Pregado em 13 de maio de 2018 - na Capela Missional - Igreja Cristã de Confissão Reformada em Porto Alegre
PERGUNTA 99. Qual é a regra que
Deus nos deu para nos dirigir em oração?
R. Toda palavra de Deus é útil
para nos dirigir em oração, mas a regra especial de direção é aquela forma de
oração que Cristo ensinou aos seus discípulos, e que geralmente se chama a
Oração Dominical.
O PAI NOSSO, A ORAÇÃO COMO
ENSINADA PELO SENHOR.
Mateus 6.9-13 - Pai nosso, que
estás nos céus, santificado seja o teu nome; venha o teu reino; faça-se a
tua vontade, assim na terra como no céu; o pão nosso de cada dia dá-nos hoje;
e perdoa-nos as nossas dívidas, assim como nós temos perdoado aos nossos
devedores; e não nos deixes cair em tentação; mas livra-nos do mal. Pois
teu é o Reino, o Poder e a Glória, para sempre. Amém
A oração verdadeira vem de Deus
para nos dirigir a Deus.
A oração verdadeira é prescrita
pelo próprio Deus. Ele mesmo nos ensina como orar. A Bíblia é a Palavra de
Deus, onde ele revela a si mesmo a nós. Revela tudo sobre nós mesmos. Revela
também sua vontade a nós. É na sua
Palavra que aprendemos que podemos orar. Então é uma revelação de Deus a nós. É
na sua Palavra que ele nos ensina sobre o que é a oração e como devemos orar.
O texto de Lucas nos dá detalhes
sobre como se originou a oração do Senhor. Os discípulos vendo Jesus orar, pedem que lhes ensinem.
Lucas 11.1 – De uma certa feita,
estava Jesus orando em certo lugar; quando terminou, um dos seus discípulos lhe
pediu: Senhor, ensina-nos a orar ..” Jesus então, lhes ensina-os com a oração
que conhecemos como a oração dominical, ou oração do Senhor.
Jesus não inventou nada nesta
oração – mas usou somente conceitos que estavam na Palavra. Deus sempre foi Pai
para seu povo.
Deuteronômio 32.6 - É assim que recompensas ao SENHOR, povo louco e ignorante? Não é
ele teu pai, que te adquiriu, te fez e te estabeleceu?
Deus é chamado de Santo inúmeras
vezes no Antigo Testamento. O Reino de Deus, sua vontade, a provisão de pão, o
perdão, o livramento – todos são conceitos da Palavra de Deus no Antigo
Testamento.
Jesus não estava inventando
palavras para orar, ele estava simplesmente orando o que estava na Palavra.
Temos insistido que a verdadeira
oração é o uso da Palavra de Deus para falarmos com ele. Ele nos ensina a orar
por meio de sua Palavra.
Nesta oração do Senhor, que é
para nós a oração modelo e o modelo de oração, temos apresentados de forma
concreta, os ensinamentos da Bíblia acerca da oração. É uma oração que
incorpora aquilo que a Bíblia ensina sobre a oração.
Podemos e devemos repetir sempre
a oração que o Senhor nos ensinou, mas não é a única oração que podemos fazer.
Ela é um modelo para moldar nossa oração.
A oração do Pai Nosso é a expressão da misericórdia divina em
prover-nos uma forma modelar de oração (Calvino).
Mais uma vez afirmo que podemos e
devemos orar o Pai nosso todos os dias, isso não é errado, pelo contrário, é
verdadeira oração e oração verdadeira. Mas ela deve ir além, ela deve nos
conduzir nas palavras de nossa oração. Temos muitas outras orações no Novo
Testamento. Temos mais orações do próprio Senhor, temos orações de Pedro e de
Paulo em Atos. Temos orações de Paulo nas Cartas. Temos orações em Apocalipse.
O que Jesus quer nos ensinar além
da própria oração que ele fez é a linguagem da nossa oração e conteúdo da nossa
oração.
"Deus, demonstrando sua imensa bondade e benevolência, além de nos
advertir que devemos o buscar em todas as nossas necessidades, como filhos se
refugiam na proteção dos pais e vendo que não podíamos sequer entender a
profundidade de nossas necessidades e misérias, deu à nossa ignorância o que faltava
à nossa capacidade. De si mesmo supriu tudo o que nos faltava, pois
prescreveu-nos uma fórmula, pela qual nos propôs tudo quanto dele é lícito
buscar, tudo quanto conduz ao nosso bem e tudo quanto é necessário suplicar. "(Calvino)
"Por meio da oração do Pai Nosso – compreendemos que não lhe
suplicamos nada que seja ilícito, nada que seja estranho ou inoportuno, enfim,
nada que não lhe seja aceitável, porquanto estamos rogando quase que de sua
própria boca e com suas próprias palavras. "(Calvino)
Jesus ensinou aos seus
discípulos não somente como orar, mas também o que orar (Bonhoeffer).
O Pai Nosso não é um exemplo de
oração para os discípulos. Jesus quer que orem como ele ensinou. O Pai Nosso é
a oração. Os limites da oração estão na oração do Pai nosso. Ela é a oração,
porque não há mais nada que podemos ou precisamos orar além do que está
prescrito na oração do Senhor.
A oração do Pai Nosso pode
ser dividida em três partes:
A
PRIMEIRA PARTE É SOBRE DEUS - Pai nosso, que estás nos céus, santificado seja o
teu nome; venha o teu reino; faça-se a tua vontade, assim na terra como
no céu;
1 – Reconhecimento de quem é nosso Deus – Pai
nosso.
2 - A
glória de Deus – que estás nos céus.
3 – A sublimidade de Deus - Santificado seja o
teu nome
4 – O desejo pelo Reino de Deus – Venha o teu
reino.
5 – O desejo pela vontade de Deus – seja feita
a tua vontade, assim na terra como no céu.
A SEGUNDA PARTE É SOBRE NOSSA CONDIÇÃO E
NECESSIDADES - o pão nosso de cada dia dá-nos hoje; e perdoa-nos as
nossas dívidas, assim como nós temos perdoado aos nossos devedores; e não
nos deixes cair em tentação; mas livra-nos do mal.
1-
Necessidades presentes a ordinárias – O pão nosso de cada dia, dá-nos hoje.
2 – O perdão de nossas dívidas com Deus –
Perdoa-nos as nossas dívidas.
3 – A declaração de um dever de imitar a Deus –
assim como temos perdoados aos nossos devedores.
4 – O pedido de vitória contra o pecado – não
nos deixes cair em tentação.
5 – O pedido de vitória contra o mal e o
maligno – mas livra-nos do mal.
A TERCEIRA PARTE É DOXOLOGIA – PALAVRAS
LITÚRGICAS OU PALAVRAS DE CULTO - Pois teu é o Reino, o Poder e a Glória, para
sempre. Amém
1 – A soberania de Deus – Teu é o Reino.
2 – A grandeza de Deus – Teu é o poder
3 – A sublimidade de Deus – Tua é a glória.
4 – A eternidade de Deus – Para sempre.
5 – A certeza de tudo o que foi dito – Amém.
Que perfeita oração. Que oração perfeita. Tudo
está incluído nestas declarações e petições. Este é o padrão perfeito para as
nossas orações.
Por tudo isso podemos declarar como é sublime a
oração.
A oração não é uma demonstração de
espiritualidade ou piedade. É totalmente oposta à publicidade. Ela é a ação
anti-demonstração (Bonhoeffer). A oração
é a Deus e entre quem ora e Deus. Não é um teatro. Não é para exibição. Não é uma
exortação aos outros. Não é uma arma para conseguirmos coisas, um artifício
para Deus nos dar coisas, um método para convencermos a Deus ou uma chantagem a
Deus.
Não é uma chave que aciona milagres. Não é uma
alavanca que move a mão imóvel de um Deus impassível. Não é um recurso para
fazermos Deus agir.
Não meus irmãos. A oração é nosso
reconhecimento de quem é nosso Deus.
A oração é nossa declaração de dependência de
Deus.
A oração é a declaração de nossa falta de
redenção própria, de nossa pecaminosidade radical.
A oração é a declaração de nosso anseio pelo reino e vontade de Deus.
A oração é a revelação da intensidade de nosso
desejo por Deus.
A oração é o termômetro de nossa satisfação em Deus.
É isso que vamos aprender com esta exposição do
Pai Nosso.
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