Pregado em 21 de abril de 2019
1O presbítero ao amado Gaio, a quem eu amo na verdade. 2Amado, acima de tudo, faço votos por tua prosperidade e saúde, assim como é próspera a tua alma. 3Pois fiquei sobremodo alegre pela vinda de irmãos e pelo seu testemunho da tua verdade, como tu andas na verdade. 4Não tenho maior alegria do que esta, a de ouvir que meus filhos andam na verdade. 5Amado, procedes fielmente naquilo que praticas para com os irmãos, e isto fazes mesmo quando são estrangeiros, 6os quais, perante a igreja, deram testemunho do teu amor. Bem farás encaminhando-os em sua jornada por modo digno de Deus; 7pois por causa do Nome foi que saíram, nada recebendo dos gentios. 8Portanto, devemos acolher esses irmãos, para nos tornarmos cooperadores da verdade. 9Escrevi alguma coisa à igreja; mas Diótrefes, que gosta de exercer a primazia entre eles, não nos dá acolhida. 10Por isso, se eu for aí, far-lhe-ei lembradas as obras que ele pratica, proferindo contra nós palavras maliciosas. E, não satisfeito com estas coisas, nem ele mesmo acolhe os irmãos, como impede os que querem recebê-los e os expulsa da igreja. 11Amado, não imites o que é mau, senão o que é bom. Aquele que pratica o bem procede de Deus; aquele que pratica o mal jamais viu a Deus. 12Quanto a Demétrio, todos lhe dão testemunho, até a própria verdade, e nós também damos testemunho; e sabes que o nosso testemunho é verdadeiro. 13Muitas coisas tinha que te escrever; todavia, não quis fazê-lo com tinta e pena, 14pois, em breve, espero ver-te. Então, conversaremos de viva voz. 15A paz seja contigo. Os amigos te saúdam. Saúda os amigos, nome por nome.
CRISTÃO MISSIONAL
EXPOSIÇÃO DA TERCEIRA CARTA DE
JOÃO – I
Gaio é um cristão onde a doutrina declarada é coerente com a vida na prática.
A terceira carta de João é muito
semelhante à segunda. As diferenças é que na segunda, ele escreva à uma senhor
eleita. A terceira é direcionada a um cristão chamado Gaio. Outros dois nomes
são mencionados; um negativamente, Diótrefes (v.9) e outro positivamente, Demétrio (v.12).
Na segunda carta, ele adverte
para que falsos mestres não sejam recebidos na igreja. Na terceira ele
recomenda a hospitalidade aos mestres que pregam a verdade. Ele denuncia
Diótrefes que não recebe os irmãos e ainda os expulsa da igreja. As duas cartas
juntas mostram o equilíbrio quanto a questão da hospitalidade.
O tema da hospitalidade era
importante porque o evangelho estava sendo expandido pelos pregadores
itinerantes. Muitos passaram a dedicar a vida a anunciar o nome de Jesus.
Um documento da época – O Didaquê
– dedica boa parte de seu texto ao tema.
A VIDA EM COMUNIDADE CAPÍTULO XI 1 Se vier alguém até
você e ensinar tudo o que foi dito anteriormente, deve ser acolhido. 2 Mas se
aquele que ensina é perverso e ensinar outra doutrina para te destruir, não lhe
dê atenção. No entanto, se ele ensina para estabelecer a justiça e conhecimento
do Senhor, você deve acolhê-lo como se fosse o Senhor. 3 Já quanto aos
apóstolos e profetas, faça conforme o princípio do Evangelho. 4 Todo apóstolo
que vem até você deve ser recebido como o próprio Senhor. 5 Ele não deve ficar
mais que um dia ou, se necessário, mais outro. Se ficar três dias é um falso
profeta. 6 Ao partir, o apóstolo não deve levar nada a não ser o pão necessário
para chegar ao lugar onde deve parar. Se pedir dinheiro é um falso profeta. 12
Se alguém disser sob inspiração: "Dê-me dinheiro" ou qualquer outra
coisa, não o escutem. Porém, se ele pedir para dar a outros necessitados, então
ninguém o julgue. CAPÍTULO XII 1 Acolha toda aquele que vier em nome do Senhor.
Depois, examine para conhecê-lo, pois você tem discernimento para distinguir a
esquerda da direita. 2 Se o hóspede estiver de passagem, dê-lhe ajuda no que
puder. Entretanto, ele não deve permanecer com você mais que dois ou três dias,
se necessário. 3 Se quiser se estabelecer e tiver uma profissão, então que
trabalhe para se sustentar. 4 Porém, se ele não tiver profissão, proceda de
acordo com a prudência, para que um cristão não viva ociosamente em seu meio. 5
Se ele não aceitar isso, trata-se de um comerciante de Cristo. Tenha cuidado
com essa gente! CAPÍTULO XIII 1 Todo verdadeiro profeta que queira
estabelecer-se em seu meio é digno do alimento. 2 Assim também o verdadeiro
mestre é digno do seu alimento, como qualquer operário. 3 Assim, tome os
primeiros frutos de todos os produtos da vinha e da eira, dos bois e das
ovelhas, e os dê aos profetas, pois são eles os seus sumos-sacerdotes. 4 Porém,
se você não tiver profetas, dê aos pobres. 5 Se você fizer pão, tome os primeiros
e os dê conforme o preceito. 6 Da mesma maneira, ao abrir um recipiente de
vinho ou óleo, 5 tome a primeira parte e a dê aos profetas. 7 Tome uma parte de
seu dinheiro, da sua roupa e de todas as suas posses, conforme lhe parecer
oportuno, e os dê de acordo com o preceito.
Carta de Clemente aos Coríntios (por volta do ano 100) 1.2 - Ora, quem é que esteve
entre vós e não elogiou vossa fé extraordinária e firme? Quem não admirou vossa
piedade consciente e suave em Cristo? Quem não louvou a tradição da vossa
hospitalidade generosa? Ou quem não vos felicitou por vossa doutrina perfeita e
segura?
Para nós cristãos deste tempo, é
importante estudar o comportamento dos quatro cristãos envolvidos nesta carta:
O presbítero, Gaio, Diótrefes e Demétrio. Além do autor não sabemos e não podemos
localizar historicamente os outros personagens. São três dos nomes mais comuns
do Império Romano. Esta carta é importante também para vermos como o
cristianismo nasceu com a ideia do acolhimento de irmãos em casa, como as casas
e as famílias foram importantes na construção e expansão do cristianismo. É
importante ver como a verdade (a são doutrina) moldava o amor entre os irmãos,
bem como o exercício da misericórdia e do socorro aos necessitados.
Os seguintes pontos precisam ser
observados.
I – O AMOR CRISTÃO É INSPIRADO E
NORMATIZADO PELA VERDADE. V.1 - O presbítero ao amado Gaio, a quem eu amo
na verdade.
Este já havia sido o tema
da segunda carta. O amor cristão não apenas amor humanitário, mas é mandamento
de Deus. Não é opcional, mas obediência ao mandamento. O cristão original
normatizava a sua vida pelos mandamentos, como já os judeus faziam. Hoje, em
geral pautamos nossa vida e nossas decisões pela cultura. A Palavra nem sempre
é o fator decisivo.
Quando o presbítero diz –
amo na verdade – ele esta afirmando que havia comunhão doutrinária entre eles.
Eles faziam parte da mesma maneira de ver o mundo e a fé.
II – O CRISTÃO ANTES DE SER
BEM SUCEDIDO NA VIDA, DEVE SER BEM SUCEDIDO NA SUA COMUNHÃO COM DEUS.
V.2 Amado, acima de tudo,
faço votos por tua prosperidade e saúde, assim como é próspera a tua
alma.
Veja João faz votos de
prosperidade e saúde. São coisas importantes. Mas, além dele desejar estas
coisas, ele faz uma afirmação – “é próspera a tua alma”. Em uma versão mais
literal poderíamos dizer: “assim, como está indo bem a tua alma”. O grande
progresso que devemos fazer é espiritualmente. Gaio era um cristão que era bem
sucedido na sua vida espiritual. Ele havia crescido na sua alma. Isso implica
em vida devocional rica. Implica em obediência aos mandamentos. Implica em
praticar o cristianismo. Implica em amar a Deus. Obedecer aos seus mandamentos.
Seguir a doutrina de Cristo, crendo e afirmando as verdades sobre ele.
III – CREDO
E CONDUTA NÃO DEVEM SER DESASSOCIADOS – v.3 Pois fiquei
sobremodo alegre pela vinda de irmãos e pelo seu testemunho da tua verdade,
como tu andas na verdade. 4 Não tenho maior alegria do que esta, a de
ouvir que meus filhos andam na verdade.
Gaio era um
cristão que tinha um credo, uma confissão de fé ortodoxa. Ele tinha uma
confissão de fé de acordo com a sã doutrina. Ele era um cristão com uma
declaração de fé saudável. Ele professava a Boa doutrina. “Testemunho da tua
verdade, como andas na verdade”. Ele professava a verdade e andava na verdade. Mentalidade e comportamento combinavam. Quem anda na verdade, não apenas concorda,
declara a verdade, dá assentimento, mas a transforma em comportamento. É necessário uma exata correspondência entre
o credo e a conduta. Essa conformidade Ca vida com a verdade, da parte
dos irmãos, trazia extrema alegria para João. Para ele a verdade era
importante. Ele não considerava as questões teológicas como trivialidades sem
importância. Era da verdade crida e depois obedecida pelos seus filhos, que ele derivava a sua
maior alegria.
IV – A PRÁTICA DEVE SER COERENTE COM A FÉ AFIRMADA
–vs.5 Amado, procedes fielmente naquilo que praticas para com os irmãos, e isto
fazes mesmo quando são estrangeiros, 6 os quais, perante a igreja, deram
testemunho do teu amor.
O original fala – fiel na obra que praticas – o termo é ergase.
Aqui o presbítero fala do amor pelas pessoas que Gaio demonstrava acolhendo,
hospedando estas pessoas. Ele diz, mesmo quando “são estrangeiros”. A
hospitalidade era um mandamento desde o Antigo Testamento, mas na vida cristã
ela é prática essencial e necessária. É um dos testemunhos da vida cristã.
Rm 12.13 - compartilhai
as necessidades dos santos; praticai a hospitalidade;
Hb 13.1,2 – Seja constante o amor
fraternal. 2 Não
negligencieis a hospitalidade, pois alguns, praticando-a, sem o saber acolheram
anjos.
1 Pe 4.8 -11– Acima
de tudo, porém, tende amor intenso uns para com os outros, porque o amor cobre
multidão de pecados. 9 Sede, mutuamente, hospitaleiros, sem murmuração. 10 Servi uns aos outros, cada um conforme
o dom que recebeu, como bons despenseiros da multiforme graça de Deus.
1 Tm 5.10 – seja
recomendada (as viúvas) pelo testemunho de boas obras, tenha criado filhos,
exercitado hospitalidade, lavado os pés aos santos, socorrido a atribulados, se
viveu na prática zelosa de toda boa obra.
1 Tm 3.2 – É
necessário, portanto, que o bispo seja irrepreensível, esposo de uma só mulher,
temperante, sóbrio, modesto, hospitaleiro, apto para ensinar;
Tito 1.7,8 – Porque
é indispensável que o bispo seja irrepreensível como despenseiro de Deus, não
arrogante, não irascível, não dado ao vinho, nem violento, nem cobiçoso de
torpe ganância; 8 antes,
hospitaleiro, amigo do bem, sóbrio, justo, piedoso, que tenha domínio de si,
O autor diz que Gaio foi fiel à
sua obra, ou fiel na sua obra. Sua obra foi efeito de sua fé – por isso, uma
obra fiel. Sua prática era fiel à sua profissão de fé. Seu amor era coerente
com a verdade em que ele cria. Não era
uma verdade teórica. Os irmãos tinham visto ambos, tinham ficado impressionados
com ambos, e deram testemunho de ambos.
Eles se impressionavam com a
teologia defendida, com a doutrina afirmada. Com a verdade articulada. Com os
pressupostos doutrinários – mas também ficavam impressionados com a prática. Com
a fé praticada. Com as obras praticadas.
É um cristão assim que precisamos
imitar. Gaio é o modelo de cristão missional. Gaio é um cristão integro e que
vive o evangelho de forma integral.
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