Pregado em 23 de dezembro de 2018
DEUS PEDE EXCLUSIVIDADE NA ADORAÇÃO - Levítico 17
1Disse o Senhor a Moisés: 2Fala a Arão, e a seus filhos, e a todos os filhos de Israel e dize-lhes: Isto é o que o Senhor ordenou, dizendo: 3Qualquer homem da casa de Israel que imolar boi, ou cordeiro, ou cabra, no arraial ou fora dele, 4e os não trouxer à porta da tenda da congregação, como oferta ao Senhor diante do seu tabernáculo, a tal homem será imputada a culpa do sangue; derramou sangue, pelo que esse homem será eliminado do seu povo; 5para que os filhos de Israel, trazendo os seus sacrifícios, que imolam em campo aberto, os apresentem ao Senhor, à porta da tenda da congregação, ao sacerdote, e os ofereçam por sacrifícios pacíficos ao Senhor. 6O sacerdote aspergirá o sangue sobre o altar do Senhor, à porta da tenda da congregação, e queimará a gordura de aroma agradável ao Senhor. 7Nunca mais oferecerão os seus sacrifícios aos demônios, com os quais eles se prostituem; isso lhes será por estatuto perpétuo nas suas gerações.8Dize-lhes, pois: Qualquer homem da casa de Israel ou dos estrangeiros que peregrinam entre vós que oferecer holocausto ou sacrifício 9e não o trouxer à porta da tenda da congregação, para oferecê-lo ao Senhor, esse homem será eliminado do seu povo.10Qualquer homem da casa de Israel ou dos estrangeiros que peregrinam entre vós que comer algum sangue, contra ele me voltarei e o eliminarei do seu povo. 11Porque a vida da carne está no sangue. Eu vo-lo tenho dado sobre o altar, para fazer expiação pela vossa alma, porquanto é o sangue que fará expiação em virtude da vida. 12Portanto, tenho dito aos filhos de Israel: nenhuma alma de entre vós comerá sangue, nem o estrangeiro que peregrina entre vós o comerá. 13Qualquer homem dos filhos de Israel ou dos estrangeiros que peregrinam entre vós que caçar animal ou ave que se come derramará o seu sangue e o cobrirá com pó.14Portanto, a vida de toda carne é o seu sangue; por isso, tenho dito aos filhos de Israel: não comereis o sangue de nenhuma carne, porque a vida de toda carne é o seu sangue; qualquer que o comer será eliminado. 15Todo homem, quer natural, quer estrangeiro, que comer o que morre por si ou dilacerado lavará as suas vestes, banhar-se-á em água e será imundo até à tarde; depois, será limpo. 16Mas, se não as lavar, nem banhar o corpo, levará sobre si a sua iniquidade.O sangue deveria ser usado exclusivamente para a expiação.
O
capítulo 17 dá inicio à segunda parte do livro de Levítico que é chamado de “O
Código da Santidade”.
O
Código de Santidade é formado pelos preceitos que indicam os padrões da vida
daqueles que pertencem ao Senhor. Como ele é Deus Santo, a vida dos seus deve
ser moldada por sua santidade e sua santidade é ensinada na sua Lei. Esta
santidade deve ser buscada em todos os aspectos da vida.
O capitulo que lemos dá inicio,
portanto a estas regulamentações. A chave deste capítulo é o verso 11
O
sangue representa a vida que Deus criou, portanto, a vida pertence a Deus –
qualquer vida tanto humana quanto dos animais. O povo foi conclamado a honrar a
Deus por meio de uma reverência especial pelo sangue do animal e principalmente
pela vida humana. A forma que esta reverência seria demonstrada e praticada é
que o sangue deveria ser usado apenas para Deus no sacrifício.
Uma
vez que o sangue representava a vida e apontava para a vida de Jesus que seria
entregue pelo seu povo. Jesus derramou o seu sangue, ou seja entregou sua vida.
Diante disso, vamos usar duas proposições para compreender este capítulo.
I
– O Povo deveria adorar exclusivamente a Deus conforme ordenado por ele mesmo e
outra forma de culto seria idolatria - vs 1-9.
A
maneira mais fundamental pela qual o povo honrava ao Senhor era oferecendo
adoração somente a ele. Este era o principal mandamento. “Eu sou o Senhor, não
terás outros deuses...”
Se
uma pessoa quisesse se alimentar de carne, ela deveria levar o animal ao
tabernáculo para oferecê-lo como oferta pacífica ao Senhor (conforme Levítico
3). A oferta supria carne para o ofertante e para o sacerdote. Conforme vimos
em sermão anterior, a família do ofertante, a família do sacerdote, viúvas e
pobres deveriam ser convidados para comer à mesa com ações de graças. Comer
carne tinha uma conotação de bênção, porque não fazia parte da dieta regular do
israelita. Era um privilégio apenas de pessoas com mais posses.
O
ofertante matava seu animal na tenda da congregação. Se a pessoa não seguisse
estas instruções rituais, seria o mesmo que negar o mandamento do Senhor e com
isso estaria negando a adoração a Deus como criador e senhor de tudo. Fazer uma
oferta em qualquer outro lugar seria considerado um tributo a outro deus. Matar
um animal sem oferecer ao Senhor seria desprezar a bênção de Deus. A penalidade
era o banimento do meio do povo – v.4 – “será eliminado do seu povo.”
Mesmo uma caça deveria seguir este ritual e qualquer resquício de sangue
deveria ser coberto com pó. O abate ilegal da vida do animal, significava o uso
de forma ilícita. A pessoa estaria usando o sangue para seus próprios
propósitos e com isso usurpando o direito de Deus à vida do animal e mais do
que isso, profanando o significado da morte do animal – cujo sangue
derramado significava, tipificava a redenção que seria consumada por Jesus e
sua morte – v.3 a 4
Na
cerimônia da expiação, o sangue, ou seja, a vida do animal seria devolvida a
Deus. Deixar de devolver a Deus p que lhe era devido significava que a pessoa
havia tomado de Deus o controle da vida e era ela mesma culpada daquele sangue
II – O povo deveria honrar a Deus reconhecendo-o
como fonte de todas as bênçãos – vs 10-16
Estes versos do 10 ao 16 trazem a
explicação da proibição do sangue, seu significado para a Antiga Aliança e
lições sobre o valor da vida. Se as pessoas comessem o sangue, isso seria
negar a Deus a oferta do sangue derramado para expiação deles. V.11
O
sangue não é a vida, mas a vida depende do sangue e derramar o sangue,
significava a morte da pessoa ou do animal. O sangue é uma figura de linguagem
apropriada para a vida de uma pessoa ou de um animal.
O
sangue era dado por Deus para perdão dos pecados.
Não
dar o sangue para deus era ficar para si ou oferecer e isso era uma forma de
negação de Deus e idolatria. A idolatria a si mesmo. A afirmação da autonomia.
A idolatria era colocar qualquer coisa no lugar de Deus. Hoje cristãos que
atribuem a si mesmo seus sucessos, não passam de idólatras, adorando a si
mesmos.
O
sangue apontava para a morte de Jesus, que foi o cumprimento deste texto. Era
Deus desenhando para o povo o meio de salvação deles. O sacrifício de Jesus já
valia para eles, mesmo que na história ainda estava por acontecer.
O
sangue de Jesus indica a vida sacrificada do Senhor. A vida de Jesus tem valor
infinito, pois ele é o Filho de Deus. Quando falamos do sangue de Jesus,
estamos falando da morte de Jesus. Não podemos confundir o poder do sangue em
si com a vida impecável que ele representa. O sangue de Jesus era sangue humano
e não possuía nenhuma propriedade ou poder místico. O poder estava no fato de
aquele ser sangue ter sido derramado, da vida sendo dada. Deus deu a vida de
Jesus. Era isso que o sangue em Levítico representava.
Hoje
participamos da Ceia do Senhor que é a memória viva disso tudo. A Ceia nos
lembra a morte de Jesus. Somos participantes da morte de Jesus – por isso,
comemos do pão e bebemos do sangue. Isto significa que participamos de sua
morte. Sua morte foi em nosso benefício. Ao participarmos da Ceia, devemos
valorizar infinitamente o que ela representa, a nossa união com Cristo.
Sobre
a primeira pergunta, Jesus na sua morte cumpriu o que o sangue era símbolo. O
sangue já foi oferecido e não precisamos e nem devemos mais oferecer sangue
algum para Deus. Se antes era idolatria não oferecer, hoje é idolatria
oferecer. Jesus foi a morte que pagou nossos pecados.
Sobre
a segunda a pergunta, a vida humana e dos animais continua sendo de Deus e os
cristãos são chamados a cuidar da natureza como criação de Deus. Infelizmente,
as pessoas pensam influenciados pela ideologia que amam. De um lado, alguns
divinizam a vida dos animais e são contra qualquer morte de animais até para
alimentação, isso é ideologia pagã. Do outro lado, outros não veem qualquer
valor na vida dos animais e isso também é ideologia pagã.
O
cristão não deve envolver-se com a morte indiscriminada de animais,
tomando-lhes a vida de forma bruta e livrando-se deles de maneira impiedosa.
Esse tratamento da vida, seja humana ou animal, desumaniza o ser humano.
Precisamos cuidar da ordem criada.
Por
fim, nosso texto aponta para a sacralidade da vida humana e isso aponta para o
dom supremo de Deus, seu Filho Jesus Cristo, que entregou sua vida. Ela não foi
tirada por força humana, mas foi entregue por Deus em nosso favor. Por Deus
mesmo o ressuscitou.
Na
cruz Deus nos chamou a adoração exclusiva. Na ressurreição de Cristo somos
chamados a participar da vida futura, que antecipamos vivendo para a glória de
Deus enquanto estivermos aqui.
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