Pregado em 10 de fevereiro de 2019
lEVÍTICO 23.4-8
4 São estas as festas fixas do SENHOR, as santas convocações, que proclamareis no seu tempo determinado:5 no mês primeiro, aos catorze do mês, no crepúsculo da tarde, é a Páscoa do SENHOR.6 E aos quinze dias deste mês é a Festa dos Pães Asmos do SENHOR; sete dias comereis pães asmos.7 No primeiro dia, tereis santa convocação; nenhuma obra servil fareis;8 mas sete dias oferecereis oferta queimada ao SENHOR; ao sétimo dia, haverá santa convocação; nenhuma obra servil fareis.
A Festa dos Pães Asmos de forma imediata era para a
limpeza geral e purificação do Egito.
A Festa dos Pães asmos (sem fermento) começava no dia seguinte à Páscoa. Esta festa durava uma semana e expandia o sentido da Páscoa. Esta festa também, a exemplo da Páscoa era celebrada em família. Eles deveriam comer pão sem fermento e deviam antes, retirar todo o fermento da casa. No mundo antigo e ainda em muitas casas em várias culturas, o fermento não vem em frascos ou pacotinhos como nas cidades e culturas mais industrializadas. É um levedo ativo e borbulhante de massas anteriores. Quanto ao sentido desta festa, tudo o que havia sido levedado deveria ser retirado da casa. Em Êxodo 12.15 - diz - “ qualquer que comer coisa levedada, desde o primeiro até o sétimo dia, essa pessoa será eliminada da casa de Israel.” A pessoa deixaria de fazer parte da comunidade pactual. O fermento representa aquilo que contamina, que não é natural. O fermento representava também a corrupção, uma vez que o fermento transforma a massa. Eles nestes dias deveriam comer grãos tostados e cereais (Jos 5.11). No primeiro dia da festa e no último dia, era para oferecer a oferta queimada ao Senhor.
O
significado imediato disso é que o fermento representava a cultura do Egito e
deveria ser feito uma limpeza, uma eliminação desta cultura em todos os
sentidos. a remoção de todo vestígio de fermento das casas seria testemunho
visível de sua fé e confiança em Deus. Não estavam levando nada do Egito
consigo e nenhum poder do passado escravo acompanharia o povo que Deus havia
libertado do Egito. Se a Páscoa era a celebração da libertação da escravidão, a
festa dos pães asmos era o compromisso de limpeza geral da cultura egípcia. Era
o rompimento com o sistema e a lembrança da vida no Egito. Com o tempo as
famílias israelitas passaram a elaborar esta festa com o envolvimento de toda a
família na limpeza e procura de coisas levedadas dentro de casa. Na Páscoa criou-se
o hábito de um dos filhos perguntar - Porque esta noite é diferente? No Festa
dos Pães asmos a família tinha o momento de fazer a procura de coisas levedadas
na casa. Esta questão da representação do fermento estava presente na época de
Jesus e ele adverte seus discípulos para que se guardem do fermento dos
fariseus, do saduceus e de Herodes (Mc 8.6,14-15; Mt 16.12).
O
significado maior desta festa é a purificação, a limpeza e a transformação que
a salvação realiza. Fomos tirado da escravidão do Egito, do mundo, da
condenação por meio da morte do Cordeiro de Deus, Jesus. E a obra que a
salvação opera em nossa vida é a remoção do fermento. Veja que o texto diz
‘nenhuma obra servil fareis” e um sacrifício deveria ser oferecido. As
implicações são maravilhosas. vejamos:
I
- A FESTA DOS PÃES ASMOS É CUMPRIDA EM JESUS QUE POR SUA OBRA REALIZA A
PURIFICAÇÃO DA NOSSA VIDA.
Jesus
cumpre a festa dos pães asmos, tornando-se ele mesmo aquele que remove o
fermento de nossa vida. Não é nossa obra, representada na frase “nenhuma obra
servil fareis”, mas é obra dele, declarada na sentença “mas oferecereis um
sacríficio”. Jesus e sua morte acarretou a purificação de nossa vida. Anunciou
que nós não precisamos varrer o fermento do pecado e do mal de nossa vida;
Cristo cumpre esta tarefa. Se esta tarefa fosse nossa, nós estaríamos perdidos,
sem salvação e sem solução.
É
Deus, por meio dos méritos de Cristo quem realiza esta tarefa impossível.
Paulo declara: “Aquele que não tem conheceu pecado, ele o fez pecado por nós;
para que, nele, fôssemos feitos justiça de Deus” (2 Cor 5.21).
Jesus,
o Cordeiro pascal, morreu como substituto para que pudéssemos ser considerados
justificados pela graça, mediante a fé em Jesus. Jesus também foi sepultado em
nosso lugar e levou consigo para o túmulo o fermento de nosso pecado a fim de
que pudéssemos ser declarados santificados nele.
Santificação
é um termo bíblico importante e resultado da salvação. Óbviamente que não
ficamos passivos, mas antes de nos esforçarmos para eliminar de nossa vida os
pecados, ele já nos declara santos. Não é depois de eliminarmos os pecados
particulares, mas antes - e, só nos esforçamos para eliminar os pecados, se já
fomos santificados. Quem não foi santificado não lutará contra o pecado. Eles
acham que não cometem pecado. Somente os santificados se preocupam
com seus pecados.
Colossenses 3.1-10 Portanto, se fostes ressuscitados juntamente com Cristo, buscai as coisas lá do alto, onde Cristo vive, assentado à direita de Deus.2 Pensai nas coisas lá do alto, não nas que são aqui da terra;3 porque morrestes, e a vossa vida está oculta juntamente com Cristo, em Deus.4 Quando Cristo, que é a nossa vida, se manifestar, então, vós também sereis manifestados com ele, em glória.5 Fazei, pois, morrer a vossa natureza terrena: prostituição, impureza, paixão lasciva, desejo maligno e a avareza, que é idolatria;6 por estas coisas é que vem a ira de Deus [sobre os filhos da desobediência].7 Ora, nessas mesmas coisas andastes vós também, noutro tempo, quando vivíeis nelas.8 Agora, porém, despojai-vos, igualmente, de tudo isto: ira, indignação, maldade, maledicência, linguagem obscena do vosso falar.9 Não mintais uns aos outros, uma vez que vos despistes do velho homem com os seus feitos10 e vos revestistes do novo homem que se refaz para o pleno conhecimento, segundo a imagem daquele que o criou;
Mas como podemos fazer isso? Somente se já somos
salvos. Somente se já somos santificados. Sem o poder da salvação, da
santificação operando em nós, isso seria uma tarefa impossível. Seria obra
servil.
John Murray “A santificação é um dever que depende
da obra já realizada em nós e que a nossa fé verdadeira é indispensável para o
cumprimento do dever. O
ponto central do argumento é a mais pura graça; já que somos santificados, pois,
pela fé, já morremos e fomos sepultados com Cristo. Essa realidade se torna o
alicerce da nova vida de obediência que vir e, com certeza, virá na sequência e
como consequência.
O apóstolo Paulo falou sobre a salvação sendo a
Páscoa e a santificação sendo o cumprimento dos Pães Asmos - 1 Corintios 5.7
Lançai fora o velho fermento, para que sejais nova
massa, como sois, de fato, sem fermento. Pois também Cristo, nosso Cordeiro
pascal, foi imolado.
8 Por isso,
celebremos a festa não com o velho fermento, nem com o fermento da maldade e da
malícia, e sim com os asmos da sinceridade e da verdade.
O que Paulo ensina também em Romanos 6 quando diz
“como viveremos no pecado, nós os que para ele morremos”? Isso na prática
significa o seguinte: Em Cristo como purificados em caráter definitivo, santos
santos e agora devemos viver na prática de acordo com esta realidade. Ele está
dizendo o seguinte - vocês estão mortos para o pecado, pois morreram com
Cristo. Vocês foram sepultados com ele e removeram o fermento do pecado de uma
vez por todas. Estão limpos. Agora vivam de acordo com esse fato. Vocês não
precisamos mais comemorar a Festa dos Pães, Jesus já realizou, agora permaneçam
em Cristo.
II - A FESTA DOS PÃES ASMOS REALIZAVA EM SOMBRA
AQUILO QUE JESUS FEZ EM NÓS.
A Festa dos Pães Asmos de forma imediata era para a
limpeza geral e purificação do Egito. O Israel da Antiga Aliança precisava ser
lembrado, por meio da remoção anual do fermento, que havia sido liberto do
Egito. Mas esta festa era apenas uma lembrança do passado e uma sombra do
futuro. Ela não tinha o poder de santificar e de purificar. Por isso,
apontava para uma festa superior. Uma remoção de fermento mais eficaz. Ela
apontava para a obra de Deus em favor de seu povo. Somente um novo coração,
colocado por Deus dentro deles seria a solução. Somente se Deus gravasse a Lei
dentro deste novo coração, seria possível a purificação que a Festa propunha.
Foi isto que Deus fez. Ezequiel 36 - 26
Dar-vos-ei coração novo e porei dentro de vós espírito novo; tirarei de vós o
coração de pedra e vos darei coração de carne. 27
Porei dentro de vós o meu Espírito e farei que andeis nos meus estatutos,
guardeis os meus juízos e os observeis.
Jeremias 31 - 33
Porque esta é a aliança que firmarei com a casa de Israel, depois daqueles
dias, diz o SENHOR: Na mente, lhes imprimirei as minhas leis, também no coração
lhas inscreverei; eu serei o seu Deus, e eles serão o meu povo.
A realidade da santificação não se concretizaria
por meio dos esforços de um povo, mesmo que ele fosse conduzidos por
reis-sacerdotes-profetas. Não se realizaria mesmo que cada um seguisse a sua
consciência. Não é este o ensino bíblico.
Mais uma vez precisamos invocar a questão da
proibição das obras servis, e a obrigação de oferecer o sacrifício. Isto nos
oferece uma bela representação da santidade que Deus procura na vida dos seus
redimidos. É baseada no sacrifício e sobre intimamente ligada com a
aceitação do sacrifício de Cristo. “Nenhuma obra servil fareis...mas
oferecereis oferta queimada ao Senhor.” Que contraste”! A obra servil das mãos
do ser humano e o sacrifício oferecido. Um não é aceito, o outro é
necessário. A santificação do povo de Deus não é labor servil, não
é fruto de obras humanas. É a viva manifestação de Cristo neles por meio do
Espírito Santo.
A santificação só se
cumpriria por meio de Jesus Cristo, como Paulo expressa de maneira simples e
direta em 1 Coríntios 1.30 - Mas vós sois dele, em Cristo Jesus, o qual
se nos tornou, da parte de Deus, sabedoria, e justiça, e santificação, e
redenção, 31 para que, como está
escrito: Aquele que se gloria, glorie-se no Senhor.
É necessário ponderar seriamente o contraste entre
obra servil e a oferta necessária. Um aponta para as obras humanas, a outra
para a vida de Cristo. O tipo é admirável.
Cessava todo o trabalho na assembleia; mas a fumaça
subia. Assim era a Festa dos Pães Asmos. Cessava o labor humano e subia a
fumaça do sacrifício com tipo da santificação e santidade do crente. Temos dois
tipos que se opõem à doutrina da graça.
O legalista que pensa que as obras morais são a
causa da salvação. Que o cumprimento da Lei e de leis são condições de salvação
O Antinomista que pensa que o salvo não necessita
da Lei de Deus para nada e que ela não vale mais.
O legalista é silenciado pelas palavras - “nenhuma
servil fareis.”
O segundo é confundido pela palavras - “Oferecereis
oferta ao Senhor.”
Durante a vida do crente não poder haver nenhuma
obra servil para ganhar a salvação. Nada que tenha os elementos degradantes e
odiosos do legalismo.
Deve haver somente a apresentação contínua da vida
de Cristo, operada e desenvolvida pelo poder do Espírito Santo.
Esta é a realidade. Não somos ainda glorificados.
Ainda cometemos pecados. Alguns grosseiros até. Mas já somos santificados.
Apesar de ainda não termos conseguido remover todo o fermento do pecado de
nossa vida aqui. Mesmo que você ainda lute contra algum pecado. Quem sabe o seu
seja a avareza, o temperamento irascível, a fofoca, o álcool, a tentação
sexual, o homossexualismo. Quem sabe seja algo que o envergonhe - se você creu
em Cristo, se está em Cristo - você é santo. Quem sabe você não seja tão
piedoso como o seu irmão, mas você já santo.
Agora alguém pode estar pensando - agora o pastor -
acabou a importância da obediência. Anulou a importância do arrependimento.
Esqueceu da ordem de abandonar o pecado. Desprezou o ensino sobre
renúncia. Não. Não. Não.
Todas estas são doutrinas importantes e essencial
para a vida do salvo - para a vida do salvo - para a vida do salvo - não para
ser salvo - mas do salvo.
Não é a qualidade de nosso arrependimento. Nem a
qualidade de nossa obediência. Nem a qualidade de nossa renúncia que determinam
a nossa santidade. É Cristo e sua obra. Não é a nossa obra servil, mas o
sacrifício. Assim como a nascente se transforma em um riacho, que se transforma
num rio, que espalha vida num deserto árido - o arrependimento, a renúncia, a
luta contra o pecado - é consequência da nascente que vai inundando nossa vida
de obras de santidade.
Se Jesus é nossa santificação, somos santos - se
somos santos, devemos andar em santidade.
Qual a prova de nossa santificação? A nossa
prática, a nossa santidade. O ato de limpar a casa. O hábito de ter a obsessão
por limpeza do coração, da mente e do nosso corpo.
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