quinta-feira, 30 de novembro de 2017

SOBRE O CREDO - "Nasceu da Virgem Maria..."


O Credo Apostólico - Sermão N.08
Pregado em 09 de outubro de 2016



O NASCIMENTO VIRGINAL DE JESUS
Efésios 1.9-12 - 9 desvendando-nos o mistério da sua vontade, segundo o seu beneplácito que propusera em Cristo, 10 de fazer convergir nele, na dispensação da plenitude dos tempos, todas as coisas, tanto as do céu como as da terra; / 11 nele, digo, no qual fomos também feitos herança, predestinados segundo o propósito daquele que faz todas as coisas conforme o conselho da sua vontade, 12 a fim de sermos para louvor da sua glória, nós, os que de antemão esperamos em Cristo;
 
Lucas 1.26-35 - 26 No sexto mês, foi o anjo Gabriel enviado, da parte de Deus, para uma cidade da Galiléia, chamada Nazaré, / 27 a uma virgem desposada com certo homem da casa de Davi, cujo nome era José; a virgem chamava-se Maria. / 28 E, entrando o anjo aonde ela estava, disse: Alegra-te, muito favorecida! O Senhor é contigo. / 29 Ela, porém, ao ouvir esta palavra, perturbou-se muito e pôs-se a pensar no que significaria esta saudação. / 30 Mas o anjo lhe disse: Maria, não temas; porque achaste graça diante de Deus. / 31 Eis que conceberás e darás à luz um filho, a quem chamarás pelo nome de Jesus. / 32 Este será grande e será chamado Filho do Altíssimo; Deus, o Senhor, lhe dará o trono de Davi, seu pai; / 33 ele reinará para sempre sobre a casa de Jacó, e o seu reinado não terá fim.34 Então, disse Maria ao anjo: Como será isto, pois não tenho relação com homem algum? 35 Respondeu-lhe o anjo: Descerá sobre ti o Espírito Santo, e o poder do Altíssimo te envolverá com a sua sombra; por isso, também o ente santo que há de nascer será chamado Filho de Deus.
O Nascimento Virginal de Cristo é ao mesmo tempo um juízo sobre a natureza humana incapaz de se auto redimir e o anúncio da redenção. 
O Senhor Jesus Cristo é o verbo que se fez carne. Ele é eterno. Ele é Deus eterno. Ele estava no princípio com Deus e era Deus (João 1.1-2). Esta é a doutrina da preexistência de Cristo. Desde a queda de Adão e Eva no Paraíso, quando o pecado entrou no mundo, Deus fez a promessa de redenção. Todo o Antigo Testamento é uma promessa da vinda do Redentor. Desde as vestes que Deus fez para cobrir o primeiro casal, o sacrifício de Abel, a Arca que salvou a família de Noé do dilúvio, o cordeiro que substituiu Isaque no altar, a vida de José que é traído pelos irmãos, depois salva sua família, os sacrifícios previstos na Lei de Moisés, tudo era o anúncio da vinda do redentor.
CONFISSÃO BELGA -  “Confessamos, então, que Deus cumpriu a promessa, feita aos pais antigos pela boca dos seus santos profetas, quando enviou ao mundo seu próprio, único e eterno Filho, no tempo determinado por Ele. Este assumiu a forma de servo e tornou-se semelhante aos homens, tomando realmente a verdadeira natureza humana com todas as suas fraquezas, mas sem o pecado. “
O nascimento de Cristo foi um ato soberano de Deus. Cremos que Deus em Deus, que existe na forma de três pessoas – O Pai, o Filho e o Espírito Santo.
O Pai enviou o Filho ao mundo, e o Filho foi gerado no útero de Maria pelo Espírito Santo. Este foi o milagre da concepção milagrosa de Jesus. 
CONFISSÃO BELGA – “Foi concebido no ventre da bem aventurada virgem Maria, pelo poder do Espírito Santo, sem intervenção do homem. E não somente tomou a natureza humana quanto ao corpo, mas também a verdadeira alma humana, para que fosse um verdadeiro homem. Pois, estando perdidos tanto a alma como o corpo, Ele devia tomar ambos para salvá-los.”
Portanto, o milagre do nascimento de Jesus, foi um ato divino colocando o Filho de Deus no mundo para o resgatar.
Hebreus 1.5-6 – “Pois a qual dos anjos disse jamais: Tu és meu Filho, eu hoje te gerei? E outra vez: Eu lhe serei Pai, e ele me será Filho? E, novamente, ao introduzir o Primogênito no mundo, diz: E todos os anjos de Deus o adorem.”
O nascimento virginal de Jesus cumpre os propósitos de Deus, pois faz parte do Plano de Deus.
 Portanto, o nascimento virginal de Cristo cumpre quatro pressupostos.
1 – O NASCIMENTO VIRGINAL DE JESUS É UM MILAGRE DIVINO.
É um ato divino. Um anjo é enviado para anunciar a Maria que o Espírito Santo e envolveria e ela ficaria grávida por obra divina. Aquele que criou o ser humano, estaria agora, no útero de uma criatura sua. Assim, como tudo na Bíblia é uma história da salvação, assim como a própria é a Revelação sobrenatural de Deus, assim é o nascimento de Jesus. É um desafio ao nosso racionalismo. Se a nossa fé, parar aqui, não conseguiremos ir adiante e não poderemos crer nos milagres que se sucedem como a transformação da água em vinho, as curas milagrosas, paralíticos andando, cegos vendo, pecados sendo perdoados, pães sendo multiplicados, tempestade sendo acalmadas, mortos sendo ressuscitados como Lázaro, como o filho de uma viúva, e , principalmente, a ressurreição do próprio Senhor dentre os mortos. O nascimento virginal de Cristo é uma demonstração graciosa de Deus para todos nós. É o principio do Evangelho. É a primeira fé que temos que exercitar em Cristo.
2 – O NASCIMENTO VIRGINAL DE CRISTO FOI UM JULGAMENTO DE DEUS SOBRE E NATUREZA HUMANA E O ANUNCIO DA REDENÇÃO DA NATUREZA HUMANA.
A humanidade havia se perdido. “..tomou a natureza humana quanto ao corpo, também a verdadeira alma humana, para que fosse um verdadeiro homem. Pois, estando perdidos tanto a alma como o corpo, Ele devia tomar ambos para salvá-los.” Esta é a declaração da necessidade do redentor. A humanidade necessitando de um redentor, não poderia, ela mesma produzir este redentor. O redentor deveria vir de fora. Deus, assim como para Isaque, providencia um cordeiro, um redentor.
Karl Barth – “A natureza humana não possui capacidade de tornar-se a natureza humana de Jesus Cristo.”
Somente Deus, mesmo poderia tomar a iniciativa, e por meio de um milagre introduz seu filho no mundo. O ser humano necessitava de redenção e somente um ser humano poderia ser o representante da raça humana. Mas, por outro lado somente Deus poderia salvar o ser humano. O milagre é este, Jesus Cristo, tornou-se humano como o ser humano, mas era Deus como Deus.
3 – O NASCIMENTO VIRGINAL DE CRISTO É O ANUNCIO DA NOVA CRIAÇÃO REDIMIDA.
Este é o alvo da redenção, uma nova criação. O criador está redimindo a criação. Ele vem resgatar o ser humano de sua perdição. Toda a criação foi envolvida pela escuridão do pecado. A criação não pode suportar uma eternidade sem redenção.
Romanos 8.19-25
19 A ardente expectativa da criação aguarda a revelação dos filhos de Deus. 20 Pois a criação está sujeita à vaidade, não voluntariamente, mas por causa daquele que a sujeitou, / 21 na esperança de que a própria criação será redimida do cativeiro da corrupção, para a liberdade da glória dos filhos de Deus. 22 Porque sabemos que toda a criação, a um só tempo, geme e suporta angústias até agora. / 23 E não somente ela, mas também nós, que temos as primícias do Espírito, igualmente gememos em nosso íntimo, aguardando a adoção de filhos, a redenção do nosso corpo. / 24 Porque, na esperança, fomos salvos. Ora, esperança que se vê não é esperança; pois o que alguém vê, como o espera?25 Mas, se esperamos o que não vemos, com paciência o aguardamos.”
Sem redenção, não há esperança nenhuma, nem para o ser humano, nem para criação. Tudo se envolveria num caos progressivo, até sua autodestruição. Por isso, Jesus ter vindo ao mundo é a manifestação da bondade máxima de Deus, seu beneplácito demonstrado em forma de redenção. Foi para isto que Jesus como filho de Deus veio ao mundo – na plenitude dos tempos – para que ele fosse o fator de convergência entre o criador e a criatura. Entre o criador e a criação. Entre a história humana e a eternidade.
4 – O NASCIMENTO VIRGINAL DE JESUS É O NASCIMENTO DO FILHO DE DEUS, CARREGANDO A NATUREZA HUMANA, SEM A NATUREZA PECAMINOSA.
Esta doutrina carrega outras duas doutrinas que são – a Filiação divina de Cristo e a Impecabilidade de Cristo. Jesus se fez ser humano, mas sua semente é divina. A natureza humana de Cristo, não existe por um só momento a não ser como a humanidade de Deus. Ele não se torna Deus no processo. Ele vem ao mundo como Filho de Deus. Ele nasce da Virgem, mas é concebido pelo Espírito Santo, logo sua natureza é santa. Não é o fato de Jesus não ter pai humano que o faz sem pecado, porque Maria também era pecadora. O fato é ele ser gerado pelo Espírito Santo. É uma geração totalmente a parte da vontade humana. Não foi obra do ser humano, mas uma obra divina em todos os sentidos. A natureza de Jesus não foi santificada pelo Espírito Santo, mas ele era santo em si mesmo. A santidade do ser humano somente é possível por uma ação divina, mas a santidade de Jesus é o princípio de sua existência. Ele tinha a substância de Maria, mas tinha a natureza do Pai, pois ele era o Filho de Deus.
Esta é a luz para nossa redenção. Este é o sentido da redenção. Não há esperança de redenção fora da Pessoa de Cristo. Não há redenção nenhuma sem a luz de Deus, sem Cristo.
Tudo o que ser humano mais quer é redenção e tudo o que ele procura é redenção. Veja a música de Bob Marley.
“Velhos piratas, sim, eles me roubaram / Me venderam para navios mercantes
Minutos depois de eles terem me tirado / Do poço sem fundo / Mas, minha mão foi fortalecida
Pela mão do Todo-Poderoso / Nós avançamos nessa geração / Triunfantemente
Você não vai me ajudar a cantar / Estas canções de liberdade?
Pois, tudo que eu sempre tenho / Canções de redenção
Canções de redenção
...Até quando vão matar nossos profetas/ Enquanto nós permanecemos de lado, olhando?
Alguns dizem que isso faz parte / Nós temos que cumprir o Livro
Ajude-me a cantar/ Estas canções de liberdade? / Pois, tudo que eu sempre tenho / Canções de redenção/ Canções de redenção.”
 Toda a redenção que necessitamos está em Cristo. Desde a mais elementar escravidão até a salvação final.
O pecado nos lançou em escuridões sem fim. Em becos, em sarjetas existenciais e morais. Nos perdemos sempre. Nossa mente, nossas decisões, nossos caminhos sempre nos levam à lugares sem saída. Cristo é nossa redenção.
Não há a mínima possibilidade de redenção em nós mesmos. Não vamos conseguir consertar as coisas. A redenção está em Jesus. Todas as redenções. Todas as redenções. A principal redenção foi anunciada na cruz - a redenção do pecado.

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