quarta-feira, 19 de dezembro de 2018

Série - Os Cinco Pontos do Calvinismo - Primeiro Ponto: Depravação Total


Pregado em 08 de Julho de 2018 - na Capela Missional - Igreja Cristã de Confissão Reformada

                                 1º PONTO – TOTAL DEPRAVAÇÃO



O SER HUMANO EM SUA NATUREZA CAÍDA É UM SER CAÍDO POR NATUREZA.
Efésios  2.1-5 -Ele vos deu vida, estando vós mortos nos vossos delitos e pecados, 2 nos quais andastes outrora, segundo o curso deste mundo, segundo o príncipe da potestade do ar, do espírito que agora atua nos filhos da desobediência;3 entre os quais também todos nós andamos outrora, segundo as inclinações da nossa carne, fazendo a vontade da carne e dos pensamentos; e éramos, por natureza, filhos da ira, como também os demais.4 Mas Deus, sendo rico em misericórdia, por causa do grande amor com que nos amou,5 e estando nós mortos em nossos delitos, nos deu vida juntamente com Cristo, – pela graça sois salvos,

O primeiro ponto das Doutrinas da Graça - Cinco Pontos do Calvinismo é  Depravação Total.

Somente reconhecemos quão grande é nossa salvação e reconhecermos nossa miserável condição sem a graça de Deus.
Os Cinco Pontos do Calvinismo como é conhecido tem na Tulipa seu símbolo - Tulip em inglês. Usando as letras da Tulip chegou-se à definição de cada uma das doutrinas essenciais do calvinismo, conhecidas como - Os Cinco Pontos do Calvinismo . 

Esses Cinco Pontos são:
T - Total Depravity    -  Depravação Total
U - Unconditional Election - Eleição Incondicional
L - Limited Atonement - Expiação Limitada
I - Irresistible Grace - Graça Irresistível
P - Perseverance of the Saints - Perseverança dos Santos

Os Cinco Pontos foi uma  contra-argumentação do Sínodo de Dort ao protesto que os seguidores de Jacob Armínio (um professor de Teologia da Holanda ) apresentaram ao “Estado da Holanda” em Julho de 1610, um ano após a morte de seu líder. O protesto consistia de “cinco artigos de fé”, baseados nos ensinos de Armínio, e ficou conhecido na história como a “Remonstrance”, “O Protesto”. O partido arminiano insistia que os símbolos oficiais de doutrina das Igrejas da Holanda, fizeram com que editassem fossem editados dois símbolos de fé - a Confissão Belga e o Catecismo de Heidelberg. Estes símbolos na visão dos remonstrantes precisavam ser mudados para se conformar com os pontos de vista doutrinários contidos no Protesto. As doutrinas às quais os arminianos fizeram objeção eram as relacionadas com a soberania divina, a inabilidade humana, a eleição incondicional ou predestinação, a redenção particular (ou expiação limitada), a graça irresistível (chamada eficaz) e a perseverança dos santos. Essas são doutrinas ensinadas nesses símbolos da Igreja Holandesa, e os arminianos queriam que elas fossem revistas. 
A partir daí duas linhas teológicas caminham em lados opostos quanto a estes e muitos outros temas, formando duas linhas de interpretação da teologia e da vida cristã.
Os Cinco Pontos foram formulados a partir do já mencionado Sínodo realizado na Cidade de Dort e as resoluções até hoje são conhecidas como os Cânones de Dort.
As igrejas Reformadas são aquelas que subscrevem estes Cânones.
Recentemente alguns pastores de igrejas calvinistas emergentes têm negado este primeiro ponto como sendo a partida do entendimento da soteriologia, afirmando que toda a reflexão deveria ter inicio com a Imagem de Deus - mas não tem sentido - justamente porque a finalidade é mostrar como a graça de Deus age, resgatando o pecador de seus miserável estado caído.
Vamos ao primeiro ponto.
Depravação total do ser humano. O termo depravação tem sido considerado por muitos, um termo muito forte. Por isso, muitos reformados preferem o termo Corrupção Total ou ainda Corrupção radical.
Esta corrupção do ser humano foi originada pelo Pecado original.
O pecado original é a depravação e a corrupção hereditárias de nossa natureza, difundida através de todas as partes da alma, tonando-nos passíveis da ira divina” Calvino
Somente entenderemos a grandeza de nossa salvação, se entendermos a natureza de nossa perdição. 
O pecado entrou no mundo pela desobediência de Adão e Eva, quando estes quebraram o pacto. Gn 3.6 - Vendo a mulher que a árvore era boa para se comer, agradável aos olhos e árvore desejável para dar entendimento, tomou-lhe do fruto e comeu e deu também ao marido, e ele comeu.
Neste momento houve a perda do estado original de inocência, a natureza humana é corrompida e o ser humano se torna um pecador. Como Adão era o pai da humanidade, toda a sua posteridade se torna herdeira por propagação da natureza caída.
 Rm 5.12. Portanto, assim como por um só homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado, a morte, assim também a morte passou a todos os homens, porque todos pecaram.
Mas não apenas isso, mas também por imitação.
“Quando se diz que o pecado de Adão nos torna sujeitos ao julgamento divino, não se deve entender que nós, sendo inocentes, fomos imerecidamente sobrecarregados com a culpa do pecado...porque embora a natureza pecaminosa seja herdada, pecamos por nossa própria pecaminosidade e não pela pecaminosidade de outrem” Calvino
“Todo ser humano está traz a corrupção hereditária inerente desde a concepção, a qual é a consequência desta transgressão primitiva e pela qual toda a sua natureza está corrompida e espiritualmente morta” Confissão Helvética.
Esta é a condição do ser humano, de perdição até que seja resgatado pela graça de Deus, por meio do pagamento à justiça de Deus feito por Cristo na cruz.
O fato é que o ser humano se encontra num estado de pecado, perdição e condenação.
Os Reformadores reconheciam esta terrível condição do ser humano.
Martinho Lutero – Tenho mais medo do que está dentro de mim do que aquilo que vem de fora.
A Bíblia ensina isso – que nossos problemas decorrem todos da desobediência inicial; que o ser humano é um rebelde contra Deus e deliberadamente se rebela contra Deus.
As consequências da queda é que o ser humano se encontra em um estado pecaminoso e de perdição.
O texto que lemos define muito bem a condição humana até que a graça de Deus o alcance.
O texto diz que a condição do ser humano é – Morto em delitos e pecados v.1
Anda no curso do mundo v.2 – É conduzido, dirigido pelo diabo v.2 – É filho da desobediência v.2 – anda na vontade da carne, é conduzido por pensamentos pecaminosos e é filho da ira v.3
Vejamos a condição do ser humano no pecado
- I – 
CORRUPÇÃO DA NATUREZA
Ele está “morto em delitos e pecados”. V.1
A natureza humana foi corrompida pelo pecado. O ser humano foi criado inocente, bom e voltado para Deus, com a desobediência ele perdeu sua condição original e sua natureza passou a condição de caída e corrupta. O ser humano que era capaz de não pecar, agora fica incapaz de não pecar.

- II – CORRUPÇÃO DA VONTADE
Ele “anda na desobediência” “Faz a vontade da carne e dos pensamentos”
Desde a queda de Adão, o livre-arbítrio, a vontade livre não existe. Adão tinha o livre-arbítrio. A liberdade da vontade perdeu-se na Queda e passou a ser escravo do pecado e a estar sob o domínio do diabo. Sua vontade está presa. Ele anda ‘segundo o curso deste mundo, segundo o príncipe da potestade do ar, do espírito que atua nos filhos da desobediência.” V.2

- III - CORRUPÇÃO DA MENTE.
“ ele anda segundo as inclinações da carne, faz a vontade da carne e dos pensamentos”v.3
A mente do ser humano não é livre. Não é livre para não pecar.  Ele é incapaz de não pecar. Ele está dominado pelo pecado. Mas veja que ele ama isso. Ele ama pecar e ama o pecado. Ele gloria-se no pecado, esta é sua mentalidade.

- IV- CORRUPÇÃO DO CORAÇÃO
“ele segundo inclinações da carne e do pensamento” v.3.
Ele tem disposições interiores pecaminosas. Por isso, o pecado é mais do que ação que o pecador pratica. O pecado real é o que o leva à prática da ação pecaminosa. O que o levou á esta ação? A resposta é que algo interior, que está dentro do ser, que faz parte do ser. É do coração, do interior que procede o pecado (ver Mt 15.18,19).
 Esta é a natureza decaída, pecaminosa. É a lei do pecado (Rm 7).
Esta natureza, este “eu profundo”, esta realidade interior é má, é corrupta por natureza e naturalmente. 
Essencialmente, profundamente até a raiz. 
Por isso o ser humano é filho da ira. Está morto espiritualmente e somente a graça pode o tirar desta condição. Somente a regeneração, pode tirar o ser humano deste estado e transformá-lo num filho de Deus.
Todos nós estamos em pecado, somos filhos da desobediência, herdeiros de uma natureza decaída, estando sob a ira de Deus – a menos que sejamos regenerados, resgatados por meio do redentor.
É nisto que consiste a salvação. 
 Nós estávamos mortos em nossa condição de pecado.
 Espiritualmente mortos, mas Jesus nos deu vida, estando nós mortos. V. 4 Mas Deus, sendo rico em misericórdia, por causa do grande amor com que nos amou, 5 e estando nós mortos em nossos delitos, nos deu vida juntamente com Cristo, – pela graça sois salvos,
Jesus Cristo em sua morte na cruz nos substituiu, pagou nossa divida, assumiu nossa culpa, tomou sobre si o juízo que era nossa, levou sobre si a ira de Deus e nosso pecado foi justificado, ou seja, perdoado. Isto é a maravilhosa graça, que nos resgata de nossa condição pecaminosa.
Éramos condenados por nossa natureza pecaminosa, ele nos justificou e nos santificou, nos resgatou, nos libertou.
*“Se ficasse por conta dos pecadores totalmente depravados como são, a iniciativa de reagir com fé ao evangelho, por sua própria vontade, nenhum deles tomaria essa iniciativa.” Kuyper

Sabendo a condição da sua verdadeira natureza, veja como foi grande a obra da graça em tua vida te salvando da condenação.
Sabendo a condição e a grande perdição em que você se encontrava, reconheça que grande salvação Deus operou em tua vida, por meio da morte Cristo.

Nenhum comentário:

VIVER COM PACIÊNCIA, ESPERANÇA E PERSEVERANÇA – Romanos 8.18-25

  Pregado em 03 de maio de 2020 sexto sermão na Pademia                                                                                     ...