Pregado em 06 de maio de 2018 - Na Capela Missional - Igreja Cristã de Confissão Reformada em Porto Alegre.
PERGUNTA 96. O que é a Ceia
do Senhor?
R. A Ceia do Senhor é o
sacramento no qual, dando-se e recebendo-se pão e vinho, conforme a instituição
de Cristo, se anuncia a sua morte, e aqueles que participam dignamente
tornam-se, não de uma maneira corporal e carnal, mas pela fé, participantes do
seu corpo e do seu sangue, com todas as suas bênçãos para o seu alimento
espiritual e crescimento em graça.
PERGUNTA 97. Que se exige
para participar dignamente da Ceia do Senhor?
R. Exige-se daqueles que
desejam participar dignamente da Ceia do Senhor que se examine sobre o seu
conhecimento em discernir o corpo do Senhor, sobre a sua fé para se alimentarem
dele, sobre o seu arrependimento, amor e nova obediência; para não suceder que,
vindo indignamente, comam e bebam para si a condenação.
O SEGUNDO
SACRAMENTO – A CEIA DO SENHOR
1Coríntios
11.23-34
23 Porque eu recebi do Senhor o que também vos entreguei: que o Senhor Jesus, na noite em que foi traído, tomou o pão; 24 e, tendo dado graças, o partiu e disse: Isto é o meu corpo, que é dado por vós; fazei isto em memória de mim. 25 Por semelhante modo, depois de haver ceado, tomou também o cálice, dizendo: Este cálice é a nova aliança no meu sangue; fazei isto, todas as vezes que o beberdes, em memória de mim. 26 Porque, todas as vezes que comerdes este pão e beberdes o cálice, anunciais a morte do Senhor, até que ele venha. 27 Por isso, aquele que comer o pão ou beber o cálice do Senhor, indignamente, será réu do corpo e do sangue do Senhor. 28 Examine-se, pois, o homem a si mesmo, e, assim, coma do pão, e beba do cálice; 29 pois quem come e bebe sem discernir o corpo, come e bebe juízo para si. 30 Eis a razão por que há entre vós muitos fracos e doentes e não poucos que dormem.
31 Porque, se nos julgássemos a nós mesmos, não seríamos julgados. 32 Mas, quando julgados, somos disciplinados pelo Senhor, para não sermos condenados com o mundo. 33 Assim, pois, irmãos meus, quando vos reunis para comer, esperai uns pelos outros. 34 Se alguém tem fome, coma em casa, a fim de não vos reunirdes para juízo. Quanto às demais coisas, eu as ordenarei quando for ter convosco.
Ao participarmos da
Ceia do Senhor, participamos da obra de Cristo na Cruz e recebemos os seus
benefícios.
A Santa Ceia, foi instituída
pelo próprio Senhor, por isso chamamos de “Ceia do Senhor”. É a mesa de
comunhão dos santos.
Assim
como o batismo tem sua origem na circuncisão, a Ceia tem sua origem doutrinária
e cerimonial na Páscoa.
A
ceia é um memorial, porque é uma cerimônia de lembrança de sua morte. Quando
participamos da Ceia, estamos confessando nossa fé na morte de Cristo.
Confessamos nossa fé na sua ressurreição e também manifestamos nossa fé na sua
vinda futura.
A
ceia não é a transformação dos elementos no corpo e no sangue de Cristo. O pão
não se transforma no corpo do Senhor e o vinho não se transforma no sangue do
Senhor. Transubstanciação.
Na
ceia o Senhor não se faz presente no pão e no vinho – consubstanciação.
A
Ceia também não é apenas uma cerimônia de lembrança – um memorial – da morte do
Senhor. Mas o Senhor está presente espiritualmente na Ceia nos comunicando as
bênçãos adquiridas por sua obra na Cruz.
Ao
participarmos da Ceia, participamos de sua obra e recebemos os benefícios de
tudo o que ele conquistou na Cruz. Recebemos todas as bênçãos da salvação. Por
isso, a Ceia é um meio de graça onde somos abençoados ao participarmos dela.
Os Coríntios estavam
participando desta mesa sem discernimento. Veja os versos anteriores em 11.17 – 22 - não vos
louvo, porquanto vos ajuntais não para melhor, e sim para pior. 18 Porque,
antes de tudo, estou informado haver divisões entre vós quando vos reunis na
igreja; e eu, em parte, o creio. 19 Porque até mesmo importa que haja
partidos entre vós, para que também os aprovados se tornem conhecidos em vosso
meio. 20 Quando, pois, vos reunis no mesmo lugar, não é a ceia do Senhor
que comeis. 21 Porque, ao comerdes, cada um toma, antecipadamente, a sua
própria ceia; e há quem tenha fome, ao passo que há também quem se embriague.
22 Não tendes, porventura, casas onde comer e beber? Ou menosprezais a
igreja de Deus e envergonhais os que nada têm? Que vos direi? Louvar-vos-ei?
Nisto, certamente, não vos louvo.
Não
havia comunhão. Não havia unidade. Havia egoísmo. Não havia temor e mínima
formalidade. Havia até quem ficasse bêbado. Havia um total desprezo pela
igreja, pela ordem e pela reverência. Eles não estavam “discernindo” o corpo do
Senhor. Eles não estavam dando a importância, a seriedade, a reverência e não estavam santificando a mesa do Senhor.
O
apóstolo então, dentro deste cenário triste e vergonhoso, transmite solenemente
suas instruções.
I - O SIGNIFICADO DA CEIA DO SENHOR – VS 23 a 26
1 - A morte do Senhor é representada e
comunicada no sacramento – VS 23 e 24 Porque
eu recebi do Senhor o que também vos entreguei: que o Senhor Jesus, na noite em
que foi traído, tomou o pão; 24 e, tendo dado graças, o partiu e disse:
Isto é o meu corpo, que é dado por vós; fazei isto em memória de mim.
Isto
é o meu corpo – nos mostra que a Ceia é mais do que um memorial. É uma
cerimônia que nos torna participantes do corpo do Senhor. Isto é, nos faz
participantes de sua morte. O corpo e o
sangue do Senhor são recebidos de uma maneira espiritual.
Façam
isso em memória de mim – Aqui está a importância declarada da cerimônia. Uma
ordenança. É uma ordem sagrada. É preciso participar da Ceia. É mais do que uma
recordação, é um memorial sagrado. A participação na Ceia nos traz a presença
do Senhor. É pecado não participar da Ceia. A santa ceia é uma recordação da
sua obra e uma comunhão com ele ao mesmo tempo.
2 – O pacto da graça é declarado e
renovado no sacramento – VS 25 e 26 - 25 Por semelhante modo, depois de
haver ceado, tomou também o cálice, dizendo: Este cálice é a nova aliança no
meu sangue; fazei isto, todas as vezes que o beberdes, em memória de mim.
26 Porque, todas as vezes que comerdes este pão e beberdes o cálice,
anunciais a morte do Senhor, até que ele venha.
Assim
como ele diz – Isto é o meu corpo – Ele afirma – Este cálice é a nova aliança
no meu sangue.
A
ceia é a celebração do pacto da graça. A Nova Aliança é testificada e
representada na Ceia. A morte do Senhor na cruz, estabeleceu a Nova Aliança,
onde a graça de Deus justifica o pecador por meio do substituo na cruz. O
cristão celebra a morte do Senhor por meio da Ceia até sua vinda. É o
cerimonial cristão que celebra o pacto com o Senhor.
II - A MANEIRA APROPRIADA DE PARTICIPAR DA
CEIA DO SENHOR – VS 27 a 34
1 – A ceia do Senhor exige comportamento
adequado para participar dela. Vs 27 e 29
27 Por
isso, aquele que comer o pão ou beber o cálice do Senhor, indignamente, será
réu do corpo e do sangue do Senhor. 28 Examine-se, pois, o homem a si
mesmo, e, assim, coma do pão, e beba do cálice; 29 pois quem come e bebe
sem discernir o corpo, come e bebe juízo para si.
Não
podemos entender que podemos nos tornar dignos de participarmos da ceia por
algum degrau de santidade. Não é isso que o texto está comunicando.
A
igreja de Corinto não discernia, não dava a importância correta. Não faziam o
cerimonial, nem participavam com temor e reverência.
2
– A Ceia do Senhor é uma ordenança que deve nos levar à um comportamento
santificado na vida.
Vs 30-34 - Eis a razão por que há entre
vós muitos fracos e doentes e não poucos que dormem. 31 Porque, se nos
julgássemos a nós mesmos, não seríamos julgados. 32 Mas, quando julgados,
somos disciplinados pelo Senhor, para não sermos condenados com o mundo.
33 Assim, pois, irmãos meus, quando vos reunis para comer, esperai uns
pelos outros. 34 Se alguém tem fome, coma em casa, a fim de não vos
reunirdes para juízo. Quanto às demais coisas, eu as ordenarei quando for ter
convosco.
Uma
igreja que não leva a serio aquilo que o Senhor ordena, gera crentes fracos e
doentes. Uma igreja que não leva à serio sua missão, é uma igreja fraca de
crentes fracos. De crentes que aos
poucos passam à relativizar tudo. Quem relativiza o culto, onde o Senhor se faz
se presente para comunicar graça ao seu povo – é porque relativiza todo o resto
da vida.
Portanto,
meus irmãos a participação da Ceia é um imperativo na vida – pois é um meio de
graça. Assim como toda a casa participa da Aliança e recebe seus benefícios,
toda a casa deve participar da Ceia. A Ceia é o memorial da Nova Aliança que
comunica graça ao povo da Aliança.
As
crianças devem participar da ceia. Os filhos dos cristãos são possuidores do Reino dos
Céus, portanto, membros da Igreja de Cristo. Eles devem ser criados
distinguidos dos filhos dos ímpios.. Os filhos dos cristãos são batizados, para
dar significado e selar o seu real relacionamento com Jesus Cristo, como as
crianças eram circuncidadas na Antiga Aliança. Se são batizados em Cristo
possuem todos os direitos da herança da Nova
Aliança e são, por isso, incluídos em todos os privilégios da Aliança.
O sacramento da Ceia do Senhor é um privilégio
aos pertencem ao Corpo de Cristo.
Sacramentos são sinais e selos que descrevem realidades espirituais, e não devem
ser separados dessa realidade.
A mesa do Senhor, o pão e o corpo são
partes da mesma realidade. Somente os excluídos da igreja podem ser impedidos
de participar da Ceia.
As crianças são advertidas também
dentre de suas realidades e idades sobre o comportamento correto na Ceia. Os
sacramentos da Antiga Aliança admitiam a participação de crianças.
Êxodo 12.26 -
“Quando vossos filhos vos
perguntarem: Que rito é este? Respondereis: É o sacrifício da Páscoa ao SENHOR,
que passou por cima das casas dos filhos de Israel no Egito, quando feriu os
egípcios e livrou as nossas casas. Então, o povo se inclinou e adorou.”
Quando Paulo transmite a necessidade
do autoexame seu objetivo é prevenir os
cristãos de não participarem da Mesa do Senhor de forma como a mencionada em
relação aos coríntios. Negar a Mesa do Senhor para os filhos da aliança,
portanto, é uma prática que exclui nossos filhos do melhor da aliança. Divide as crianças dos membros “maduros” e
implicitamente faz das crianças cidadãos de segunda classe no Reino de Deus.
Não apenas as crianças, mas todos os incapazes.
Parece obvio que assim como as
crianças participavam da ceia da páscoa, A igreja primitiva permitia a Ceia do
Senhor para os filhos dos cristãos. Esta descontinuação das práticas primitivas
foi um erro e deve ser abandonada pelas igrejas biblicamente reformadas.
É um dever
imperativo, que o cristão não pode negligenciar a participação da Ceia do
Senhor.
É um privilégio de
cada cristão participar da Ceia.
A não participação
da Ceia é uma autoexclusão dos benefícios que ela traz.
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