O Credo Apostólico - Sermão N.08
Pregado em 09 de outubro de 2016
Efésios 1.9-12 - 9 desvendando-nos o mistério da sua vontade, segundo o seu beneplácito que propusera em Cristo, 10 de fazer convergir nele, na dispensação da plenitude dos tempos, todas as coisas, tanto as do céu como as da terra; / 11 nele, digo, no qual fomos também feitos herança, predestinados segundo o propósito daquele que faz todas as coisas conforme o conselho da sua vontade, 12 a fim de sermos para louvor da sua glória, nós, os que de antemão esperamos em Cristo;
Lucas 1.26-35 - 26 No sexto mês, foi o anjo Gabriel enviado, da
parte de Deus, para uma cidade da Galiléia, chamada Nazaré, / 27 a uma
virgem desposada com certo homem da casa de Davi, cujo nome era José; a virgem
chamava-se Maria. / 28 E, entrando o anjo aonde ela estava, disse: Alegra-te,
muito favorecida! O Senhor é contigo. / 29 Ela, porém, ao ouvir esta
palavra, perturbou-se muito e pôs-se a pensar no que significaria esta
saudação. / 30 Mas o anjo lhe disse: Maria, não temas; porque achaste
graça diante de Deus. / 31 Eis que conceberás e darás à luz um filho, a
quem chamarás pelo nome de Jesus. / 32 Este será grande e será chamado
Filho do Altíssimo; Deus, o Senhor, lhe dará o trono de Davi, seu pai; / 33 ele
reinará para sempre sobre a casa de Jacó, e o seu reinado não terá fim.34 Então, disse Maria ao anjo: Como será isto,
pois não tenho relação com homem algum? 35 Respondeu-lhe o anjo: Descerá sobre ti o
Espírito Santo, e o poder do Altíssimo te envolverá com a sua sombra; por isso,
também o ente santo que há de nascer será chamado Filho de Deus.
O Nascimento Virginal de Cristo é ao mesmo tempo um
juízo sobre a natureza humana incapaz de se auto redimir e o anúncio da
redenção.
O Senhor Jesus Cristo é o verbo que se fez carne. Ele
é eterno. Ele é Deus eterno. Ele estava no princípio com Deus e era Deus (João
1.1-2). Esta é a doutrina da preexistência de Cristo. Desde a queda de Adão e
Eva no Paraíso, quando o pecado entrou no mundo, Deus fez a promessa de
redenção. Todo o Antigo Testamento é uma promessa da vinda do Redentor. Desde
as vestes que Deus fez para cobrir o primeiro casal, o sacrifício de Abel, a
Arca que salvou a família de Noé do dilúvio, o cordeiro que substituiu Isaque
no altar, a vida de José que é traído pelos irmãos, depois salva sua família,
os sacrifícios previstos na Lei de Moisés, tudo era o anúncio da vinda do
redentor.
CONFISSÃO BELGA -
“Confessamos, então, que Deus cumpriu a promessa, feita aos pais antigos
pela boca dos seus santos profetas, quando enviou ao mundo seu próprio, único e
eterno Filho, no tempo determinado por Ele. Este assumiu a forma de servo e
tornou-se semelhante aos homens, tomando realmente a verdadeira natureza humana
com todas as suas fraquezas, mas sem o pecado. “
O nascimento de Cristo foi um ato soberano de Deus.
Cremos que Deus em Deus, que existe na forma de três pessoas – O Pai, o Filho e
o Espírito Santo.
O Pai enviou o Filho ao mundo, e o Filho foi gerado no
útero de Maria pelo Espírito Santo. Este foi o milagre da concepção milagrosa
de Jesus.
CONFISSÃO BELGA – “Foi concebido no ventre da bem
aventurada virgem Maria, pelo poder do Espírito Santo, sem intervenção do
homem. E não somente tomou a natureza humana quanto ao corpo, mas também a
verdadeira alma humana, para que fosse um verdadeiro homem. Pois, estando
perdidos tanto a alma como o corpo, Ele devia tomar ambos para salvá-los.”
Portanto, o milagre do nascimento de Jesus, foi um ato
divino colocando o Filho de Deus no mundo para o resgatar.
Hebreus 1.5-6 – “Pois
a qual dos anjos disse jamais: Tu és meu Filho, eu hoje te gerei? E outra vez:
Eu lhe serei Pai, e ele me será Filho? E, novamente, ao introduzir o
Primogênito no mundo, diz: E todos os anjos de Deus o adorem.”
O nascimento virginal de Jesus cumpre os propósitos de
Deus, pois faz parte do Plano de Deus.
Portanto, o
nascimento virginal de Cristo cumpre quatro pressupostos.
1 – O NASCIMENTO VIRGINAL DE JESUS É UM MILAGRE
DIVINO.
É um ato divino. Um anjo é enviado para anunciar a
Maria que o Espírito Santo e envolveria e ela ficaria grávida por obra divina.
Aquele que criou o ser humano, estaria agora, no útero de uma criatura sua.
Assim, como tudo na Bíblia é uma história da salvação, assim como a própria é a
Revelação sobrenatural de Deus, assim é o nascimento de Jesus. É um desafio ao
nosso racionalismo. Se a nossa fé, parar aqui, não conseguiremos ir adiante e
não poderemos crer nos milagres que se sucedem como a transformação da água em
vinho, as curas milagrosas, paralíticos andando, cegos vendo, pecados sendo
perdoados, pães sendo multiplicados, tempestade sendo acalmadas, mortos sendo
ressuscitados como Lázaro, como o filho de uma viúva, e , principalmente, a
ressurreição do próprio Senhor dentre os mortos. O nascimento virginal de
Cristo é uma demonstração graciosa de Deus para todos nós. É o principio do
Evangelho. É a primeira fé que temos que exercitar em Cristo.
2 – O NASCIMENTO VIRGINAL DE CRISTO FOI UM JULGAMENTO
DE DEUS SOBRE E NATUREZA HUMANA E O ANUNCIO DA REDENÇÃO DA NATUREZA HUMANA.
A humanidade havia se perdido. “..tomou a natureza
humana quanto ao corpo, também a verdadeira alma humana, para que fosse um
verdadeiro homem. Pois, estando perdidos tanto a alma como o corpo, Ele devia
tomar ambos para salvá-los.” Esta é a declaração da necessidade do redentor. A
humanidade necessitando de um redentor, não poderia, ela mesma produzir este
redentor. O redentor deveria vir de fora. Deus, assim como para Isaque,
providencia um cordeiro, um redentor.
Karl Barth – “A natureza humana não
possui capacidade de tornar-se a natureza humana de Jesus Cristo.”
Somente
Deus, mesmo poderia tomar a iniciativa, e por meio de um milagre introduz seu
filho no mundo. O ser humano necessitava de redenção e somente um ser humano
poderia ser o representante da raça humana. Mas, por outro lado somente Deus
poderia salvar o ser humano. O milagre é este, Jesus Cristo, tornou-se humano
como o ser humano, mas era Deus como Deus.
3 – O NASCIMENTO VIRGINAL DE CRISTO É O ANUNCIO DA
NOVA CRIAÇÃO REDIMIDA.
Este é o alvo da redenção, uma nova criação. O criador
está redimindo a criação. Ele vem resgatar o ser humano de sua perdição. Toda a
criação foi envolvida pela escuridão do pecado. A criação não pode suportar uma
eternidade sem redenção.
Romanos 8.19-25
19 A
ardente expectativa da criação aguarda a revelação dos filhos de Deus. 20 Pois a criação está sujeita à vaidade, não
voluntariamente, mas por causa daquele que a sujeitou, / 21 na esperança
de que a própria criação será redimida do cativeiro da corrupção, para a
liberdade da glória dos filhos de Deus. 22 Porque sabemos que toda a criação, a um só
tempo, geme e suporta angústias até agora. / 23 E não somente ela, mas
também nós, que temos as primícias do Espírito, igualmente gememos em nosso
íntimo, aguardando a adoção de filhos, a redenção do nosso corpo. / 24 Porque,
na esperança, fomos salvos. Ora, esperança que se vê não é esperança; pois o
que alguém vê, como o espera?25 Mas, se esperamos o que não vemos, com
paciência o aguardamos.”
Sem redenção, não há esperança nenhuma, nem para o ser
humano, nem para criação. Tudo se envolveria num caos progressivo, até sua
autodestruição. Por isso, Jesus ter vindo ao mundo é a manifestação da bondade
máxima de Deus, seu beneplácito demonstrado em forma de redenção. Foi para isto
que Jesus como filho de Deus veio ao mundo – na plenitude dos tempos – para que
ele fosse o fator de convergência entre o criador e a criatura. Entre o criador
e a criação. Entre a história humana e a eternidade.
4 – O NASCIMENTO VIRGINAL DE JESUS É O NASCIMENTO DO
FILHO DE DEUS, CARREGANDO A NATUREZA HUMANA, SEM A NATUREZA PECAMINOSA.
Esta doutrina carrega outras duas doutrinas que são –
a Filiação divina de Cristo e a Impecabilidade de Cristo. Jesus se fez ser
humano, mas sua semente é divina. A natureza humana de Cristo, não existe por
um só momento a não ser como a humanidade de Deus. Ele não se torna Deus no
processo. Ele vem ao mundo como Filho de Deus. Ele nasce da Virgem, mas é
concebido pelo Espírito Santo, logo sua natureza é santa. Não é o fato de Jesus
não ter pai humano que o faz sem pecado, porque Maria também era pecadora. O
fato é ele ser gerado pelo Espírito Santo. É uma geração totalmente a parte da
vontade humana. Não foi obra do ser humano, mas uma obra divina em todos os
sentidos. A natureza de Jesus não foi santificada pelo Espírito Santo, mas ele
era santo em si mesmo. A santidade do ser humano somente é possível por uma
ação divina, mas a santidade de Jesus é o princípio de sua existência. Ele
tinha a substância de Maria, mas tinha a natureza do Pai, pois ele era o Filho
de Deus.
Esta é a luz para nossa redenção. Este é o sentido da
redenção. Não há esperança de redenção fora da Pessoa de Cristo. Não há
redenção nenhuma sem a luz de Deus, sem Cristo.
Tudo o que ser humano mais quer é redenção e tudo o
que ele procura é redenção. Veja a música de Bob Marley.
“Velhos piratas, sim, eles me roubaram / Me venderam
para navios mercantes
Minutos depois de eles terem me tirado / Do poço sem
fundo / Mas, minha mão foi fortalecida
Pela mão do Todo-Poderoso / Nós avançamos nessa
geração / Triunfantemente
Você não vai me ajudar a cantar / Estas canções de
liberdade?
Pois, tudo que eu sempre tenho / Canções de redenção
Canções de redenção
...Até quando vão matar nossos profetas/ Enquanto nós
permanecemos de lado, olhando?
Alguns dizem que isso faz parte / Nós temos que
cumprir o Livro
Ajude-me a cantar/ Estas canções de liberdade? / Pois,
tudo que eu sempre tenho / Canções de redenção/ Canções de redenção.”
O pecado nos lançou em escuridões sem fim. Em becos,
em sarjetas existenciais e morais. Nos perdemos sempre. Nossa mente, nossas
decisões, nossos caminhos sempre nos levam à lugares sem saída. Cristo é nossa
redenção.
Não há a mínima possibilidade de redenção em nós
mesmos. Não vamos conseguir consertar as coisas. A redenção está em Jesus.
Todas as redenções. Todas as redenções. A principal redenção foi anunciada na
cruz - a redenção do pecado.
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