terça-feira, 18 de dezembro de 2018

Série sobre o Pai Nosso - 9º Sermão - Doxologia - Esposição do Breve Catecismo - Pergunta 107 - Conclusão.

Pregado em 01 de Julho de 2018 na  - Capela Missional - Igreja Cristã de Confissão Reformada em Porto Alegre



PERGUNTA 107. Que nos ensina a conclusão da Oração Dominical?
R. A conclusão da Oração Dominical, que é: "Porque Teu é o reino, o poder e a glória, para sempre. Amém", ensina-nos que na Oração devemos confiar somente em Deus, e louvá-lO em nossas orações, atribuindo-Lhe reino, poder e glória. E em testemunho do nosso desejo e certeza de sermos ouvidos, dizemos: Amém.

                GLORIFICAR A DEUS É PRAXE E PRÁTICA NORMAL 
                              DA DEVOÇÃO DO CRISTÃO. 

A verdadeira oração é o uso da Palavra de Deus para falarmos com ele. Ele nos ensina a orar por meio de sua Palavra.

Nesta oração do Senhor, que é para nós a oração modelo e o modelo de oração, temos apresentados de forma concreta, os ensinamentos da Bíblia acerca da oração. É uma oração que incorpora aquilo que a Bíblia ensina sobre a oração.
Podemos e devemos repetir sempre a oração que o Senhor nos ensinou, mas não é a única oração que podemos fazer. Ela é um modelo para moldar nossa oração.
A oração do Pai Nosso é a expressão da misericórdia divina em prover-nos uma forma modelar de oração (Calvino).
Mais uma vez afirmo que podemos e devemos orar o Pai nosso todos os dias, isso não é errado, pelo contrário, é verdadeira oração e oração verdadeira. Mas ela deve ir além, ela deve nos conduzir nas palavras de nossa oração. Temos muitas outras orações no Novo Testamento. Temos mais orações do próprio Senhor, temos orações de Pedro e de Paulo em Atos. Temos orações de Paulo nas Cartas. Temos orações em Apocalipse.
O que Jesus quer nos ensinar além da própria oração que ele fez é a linguagem da nossa oração e conteúdo da nossa oração.
Jesus ensinou aos seus discípulos não somente como orar, mas também o que orar (Bonhoeffer).
O Pai Nosso não é um exemplo de oração para os discípulos. Jesus quer que orem como ele ensinou. O Pai Nosso é a oração. Os limites da oração estão na oração do Pai nosso. Ela é a oração, porque não há mais nada que podemos ou precisamos orar além do que está prescrito na oração do Senhor.
“Por mais miseráveis que sejamos, por mais que de todos fossemos os mais indignos, embora vazios de toda a honra, entretanto nunca nos faltará causa de orar, nunca cessará a confiança, quando não se pode subtrair de nosso Pai quer seu reino, seu poder ou sua glória. Calvino
A oração só tem sentido se lembrarmos dos méritos do Filho de Deus, nosso Senhor Jesus Cristo. Ele mesmo nos ensinou a orar e nele a oração se tem sentido. Ele nos ensinou a orar, orando.
“Diariamente os discípulos recebem renovada a certeza na comunhão de Jesus Cristo, no qual reside o cumprimento de todas as orações." Bonhoeffer
Nele o nome de Deus é santificado, nele vem o seu reino, nele é feita a vontade de Deus.  Por amor a ele é conservada a vida dos discípulos, por amor a ele recebem perdão, em, seu poder são preservados na tentação, no seu poder são salvos para a vida eterna. Seu é o reino, e o poder, e a glória na eternidade na comunhão do Pai.
A oração baseia-se, não em nossas necessidades, mas em Deus mesmo e seus atributos.
Daniel 9.18-19 - Inclina, ó Deus meu, os ouvidos e ouve; abre os olhos e olha para a nossa desolação e para a cidade que é chamada pelo teu nome, porque não lançamos as nossas súplicas perante a tua face fiados em nossas justiças, mas em tuas muitas misericórdias. 19 Ó Senhor, ouve; ó Senhor, perdoa; ó Senhor, atende-nos e age; não te retardes, por amor de ti mesmo, ó Deus meu; porque a tua cidade e o teu povo são chamados pelo teu nome.
Na oração os santos não só exprimem o propósito de suas suplicas, mas também confessam ser indignos de alcança-las, a não ser que Deus busque a causa em si mesmo, e unicamente na natureza de Deus lhes prometa a confiança de obter o que pedem.
Somos pecadores e a oração, portanto, não é respondida por nossos méritos, mas pelos méritos do Filho de Deus. Por aquilo que ele alcançou na Cruz.

A oração do Pai Nosso pode ser dividida em três partes:

 A PRIMEIRA PARTE É SOBRE DEUS - Pai nosso, que estás nos céus, santificado seja o teu nome;  venha o teu reino; faça-se a tua vontade, assim na terra como no céu;  
1 – Reconhecimento de quem é nosso Deus – Pai nosso.
2 -  A glória de Deus – que estás nos céus.
3 – A sublimidade de Deus - Santificado seja o teu nome
4 – O desejo pelo Reino de Deus – Venha o teu reino.
5 – O desejo pela vontade de Deus – seja feita a tua vontade, assim na terra como no céu.

A SEGUNDA PARTE É SOBRE NOSSA CONDIÇÃO E NECESSIDADES - o pão nosso de cada dia dá-nos hoje;  e perdoa-nos as nossas dívidas, assim como nós temos perdoado aos nossos devedores;  e não nos deixes cair em tentação; mas livra-nos do mal.
 1- Necessidades presentes a ordinárias – O pão nosso de cada dia, dá-nos hoje.
2 – O perdão de nossas dívidas com Deus – Perdoa-nos as nossas dívidas.
3 – A declaração de um dever de imitar a Deus – assim como temos perdoados aos nossos devedores.
4 – O pedido de vitória contra o pecado – não nos deixes cair em tentação.
5 – O pedido de vitória contra o mal e o maligno – mas livra-nos do mal.

A TERCEIRA PARTE É DOXOLOGIA – PALAVRAS LITURGICAS OU PALAVRAS DE CULTO - Pois teu é o Reino, o Poder e a Glória, para sempre. Amém
1 – A soberania de Deus – Teu é o Reino.
2 – A grandeza de Deus – Teu é o poder
3 – A sublimidade de Deus – Tua é a glória.
4 – A eternidade de Deus – Para sempre.
5 – A certeza de tudo o que foi dito – Amém.
Esta doxologia – glorificação – resume quem é Deus por meio de suas gloriosas perfeições. Um cristão não pode viver a vida cristã, se relacionar com Deus sem expressar diariamente quem é seu Deus.  A fé cristã é a fé num Deus vivo. Glorificar a Deus é orar e orar é glorificar a Deus.
A temperatura de nossa espiritualidade é medida pelos nossos louvores e palas ações de graças que fazem parte de nossas orações. Martyn Lloyd Jones
O termo “amém”, exprime o desejo de obter as coisas pedidas a Deus, e a afirmação da esperança de que todas as coisas dessa natureza já foram alcançadas, e com certeza haverão de nos ser concedidas, uma vez que foram prometidas por Deus que não pode enganar e a ele pedidas.” - Calvino
Quando oramos declarando – Teu é o Reino, estamos dizendo que do Senhor é o direito sobre tudo e sobre todas as coisas.
Quando oramos declarando – Teu é o poder – estamos dizendo que o Senhor pode todas as coisas, inclusive nos ouvir e atender.
Quando oramos declarando – Tua é a glória – estamos dizendo que nada é maior do que o próprio ser de Deus.
Quando oramos declarando – para sempre – estamos dizendo afirmando que cremos em Deus, e que cremos que ele é Deus eterno.
Quando oramos declarando – Amém – estamos afirmando que cremos no que estamos orando.
Amém é a certeza da fé. Amém é uma declaração. Uma afirmação de fé.
Lutero - Amém. Que significa isso? Resposta: Que devo estar certo de que estas petições são agradáveis ao Pai celeste e ouvidas por ele; pois ele mesmo ordenou orar desta maneira e prometeu atender-nos.

CONSIDERAÇÕES FINAIS
 Se o Senhor é soberano, e dele é o Reino – Viva como se estivesse no Reino de Deus, por está.
Se o Senhor é poderoso, e ele pode todas as coisas – creia que é possível ele ouvir e atender tuas orações.
Se o Senhor é o Deus da glória – glorifique  a ele com ações de graças, com palavras de honra e que honre a ele diariamente. Não se permita um vocabulário pessimista quanto à vida presente e futura.
Se o Senhor é eterno – não se permita não ter esperança quanto à sua vida presente e futura.
Faça da palavra amém, não apenas o final de suas orações, mas o começo, o meio e o fim de teu cristianismo.
Que tipo de cristão é aquele que não ora? Que tipo de cristão é aquele que crê que Deus não age em sua vida? Que tipo de cristão é aquele que não crê que Deus ouve nossas orações.
Do Senhor é o Reino, o Poder e a Glória para Sempre, amém. 
A finalidade de nossa vida é o fim desta oração.

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