segunda-feira, 3 de dezembro de 2018

Sermão sobre a Ceia do Senhor - Exposição do Breve Catecismo - Perguntas 96 e 97


Pregado em 06 de maio de 2018 - Na Capela Missional - Igreja Cristã de Confissão Reformada em Porto Alegre.





PERGUNTA 96. O que é a Ceia do Senhor?
R. A Ceia do Senhor é o sacramento no qual, dando-se e recebendo-se pão e vinho, conforme a instituição de Cristo, se anuncia a sua morte, e aqueles que participam dignamente tornam-se, não de uma maneira corporal e carnal, mas pela fé, participantes do seu corpo e do seu sangue, com todas as suas bênçãos para o seu alimento espiritual e crescimento em graça.
PERGUNTA 97. Que se exige para participar dignamente da Ceia do Senhor?
R. Exige-se daqueles que desejam participar dignamente da Ceia do Senhor que se examine sobre o seu conhecimento em discernir o corpo do Senhor, sobre a sua fé para se alimentarem dele, sobre o seu arrependimento, amor e nova obediência; para não suceder que, vindo indignamente, comam e bebam para si a condenação.

O SEGUNDO SACRAMENTO – A CEIA DO SENHOR
1Coríntios 11.23-34
23 Porque eu recebi do Senhor o que também vos entreguei: que o Senhor Jesus, na noite em que foi traído, tomou o pão; 24 e, tendo dado graças, o partiu e disse: Isto é o meu corpo, que é dado por vós; fazei isto em memória de mim. 25 Por semelhante modo, depois de haver ceado, tomou também o cálice, dizendo: Este cálice é a nova aliança no meu sangue; fazei isto, todas as vezes que o beberdes, em memória de mim. 26 Porque, todas as vezes que comerdes este pão e beberdes o cálice, anunciais a morte do Senhor, até que ele venha. 27 Por isso, aquele que comer o pão ou beber o cálice do Senhor, indignamente, será réu do corpo e do sangue do Senhor. 28 Examine-se, pois, o homem a si mesmo, e, assim, coma do pão, e beba do cálice; 29 pois quem come e bebe sem discernir o corpo, come e bebe juízo para si. 30 Eis a razão por que há entre vós muitos fracos e doentes e não poucos que dormem. 
31 Porque, se nos julgássemos a nós mesmos, não seríamos julgados. 32 Mas, quando julgados, somos disciplinados pelo Senhor, para não sermos condenados com o mundo. 33 Assim, pois, irmãos meus, quando vos reunis para comer, esperai uns pelos outros. 34 Se alguém tem fome, coma em casa, a fim de não vos reunirdes para juízo. Quanto às demais coisas, eu as ordenarei quando for ter convosco.


Ao participarmos da Ceia do Senhor, participamos da obra de Cristo na Cruz e recebemos os seus benefícios.
A Santa Ceia, foi instituída pelo próprio Senhor, por isso chamamos de “Ceia do Senhor”. É a mesa de comunhão dos santos.
Assim como o batismo tem sua origem na circuncisão, a Ceia tem sua origem doutrinária e cerimonial na Páscoa.
A ceia é um memorial, porque é uma cerimônia de lembrança de sua morte. Quando participamos da Ceia, estamos confessando nossa fé na morte de Cristo. Confessamos nossa fé na sua ressurreição e também manifestamos nossa fé na sua vinda futura.
A ceia não é a transformação dos elementos no corpo e no sangue de Cristo. O pão não se transforma no corpo do Senhor e o vinho não se transforma no sangue do Senhor. Transubstanciação.
Na ceia o Senhor não se faz presente no pão e no vinho – consubstanciação.
A Ceia também não é apenas uma cerimônia de lembrança – um memorial – da morte do Senhor. Mas o Senhor está presente espiritualmente na Ceia nos comunicando as bênçãos adquiridas por sua obra na Cruz.
Ao participarmos da Ceia, participamos de sua obra e recebemos os benefícios de tudo o que ele conquistou na Cruz. Recebemos todas as bênçãos da salvação. Por isso, a Ceia é um meio de graça onde somos abençoados ao participarmos dela.
Os Coríntios estavam participando desta mesa sem discernimento. Veja os versos anteriores em 11.17 – 22 - não vos louvo, porquanto vos ajuntais não para melhor, e sim para pior. 18 Porque, antes de tudo, estou informado haver divisões entre vós quando vos reunis na igreja; e eu, em parte, o creio. 19 Porque até mesmo importa que haja partidos entre vós, para que também os aprovados se tornem conhecidos em vosso meio. 20 Quando, pois, vos reunis no mesmo lugar, não é a ceia do Senhor que comeis. 21 Porque, ao comerdes, cada um toma, antecipadamente, a sua própria ceia; e há quem tenha fome, ao passo que há também quem se embriague. 22 Não tendes, porventura, casas onde comer e beber? Ou menosprezais a igreja de Deus e envergonhais os que nada têm? Que vos direi? Louvar-vos-ei? Nisto, certamente, não vos louvo.
Não havia comunhão. Não havia unidade. Havia egoísmo. Não havia temor e mínima formalidade. Havia até quem ficasse bêbado. Havia um total desprezo pela igreja, pela ordem e pela reverência. Eles não estavam “discernindo” o corpo do Senhor. Eles não estavam dando a importância, a seriedade, a reverência  e não estavam santificando a mesa do Senhor.
O apóstolo então, dentro deste cenário triste e vergonhoso, transmite solenemente suas instruções.

                            I - O SIGNIFICADO DA  CEIA DO SENHOR – VS 23 a 26
1 - A morte do Senhor é representada e comunicada no sacramento – VS 23 e 24 Porque eu recebi do Senhor o que também vos entreguei: que o Senhor Jesus, na noite em que foi traído, tomou o pão; 24 e, tendo dado graças, o partiu e disse: Isto é o meu corpo, que é dado por vós; fazei isto em memória de mim.
Isto é o meu corpo – nos mostra que a Ceia é mais do que um memorial. É uma cerimônia que nos torna participantes do corpo do Senhor. Isto é, nos faz participantes de sua morte.  O corpo e o sangue do Senhor são recebidos de uma maneira espiritual.
Façam isso em memória de mim – Aqui está a importância declarada da cerimônia. Uma ordenança. É uma ordem sagrada. É preciso participar da Ceia. É mais do que uma recordação, é um memorial sagrado. A participação na Ceia nos traz a presença do Senhor. É pecado não participar da Ceia. A santa ceia é uma recordação da sua obra e uma comunhão com ele ao mesmo tempo.
2 – O pacto da graça é declarado e renovado no sacramento – VS 25 e 26 - 25 Por semelhante modo, depois de haver ceado, tomou também o cálice, dizendo: Este cálice é a nova aliança no meu sangue; fazei isto, todas as vezes que o beberdes, em memória de mim. 26 Porque, todas as vezes que comerdes este pão e beberdes o cálice, anunciais a morte do Senhor, até que ele venha.
Assim como ele diz – Isto é o meu corpo – Ele afirma – Este cálice é a nova aliança no meu sangue.
A ceia é a celebração do pacto da graça. A Nova Aliança é testificada e representada na Ceia. A morte do Senhor na cruz, estabeleceu a Nova Aliança, onde a graça de Deus justifica o pecador por meio do substituo na cruz. O cristão celebra a morte do Senhor por meio da Ceia até sua vinda. É o cerimonial cristão que celebra o pacto com o Senhor.

    II - A MANEIRA APROPRIADA DE PARTICIPAR DA CEIA DO SENHOR – VS 27 a 34
1 – A ceia do Senhor exige comportamento adequado para participar dela. Vs 27 e 29
27 Por isso, aquele que comer o pão ou beber o cálice do Senhor, indignamente, será réu do corpo e do sangue do Senhor. 28 Examine-se, pois, o homem a si mesmo, e, assim, coma do pão, e beba do cálice; 29 pois quem come e bebe sem discernir o corpo, come e bebe juízo para si.
Não podemos entender que podemos nos tornar dignos de participarmos da ceia por algum degrau de santidade. Não é isso que o texto está comunicando.
A igreja de Corinto não discernia, não dava a importância correta. Não faziam o cerimonial, nem participavam com temor e reverência.
2 – A Ceia do Senhor é uma ordenança que deve nos levar à um comportamento santificado na vida.
 Vs 30-34 -  Eis a razão por que há entre vós muitos fracos e doentes e não poucos que dormem. 31 Porque, se nos julgássemos a nós mesmos, não seríamos julgados. 32 Mas, quando julgados, somos disciplinados pelo Senhor, para não sermos condenados com o mundo. 33 Assim, pois, irmãos meus, quando vos reunis para comer, esperai uns pelos outros. 34 Se alguém tem fome, coma em casa, a fim de não vos reunirdes para juízo. Quanto às demais coisas, eu as ordenarei quando for ter convosco.
Uma igreja que não leva a serio aquilo que o Senhor ordena, gera crentes fracos e doentes. Uma igreja que não leva à serio sua missão, é uma igreja fraca de crentes fracos.  De crentes que aos poucos passam à relativizar tudo. Quem relativiza o culto, onde o Senhor se faz se presente para comunicar graça ao seu povo – é porque relativiza todo o resto da vida.
Portanto, meus irmãos a participação da Ceia é um imperativo na vida – pois é um meio de graça. Assim como toda a casa participa da Aliança e recebe seus benefícios, toda a casa deve participar da Ceia. A Ceia é o memorial da Nova Aliança que comunica graça ao povo da Aliança.
As crianças devem participar da ceia.  Os filhos dos cristãos são possuidores do Reino dos Céus, portanto, membros da Igreja de Cristo. Eles devem ser criados distinguidos dos filhos dos ímpios.. Os filhos dos cristãos são batizados, para dar significado e selar o seu real relacionamento com Jesus Cristo, como as crianças eram circuncidadas na Antiga Aliança. Se são batizados em Cristo possuem todos os direitos da herança da Nova Aliança e são, por isso, incluídos em todos os privilégios da Aliança.
O sacramento da Ceia do Senhor é um privilégio aos  pertencem ao Corpo de Cristo. Sacramentos são sinais e selos que descrevem realidades espirituais, e não devem ser separados dessa realidade.
A mesa do Senhor, o pão e o corpo são partes da mesma realidade. Somente os excluídos da igreja podem ser impedidos de participar da Ceia.
As crianças são advertidas também dentre de suas realidades e idades sobre o comportamento correto na Ceia. Os sacramentos da Antiga Aliança admitiam a participação de crianças.
Êxodo 12.26 -  “Quando vossos filhos vos perguntarem: Que rito é este? Respondereis: É o sacrifício da Páscoa ao SENHOR, que passou por cima das casas dos filhos de Israel no Egito, quando feriu os egípcios e livrou as nossas casas. Então, o povo se inclinou e adorou.”
Quando Paulo transmite a necessidade do autoexame  seu objetivo é prevenir os cristãos de não participarem da Mesa do Senhor de forma como a mencionada em relação aos coríntios. Negar a Mesa do Senhor para os filhos da aliança, portanto, é uma prática que exclui nossos filhos do melhor da aliança.  Divide as crianças dos membros “maduros” e implicitamente faz das crianças cidadãos de segunda classe no Reino de Deus. Não apenas as crianças, mas todos os incapazes.
Parece obvio que assim como as crianças participavam da ceia da páscoa, A igreja primitiva permitia a Ceia do Senhor para os filhos dos cristãos. Esta descontinuação das práticas primitivas foi um erro e deve ser abandonada pelas igrejas biblicamente reformadas.
É um dever imperativo, que o cristão não pode negligenciar a participação da Ceia do Senhor.
É um privilégio de cada cristão participar da Ceia.
A não participação da Ceia é uma autoexclusão dos benefícios que ela traz.





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