Este salmo expõe a perplexidade do ser humano quando pensa na grandeza de Deus diante de sua transitoriedade e insuficiência.
Neste salmo um homem amadurecido, experiente, com a
idade já mais avançada, faz um inventário da vida humana, a partir da sua
própria vida e compara a si mesmo, o ser seu finito comparados com a eternidade
de Deus.
Ele então, entende que a única via para não negar o
valor da vida, é reconhecer a grandeza de Deus, e que a vida pertence a Deus e
só tem sentido com ele. Ele da noção de Deus como criador, o grande Deus
criador de tudo, e chega à dimensão divina onde ele cuida pessoalmente do ser
humano necessitado. O salmo inicia com o
louvor a Deus como criador (vs 1,2). Em seguida ele faz um contraste entre a eternidade
de Deus e a transitoriedade do ser humano (vs 2.6). Na sequência, ele traz a oposição
entre a vontade humana e a vontade divina (vs 7-12) e finalmente, ele traz um
elogio da alma à graça e misericórdia divina.
I – O SENHOR É CRIADOR E PROTETOR - v. 1 SENHOR, tu tens sido o nosso refúgio, de geração em geração. 2 Antes que os montes nascessem, ou que tu formasses a terra e o mundo, sim, de eternidade a eternidade, tu és Deus.
Nestes dois primeiros versos temos a síntese de como o povo do Antigo Testamento via a Deus. Como um Deus eterno, mas pessoal. O Deus majestoso, mas que cuida dos necessitados, aflitos que nele buscam refúgio. Ele é o Senhor, o Eterno, o grande, o criador de todas as coisas – mas que abriga aquele que o procura e o tem como Deus.
Este é o chão firme sob os pés, quando o ser humano na
sua infinitude necessidade de defronta com a transitoriedade da vida. Sem esta fé na existência de Deus. Sem esta
pessoalidade de Deus, o ser humano não encontraria em Deus aquilo que este
salmo encontra – que somos, pertencemos a ele para o obedecer, mas também para
dele desfrutar.
II – O SENHOR É ETERNO, O SER HUMANO É TRANSITÓRIO – VS 3-6 / 3 Tu reduzes o homem à destruição; e dizes: Volvei, filhos dos homens. 4 Porque mil anos são aos teus olhos como o dia de ontem que passou, e como a vigília da noite.5 Tu os levas como corrente de água; são como um sono; são como a erva que cresce de madrugada; 6 de madrugada, cresce e floresce; à tarde, corta-se e seca.
No verso 3 quando diz - reduzes o homem à destruição é – reduzes o
homem ao pó. É Deus quem o cria, e é ele quem o reduz ao pó. Por isso a
pergunta, quem é o homem diante da grandeza de Deus. Só resta reconhecê-lo como
Deus. Por isso, o apelo - volvei, filhos
dos homens – voltem-se para ele.
No verso 4 temos a soberania sobre o tempo, pois tudo
o que é humano é pequeno. Mil anos são aos teus olhos como o dia de ontem que
passou, e como a vigília da noite. Tal fato humilha o orgulho humano, os
projetos humanos, pois qualquer projeto ou projeção humana não passam de um
pequeno detalhe diante da eternidade.
O verso 5 e o 6 mostra a realidade definitiva de como
as coisas são se vistas apenas do ponto de vista humanos.
5 Tu os levas
como corrente de água; são como um sono; são como a erva que cresce de
madrugada; 6 de madrugada, cresce e floresce; à tarde, corta-se e seca.
Mas vistos do ponto de vista divinos dá pra ver as
verdadeiras realidades da vida. Se a vida fosse vista desta perspectiva,
valorizaríamos o que realmente tem valor. Daríamos valor aquilo que realmente
traz virtudes em si.
III – O SER HUMANO É PECADOR E O PECADO ATRAI A IRA DE
DEUS - VS 7-12
7 Pois somos consumidos pela tua ira e pelo teu furor somos angustiados. 8 Diante de ti puseste as nossas iniquidades; os nossos pecados ocultos, à luz do teu rosto.9 Pois todos os nossos dias vão passando na tua indignação; acabam-se os nossos anos como um conto ligeiro. 10 A duração da nossa vida é de setenta anos, e se alguns, pela sua robustez, chegam a oitenta anos, o melhor deles é canseira e enfado, pois passa rapidamente, e nós voamos. 11 Quem conhece o poder da tua ira? E a tua cólera, segundo o temor que te é devido? 12 Ensina-nos a contar os nossos dias, de tal maneira que alcancemos coração sábio.
Os versos 7 e 8 – demonstram que todos os problemas do
ser humano é devido ao pecado - Pois somos consumidos pela tua ira e pelo
teu furor somos angustiados. O ser humano é um pecador, e isso já foi
declarado anteriormente. A transitoriedade do ser humano é devido à sua própria
natureza, ele é um pecador. Ele pecou contra Deus. O pecado é a causa das angústias do ser humano.
Os versos 9 e 10 mostram como a vida seria
desesperadora analisada apenas em si mesmo a e a partir de si mesma. 9 Pois todos os nossos dias vão passando na
tua indignação; acabam-se os nossos anos como um conto ligeiro. 10 A duração da
nossa vida é de setenta anos, e se alguns, pela sua robustez, chegam a oitenta
anos, o melhor deles é canseira e enfado, pois passa rapidamente, e nós voamos.
Por isso, necessitamos ver a vida não como apenas
passageira. Não apenas como aqui e agora – mas com a esperança da eternidade.
Os versos 11 e 12 – nos ensinam que somente por meio da Palavra de Deus,
entendemos que Deus é favorável a nós - 11
Quem conhece o poder da tua ira? E a tua cólera, segundo o temor que te é
devido? 12 Ensina-nos a contar os nossos dias, de tal maneira que alcancemos
coração sábio.
A partir da ressurreição do Senhor Jesus temos esta
perspectiva, esta esperança, esta alegria em viver na presença de Deus.
IV - O DEUS DA IRA É O DEUS DA GRAÇA E DA MISERICÓRDIA VS 13 – 17 / 13 Volta-te para nós, SENHOR; até quando? E aplaca-te para com os teus servos. 14 Sacia-nos de madrugada com a tua benignidade, para que nos regozijemos e nos alegremos todos os nossos dias. 15 Alegra-nos pelos dias em que nos afligiste, e pelos anos em que vimos o mal. 16 Apareça a tua obra aos teus servos, e a tua glória, sobre seus filhos. 17 E seja sobre nós a graça do Senhor, nosso Deus; e confirma sobre nós a obra das nossas mãos; sim, confirma a obra das nossas mãos.
Este apelo – volta-te para nós – é a transformação da
ira em misericórdia. O Deus da ira é o Deus da misericórdia.
O verso 13 é a invocação da misericórdia de Deus e uma
afirmação de que não podemos dar conta nós mesmos de nossa vida. Somos
inteiramente necessitados do Senhor.
O verso 14 é uma afirmação de que necessitamos da
graça de Deus para tudo. A graça de Deus se constitui o apoio, o conteúdo e o
que dá sentido à vida.
Irmãos, o apelo – sacia-nos de madrugada – significa
que cada dia começa de novo - as
misericórdias e a fidelidade de Deus – renovam-se a cada manhã e renovam-nos a
cada manhã.
O verso 15 - Alegra-nos pelos dias em que nos
afligiste, e pelos anos em que vimos o mal. Nos mostra que o perdão de
nossos pecados nos devolvem a alegria plena. O juízo é superado pela graça e
pela misericórdia.
Nos versos 16 e 17 nos traz uma luz sobre a verdade de
que a graça de Deus confere conteúdo e sentido à obra humana. Vendo a vida sob a luz da Palavra, o que é passageiro, ganha durabilidade pois é feito para a glória
de Deus. O que é pobre ganha o valor divino. O que era absurdo converte-se em
algo com significado. O que estava perdido, não fica na perdição. O que estava
sob juízo agora é justificado.
E precisamos entender estes dois atributos divinos –
Ira e misericórdia.
Onde a ira e a misericórdia de Deus atuam? No ser
humano pecador.
Onde a ira e a misericórdia de Deus forma
demonstradas? Na cruz de Cristo.
Jesus foi alvo da ira de Deus – pois na cruz ele foi
julgado em nosso lugar.
Mas foi na cruz que a misericórdia de Deu transbordou
para os pecadores.
Nenhum comentário:
Postar um comentário