES TINHA UM SENTIMENTO DE
SUPERIORIDADE
v.9 Escrevi alguma coisa à
igreja; mas Diótrefes, que gosta de exercer a primazia entre eles, não nos dá
acolhida.
Este era um problema moral
e não teológico. Tem-se defendido pelos comentaristas, que ele não era um
herege nem um apóstata. Ele era um ortodoxo em termos de doutrina. Ele possuía
a doutrina correta – mas sua prática cristã era contrária à sua doutrina.
O texto afirma que ele
gostava de exercer a primazia – Philo-proteuon – amor por si mesmo. Amor por
posição. Amor por títulos – amor por ser reconhecido – honrado. Gosta de se
colocar em primeiro lugar. Gosta de ter a preeminência. O termo sugere dois temperamentos ou posturas
que perturbam e são contra a vida cristã – a arrogância intelectual o e
engrandecimento pessoal.
Irmãos, algumas coisas não
combinam com o cristianismo bíblico. A arrogância, o orgulho, o vaidade
pessoal, a achar-se melhor do que os outros, as ambições pessoais, o amor por
reconhecimento, o amor por cargos, a exaltação, a insubmissão, o espírito de
rebelião, de contendas, de disputas – nada disso combina com a vida cristã.
Nada disso combina com aquilo que Jesus ensinou. O cristão missional não é como
Diótrefes. Ele não pensa primeiro em si. Ele não está em busca de satisfação
própria em detrimento dos outros. O cristão missional não é comprometido apenas
consigo mesmo. Ele não dá prioridade a si mesmo em relação à igreja. Ele é
comprometido com a missão. Com a visão da sua igreja local.
II – DIÓTREFES ALIAVA
PALAVRAS MÁS COM OBRAS MÁS
v.10 Por isso, se eu for
aí, far-lhe-ei lembradas as obras que ele pratica, proferindo contra nós
palavras maliciosas.
Este irmão era o avesso de
um cristão piedoso. João declara que quando fosse até aquela igreja local, iria
lembrar – expor, fazer aparecer, denunciar, tornar públicas – as obras e
palavras de Diótrefes. O texto fala de “obras praticadas” e “palavras faladas”.
Estas atitudes eram contra a autoridade do presbítero.
A gravidade da conduta de
Diótrefes é exposta em três sentenças. Primeiro ele “profere palavras
maliciosas”. O original dá a ideia de palavras absurdas - Dá a ideia também de que ele “Fala loucuras”.
Suas palavras não eram somente ímpias, mas também absurdas, disparatadas, sem
noção.
O termo maliciosas-
phluarron - no original dá o sentido de
tagarelice, palavras sem sentido. Ele provavelmente fazia acusações maldosas,
apenas para desqualificar o presbítero.
Como ele amava ter a
autoridade, a primazia, ele não aceitava a autoridade do presbítero e ainda
minava sua pessoa diante dos outros. Um dos ataques contra João era justamente
a visão sobre a prática do amor cristão e o acolhimento entre os irmãos. A
visão de Diótrefes sobres a missão era extremamente egoísta.
III – DIÓTREFES EM SEU EGOÍSMO AGIA INTENCIONALMENTE CONTRA O EVANGELHO
v.10b E, não satisfeito com
estas coisas, nem ele mesmo acolhe os irmãos, como impede os que querem
recebê-los e os expulsa da igreja.
Aqui estão as outras duas
sentenças que demonstram a gravidade da conduta de Diótrefes. Ele não acolhe os
irmãos e ainda impede e expulsa quem acolhe.
Ele não ficou satisfeito
com uma campanha de palavras maliciosas contra João, mas foi adiante e
deliberadamente desafiou os presbítero recusando-se a acolher os irmãos.
Ele intencionalmente
contrariava as regras de hospitalidade cristã ao se recusar a receber
missionários enviados para proclamar o evangelho. Ao negar-lhes abrigo e
comida, ele impede o avanço da Palavra de Deus. Diótrefes está servindo de
obstáculo aos propósitos divinos. Ele com isso fica sujeito à ira divina. Ele
não impedia os propósitos divinos, como não impediu, o Evangelho avançou – mas
ele foi um dos empecilhos, um dos obstáculos que o Evangelho enfrentou. De
alguém que deveria ser entusiasmado colaborador.
O crente não comprometido,
de alguma forma é um empecilho ao avanço do Evangelho, ao crescimento da igreja
e à missão. De alguma forma, o crente não comprometido trava os outros irmãos.
IV – DIÓTREFES, AO NÃO
PRATICAR O BEM AOS IRMÃOS, PRATICA O MAL.
v.11 Amado, não imites o que
é mau, senão o que é bom. Aquele que
pratica o bem procede de Deus; aquele que pratica o mal jamais viu a
Deus.
Aquele que pratica o bem
procede de Deus, o que pratica o mal não procede. No caso aqui, a conduta de
Diótrefes era o mesmo que praticar o mal. O verdadeiro cristão pode ser
descrito como sendo de Deus. João está questionando se Diótrefes é um cristão
verdadeiro. O verdadeiro cristão obedece os mandamentos de Deus. Na sua
primeira carta, João apresenta a norma para determinar a diferença entre os filhos
de Deus e os filhos do diabo.
1 João 3.10 – Aquele que
não faz o que é certo não é um filho de Deus.
Assim, qualquer um que
continua a praticar o mal, de forma intencional e deliberada, como Diótrefes,
ainda não viu ou não conhece a Deus.
1 João 3.6 - Todo aquele
que permanece nele não vive pecando; todo aquele que vive pecando não o viu,
nem o conheceu.
O cristão verdadeiro vê Deus em Jesus
Cristo.
O grande problema de Diótrefes, era o
seu amor próprio. Ele tinhas suas afeições centradas em si mesmo.
O amor próprio exagerado vicia todas as
relações. Diótrefes difamou a João, tratou com pouco caso os missionários e
excomungou os crentes leais porque em seu egoísmo, vaidade e ambição queria ter
a preeminência. A vaidade pessoal está na raiz da maioria das dissensões em
toda a igreja local hoje.
O cristão centrado em si mesmo não
colabora com a igreja.
O cristão centrado em si mesmo é um
empecilho, um obstáculo para o crescimento da igreja e do evangelho, um problema que a igreja não
precisava ter.
O cristão centrado em si mesmo, não se
compromete com a missão, mas faz apenas o que lhe convém.
O cristão centrado em si mesmo, não
compromete com a missão e com a igreja, mas usa a igreja para sentir-se
religioso.
O cristão centrado em si mesmo, é um
consumidor do evangelho e não um missionário no mundo.
O cristão centrado em si mesmo, não vive
em missão, mas satisfaz a si mesmo, vivendo uma religiosidade enganosa, que
supre limitadamente apenas a si mesmo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário