terça-feira, 26 de abril de 2022

Primeiro sermão na Pandemia - Salmos 90 - O Ser humano diante da Ira e da Misericórdia de Deus.

                      
Primeiro Sermão da Pandemia - pregado em 29 de março de 2020


                                                   Vídeo no youtube.


O SER HUMANO ALVO DA IRA E DA MISERICÓRDIA DE DEUS.

Salmos 90

1Senhor, tu tens sido o nosso refúgio,
de geração em geração.
2Antes que os montes nascessem
e se formassem a terra e o mundo,
de eternidade a eternidade, tu és Deus.
3Tu reduzes o homem ao pó
e dizes: Tornai, filhos dos homens.
4Pois mil anos, aos teus olhos,
são como o dia de ontem que se foi
e como a vigília da noite.
5Tu os arrastas na torrente, são como um sono,
como a relva que floresce de madrugada;
6de madrugada, viceja e floresce;
à tarde, murcha e seca.
7Pois somos consumidos pela tua ira
e pelo teu furor, conturbados.
8Diante de ti puseste as nossas iniquidades
e, sob a luz do teu rosto, os nossos pecados ocultos.
9Pois todos os nossos dias se passam na tua ira;
acabam-se os nossos anos como um breve pensamento.
10Os dias da nossa vida sobem a setenta anos
ou, em havendo vigor, a oitenta;
neste caso, o melhor deles é canseira e enfado,
porque tudo passa rapidamente, e nós voamos.
11Quem conhece o poder da tua ira?
E a tua cólera, segundo o temor que te é devido?
12Ensina-nos a contar os nossos dias,
para que alcancemos coração sábio.
13Volta-te, Senhor! Até quando?
Tem compaixão dos teus servos.
14Sacia-nos de manhã com a tua benignidade,
para que cantemos de júbilo
e nos alegremos todos os nossos dias.
15Alegra-nos por tantos dias quantos nos tens afligido,
por tantos anos quantos suportamos a adversidade.
16Aos teus servos apareçam as tuas obras,
e a seus filhos, a tua glória.
17Seja sobre nós a graça do Senhor, nosso Deus;
confirma sobre nós as obras das nossas mãos,
sim, confirma a obra das nossas mãos.

 Este salmo expõe a perplexidade do ser humano quando pensa na grandeza de Deus diante de sua transitoriedade e insuficiência.

Neste salmo um homem amadurecido, experiente, com a idade já mais avançada, faz um inventário da vida humana, a partir da sua própria vida e compara a si mesmo, o ser seu finito comparados com a eternidade de Deus.

Ele então, entende que a única via para não negar o valor da vida, é reconhecer a grandeza de Deus, e que a vida pertence a Deus e só tem sentido com ele. Ele da noção de Deus como criador, o grande Deus criador de tudo, e chega à dimensão divina onde ele cuida pessoalmente do ser humano necessitado.  O salmo inicia com o louvor a Deus como criador (vs 1,2). Em seguida ele faz um contraste entre a eternidade de Deus e a transitoriedade do ser humano (vs 2.6). Na sequência, ele traz a oposição entre a vontade humana e a vontade divina (vs 7-12) e finalmente, ele traz um elogio da alma à graça e misericórdia divina.

I – O SENHOR É CRIADOR E PROTETOR  - v. 1 SENHOR, tu tens sido o nosso refúgio, de geração em geração. 2 Antes que os montes nascessem, ou que tu formasses a terra e o mundo, sim, de eternidade a eternidade, tu és Deus.  

 Nestes dois primeiros versos temos a síntese de como o povo do Antigo Testamento via a Deus. Como um Deus eterno, mas pessoal. O Deus majestoso, mas que cuida dos necessitados, aflitos que nele buscam refúgio. Ele é o Senhor, o Eterno, o grande, o criador de todas as coisas – mas que abriga aquele que o procura e o tem como Deus.

Este é o chão firme sob os pés, quando o ser humano na sua infinitude necessidade de defronta com a transitoriedade da vida.  Sem esta fé na existência de Deus. Sem esta pessoalidade de Deus, o ser humano não encontraria em Deus aquilo que este salmo encontra – que somos, pertencemos a ele para o obedecer, mas também para dele desfrutar.

II – O SENHOR É ETERNO, O SER HUMANO É TRANSITÓRIO – VS 3-6 / 3 Tu reduzes o homem à destruição; e dizes: Volvei, filhos dos homens. 4 Porque mil anos são aos teus olhos como o dia de ontem que passou, e como a vigília da noite.5 Tu os levas como corrente de água; são como um sono; são como a erva que cresce de madrugada; 6 de madrugada, cresce e floresce; à tarde, corta-se e seca.

No verso 3 quando diz -  reduzes o homem à destruição é – reduzes o homem ao pó. É Deus quem o cria, e é ele quem o reduz ao pó. Por isso a pergunta, quem é o homem diante da grandeza de Deus. Só resta reconhecê-lo como Deus. Por isso, o apelo -  volvei, filhos dos homens – voltem-se para ele.

No verso 4 temos a soberania sobre o tempo, pois tudo o que é humano é pequeno. Mil anos são aos teus olhos como o dia de ontem que passou, e como a vigília da noite. Tal fato humilha o orgulho humano, os projetos humanos, pois qualquer projeto ou projeção humana não passam de um pequeno detalhe diante da eternidade.

O verso 5 e o 6 mostra a realidade definitiva de como as coisas são se vistas apenas do ponto de vista humanos.

 5 Tu os levas como corrente de água; são como um sono; são como a erva que cresce de madrugada; 6 de madrugada, cresce e floresce; à tarde, corta-se e seca.

Mas vistos do ponto de vista divinos dá pra ver as verdadeiras realidades da vida. Se a vida fosse vista desta perspectiva, valorizaríamos o que realmente tem valor. Daríamos valor aquilo que realmente traz virtudes em si.

III – O SER HUMANO É PECADOR E O PECADO ATRAI A IRA DE DEUS - VS 7-12

7 Pois somos consumidos pela tua ira e pelo teu furor somos angustiados. 8 Diante de ti puseste as nossas iniquidades; os nossos pecados ocultos, à luz do teu rosto.9 Pois todos os nossos dias vão passando na tua indignação; acabam-se os nossos anos como um conto ligeiro. 10 A duração da nossa vida é de setenta anos, e se alguns, pela sua robustez, chegam a oitenta anos, o melhor deles é canseira e enfado, pois passa rapidamente, e nós voamos. 11 Quem conhece o poder da tua ira? E a tua cólera, segundo o temor que te é devido? 12 Ensina-nos a contar os nossos dias, de tal maneira que alcancemos coração sábio.

Os versos 7 e 8 – demonstram que todos os problemas do ser humano é devido ao pecado -  Pois somos consumidos pela tua ira e pelo teu furor somos angustiados. O ser humano é um pecador, e isso já foi declarado anteriormente. A transitoriedade do ser humano é devido à sua própria natureza, ele é um pecador. Ele pecou contra Deus. O pecado é a causa das  angústias do ser humano.

Os versos 9 e 10 mostram como a vida seria desesperadora analisada apenas em si mesmo a e a partir de si mesma. 9 Pois todos os nossos dias vão passando na tua indignação; acabam-se os nossos anos como um conto ligeiro. 10 A duração da nossa vida é de setenta anos, e se alguns, pela sua robustez, chegam a oitenta anos, o melhor deles é canseira e enfado, pois passa rapidamente, e nós voamos.

Por isso, necessitamos ver a vida não como apenas passageira. Não apenas como aqui e agora – mas com a esperança da eternidade. Os versos 11 e 12 – nos ensinam que somente por meio da Palavra de Deus, entendemos que Deus é favorável a nós - 11 Quem conhece o poder da tua ira? E a tua cólera, segundo o temor que te é devido? 12 Ensina-nos a contar os nossos dias, de tal maneira que alcancemos coração sábio.

A partir da ressurreição do Senhor Jesus temos esta perspectiva, esta esperança, esta alegria em viver na presença de Deus.

 IV -  O DEUS DA IRA É O DEUS DA GRAÇA E DA MISERICÓRDIA VS 13 – 17 / 13 Volta-te para nós, SENHOR; até quando? E aplaca-te para com os teus servos. 14 Sacia-nos de madrugada com a tua benignidade, para que nos regozijemos e nos alegremos todos os nossos dias. 15 Alegra-nos pelos dias em que nos afligiste, e pelos anos em que vimos o mal. 16 Apareça a tua obra aos teus servos, e a tua glória, sobre seus filhos. 17 E seja sobre nós a graça do Senhor, nosso Deus; e confirma sobre nós a obra das nossas mãos; sim, confirma a obra das nossas mãos.

Este apelo – volta-te para nós – é a transformação da ira em misericórdia. O Deus da ira é o Deus da misericórdia.

O verso 13 é a invocação da misericórdia de Deus e uma afirmação de que não podemos dar conta nós mesmos de nossa vida. Somos inteiramente necessitados do Senhor.

O verso 14 é uma afirmação de que necessitamos da graça de Deus para tudo. A graça de Deus se constitui o apoio, o conteúdo e o que dá sentido à vida.

Irmãos, o apelo – sacia-nos de madrugada – significa que cada dia começa de novo -  as misericórdias e a fidelidade de Deus – renovam-se a cada manhã e renovam-nos a cada manhã.

O verso 15  - Alegra-nos pelos dias em que nos afligiste, e pelos anos em que vimos o mal. Nos mostra que o perdão de nossos pecados nos devolvem a alegria plena. O juízo é superado pela graça e pela misericórdia.

Nos versos 16 e 17 nos traz uma luz sobre a verdade de que a graça de Deus confere conteúdo e sentido à obra humana.  Vendo a vida sob a  luz da Palavra, o que é passageiro,  ganha durabilidade pois é feito para a glória de Deus. O que é pobre ganha o valor divino. O que era absurdo converte-se em algo com significado. O que estava perdido, não fica na perdição. O que estava sob juízo agora é justificado.

E precisamos entender estes dois atributos divinos – Ira e misericórdia.

Onde a ira e a misericórdia de Deus atuam? No ser humano pecador.

Onde a ira e a misericórdia de Deus forma demonstradas? Na cruz de Cristo.

Jesus foi alvo da ira de Deus – pois na cruz ele foi julgado em nosso lugar.

Mas foi na cruz que a misericórdia de Deu transbordou para os pecadores.

 

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