O Salmo 1 é um dos mais
conhecidos, citados e comentados. É conhecido como o Salmo dos dois caminhos. O
Salmo mostra a diferença radical entre o justo e o ímpio desde o estilo de vida
até o final, um sendo contemplado com a bem-aventurança eterna e o outro com a
condenação eterna. Não há meio termo. Não há síntese nem convergência, mas
separação. Não são linhas paralelas que se unem no final.
No Salmo destacam-se três
tipos de pessoas:
O Justo – aquele que ama a
Lei de Deus e tem seu prazer nela.
O Ímpio – Aquele que não reconhece a autoridade
divina. Aquele que pensa ser autônomo – vivendo sua própria lei.
O pecador – Aqueles que não
se preocupam nem com a observância, nem em transgredir a lei. São aqueles que
consideram que é debilidade e fraqueza os sentimentos religiosos.
O Escarnecedor – São aqueles
que zombam da leis de Deus e zombam daqueles que amam a Lei de Deus.
- I –
O CAMINHO DA VIDA É ENCONTRADO POR QUEM AMA A LEI DO SENHOR.
VS 1-3 - 1Bem-aventurado o homem
Há pessoas que escolhem
caminhos negativos, a procura da felicidade. Começam por “andar no conselho dos
ímpios” – ou seja aceitando o seu modo de pensar. É uma maneira sutil de
tentação em que a pessoa é atraída pelas ideias bonitas e convidativas e passa
a achá-las naturais e normais. Uma cultura se forma quando as pessoas passam a
pensar como as outras.
Agostinho -
Entrou no conselho dos ímpios, quem de Deus se afastou; deteve-se quem se
deleitou no pecado; sentou-se o obstinado na soberba.
Calvino – poucos
há que se protegem contra as fascinações do pecado.
Todas as pessoas
com a mesma determinação que desejam e correm atrás da felicidade, com a mesma
determinação se entregam a seus pecados.
Os que servem a
Deus devem cuidar o máximo por cultivar aversão ao estilo de vida dos ímpios. O
caminho dos ímpios é seu modo de andar. Assentar-se, designa a obstinação
produzida pelo hábito de uma vida pecaminosa.
Esta vigilância
é oportuna e necessária, porque o caminho do pecado, é gradual. “mesmo que uma
pessoa não tenha ainda contraído todo o aviltamento provindo dos maus exemplos,
no entanto é possível que se assemelhe aos perversos, ao imitar espontaneamente
seus hábitos corruptos.”
É neste ponto que o texto
diz sobre – assentar-se na roda dos escarnecedores – Os escarnecedores são os
piores tipos de pessoas com relação à fé, pois são os que são mais distantes do
arrependimento. Ele não têm temor de Deus. Eles zombam da fé. Eles desafiam a
Deus com palavras, gestos e atitudes deliberadas. Eles sentem prazer nisso.
- II –
O CAMINHO DA FELICIDADE É O PRAZER NA MEDITAÇÃO DA LEI DO SENHOR.
VS 2,3 -
O que faz este
caminho ser marcado pela bem-aventurança é o fator Lei de Deus. Mais
especificamente, o amor pela Lei de Deus. O caminho da bem-aventurança não é
moldado pelo próprio esforço, com moralidade, com uma filosofia de vida, mas é
segundo a Palavra de Deus. - O seu prazer está na lei do Senhor – a prova
deste prazer é o apego à Lei, à Palavra – medita nela de dia e de noite. A
palavra prazer aqui – quer dizer uma satisfação máxima. Aquilo que traz
felicidade. O bem mais desejável da vida. O prazer da alma satisfeita. A
prática de meditar na Palavra dia e noite, de apegar-se à Palavra, molda o
pensamento e a vida. Molda a cultura pessoal em todos os aspectos.
Calvino - O caráter geral da vida humana nada
mais é senão um perene afastar-se da lei de Deus. O amor à lei de Deus é a única maneira de não
nos deixar levar pela impiedade que nos cerca.
O resultado é apresentado na
símile da árvore frutífera. Vida equilibrada, vida definida no termo
“bem-sucedido”. Esta vida, não é a vida próspera no sentido de prosperidade
material apenas – mas no sentido de vida realizada – que cumpre os propósitos
de Deus.
- III –
QUEM VIVE NA IMPIEDADE ESTÁ NO CAMINHO DO JUÍZO.
VS
4,5 -
O caminho dos ímpios é
totalmente o oposto ao do justo. O caminho do ímpio é um caminho debaixo do
juízo de Deus e termina no Juízo. Se o
caminho da vida é de bem-aventurança, o caminho do Juízo é calamidade. A ideia
é um monte de palha de trigo quando atingida por um pé de vento. Esta figura,
mostra que toda a vida do ímpio, é como nada. Palha é aquilo que não tem peso,
que o vento leva.
Calvino – Os
ímpios não desfrutam de bênçãos, porque não conhecem a bênção. Os filhos de
Deus são nutridos com a secretas influências da graça divina, de modo que tudo
quanto lhes sucede é proveitoso para a salvação. Embora os ímpios aparentem
precoce fecundidade, contudo nada produzem que conduza à perfeição.
os perversos não prevalecerão no juízo – não há como escapar do julgamento e no julgamento não há justificação.
Aqueles que foram enfrentar o juízo, não terão como escapar, pois não haverá
argumento, nem defensor - nem os pecadores, na congregação dos justos – a
congregação dos justos é a reunião de todos os salvos. De todos os
justificados, de todos aqueles a quem o substituto, o filho de Deus, o
verdadeiro justo – que é o bem-aventurado por excelência, que não andou no
caminho dos ímpios, não de deteve no caminho dos pecadores, não se assentou na
roda dos escarnecedores, que teve na sua vida os propósitos do Pai realizados.
Aquele que foi bem-sucedido na sua vida-missão. Ele é o defensor dos justos que
formarão a última congregação, a dos glorificados – onde os perversos não
participarão.
- IV – A SEPARAÇÃO DOS CAMINHOS ESTÁ NA ESFERA DA SOBERANIA DO SENHOR.
V. 6 - Pois o Senhor conhece o caminho dos justos,
Por outro lado, o caminho
dos ímpios – perecerá – ou seja, vai ser nada no fim. Vai ser a ruína fatal de
definitiva.
A separação definitiva dos
caminhos será demonstrada no Juízo do Último dia.
É verdade que o
Senhor exerce juízo diariamente, quando faz distinção entre os justos e os
perversos; visto, porém, que isso é feito parcialmente nesta vida, devemos
olhar mais alto se desejamos ver a assembleia dos justos.
Calvino - Visto,
porém, que isso nem sempre se concretiza em relação a todos os homens , no
presente estado, devemos pacientemente esperar o dia da revelação final, quando
Cristo separará as ovelhas dos cabritos.
Os ímpios estão destinados à miséria; pois suas próprias consciências os
condenam em virtude de sua perversidade.
Aqui se demonstra que os
dois caminhos são separados. Para sempre. Sem
síntese. Sem convergência.
Não tenhamos inveja dos
Ímpios – de sua cultura, de sua aparência, de suas liberdades, de suas
felicidades – sem a Lei de Deus como padrão de aprovação – são apenas
aparências que o Juízo vai provar.
Não adotemos a cultura que
se distanciou de Deus como padrão – é triste ver crentes vivendo como ímpios –
adotando seus padrões seja em que nível for.
O Verdadeiro justo é Jesus
que é o retrato deste salmo, é a ele que devemos ter como padrão em tudo – que
ele seja o nosso padrão de cultura, de ação, de pensamento e de vida.
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