Sermão pregado em
02 de Dezembro de 2018, na Capela Missional em Porto Alegre
Exposições em Levítico
nº 16
A PROFANAÇÃO DO
CULTO
Texto - Levítico 10
O
culto é para Deus, e deve ser feito de acordo com a regulamentação do próprio
Deus, por meio de sua Santa Palavra.
Esta narrativa nos
fala sobre a primeira experiência relatada sobre o culto no santuário. Deus
havia regulamentado toda a forma e conteúdo do sacrifício. Como fazer, detalhe
por detalhe. Os papéis dos sacerdotes e dos sumo sacerdotes, que tipo de
ofertas eles poderiam oferecer.
Quando os dois
jovens foram oferecer o primeiro sacrifício, foram fulminados pelo Senhor. O
texto diz que eles ofereceram “fogo estranho ao Senhor, que o Senhor não
ordenara”.
Provavelmente eles usaram um fogo que não era do Incensário de onde
os sacerdotes deveriam pegar o fogo para os sacrifícios (EX 30.9 e Lv 16.12). O
que podemos concluir que eles, por arrogância e desobediência às normas do
culto, ofereceram o que não deveriam ter oferecido perante o Senhor.
A consequência foi
que eles foram fulminados quando o fogo verdadeiro, o do Senhor desceu. Não
houve um incêndio, mas uma espécie de raio, porque eles foram consumidos, mas
as vestes não.
O texto dá a
entender que inclusive eles estavam bêbados ou sob efeito de bebidas. É isso
que mostra o registro do verso 9, quando o Senhor proíbe o uso de bebidas antes
dos sacerdotes entrarem no santuário.
O texto deixa bem claro a necessidade de
distinguir o que é santo e o que é profano. Entre aquilo que é para ser
oferecido e o que não pode ser oferecido ao Senhor (v.10). O texto também nos
indica por meio das intervenções de Moisés declarando a Palavra do Senhor que a
pregação da Palavra, a santa proclamação da vontade de Deus é que regulamenta o
culto (VS 6 ao 20).
Vamos passo a passo
ver o que aconteceu.
I - OFERECERAM O QUE SENHOR NÃO HAVIA
ORDENADO. V.1
Nadabe e Abiú, filhos de Arão, tomaram cada um o seu incensário, e
puseram neles fogo, e sobre este, incenso, e trouxeram fogo estranho perante a
face do SENHOR, o que lhes não ordenara.
Eles foram cultuar ao Senhor com
elementos estranhos a tudo o que fora
instruído. Eles ofereceram um sacrifício adequado a eles mesmos. Um culto
conveniente a eles.
II - O CULTO COM FOGO ESTRANHO FOI
CONSIDERADO UMA PROFANAÇÃO PELO SENHOR. V.2 Então, saiu fogo de diante do SENHOR e os
consumiu; e morreram perante o SENHOR.
O culto deve ser de acordo com o que
Senhor ordenou. Não pode ser oferecido de acordo com o desejo humano, nem
imaginação humana, mas de acordo com o desejo ou vontade do Senhor.
III - O CULTO AO SENHOR DEVERIA SER
CONFORME SUA SANTIDADE. V.3 E falou Moisés a Arão: Isto é o que o SENHOR disse: Mostrarei a
minha santidade naqueles que se cheguem a mim e serei glorificado diante de
todo o povo. Porém Arão se calou.
O que as pessoas não entendem é que o
culto é para Deus. Não se deve desprezar o culto. Não se deve negligenciar ao
culto. O culto é um tributo, uma homenagem, uma celebração à santidade de Deus.
IV – AO OFERECER UM CULTO DE ACORDO COM A
PRÓPRIA VONTADE, ELES EXPUSERAM A PRÓPRIA CONGREGAÇÃO AO JUÍZO. VS 4-6
4 Então, Moisés chamou a Misael e a Elzafã,
filhos de Uziel, tio de Arão, e disse-lhes: Chegai, tirai vossos irmãos de
diante do santuário, para fora do arraial.
5 Chegaram-se, pois, e os levaram nas suas
túnicas para fora do arraial, como Moisés tinha dito.
6 Moisés disse a Arão e a seus filhos Eleazar e
Itamar: Não desgrenheis os cabelos, nem rasgueis as vossas vestes, para que não
morrais, nem venha grande ira sobre toda a congregação; mas vossos irmãos, toda
a casa de Israel, lamentem o incêndio que o SENHOR suscitou.
O culto oferecido de acordo com a
vontade humana é uma abominação ao Senhor.
Ao não seguir a determinação divina, eles ofenderam ao Senhor, porque consideraram que poderiam cultuar, oferecer a oferta de acordo com a própria determinação e vontade.
As roupas que eles estavam usando não
queimaram, mas tiveram que ser levadas para fora do acampamento porque foram
consideradas impuras.
V – OS SACERDOTES, POR REPRESENTAREM
ALGO MAIOR, DEVERIAM AGIR DE ACORDO COM O PROPÓSITO PARA O QUE FORAM CHAMADOS.
V.77 Não saireis
da porta da tenda da congregação, para que não morrais; porque está sobre vós o
óleo da unção do SENHOR. E fizeram conforme a palavra de Moisés.
Os outros sacerdotes não deveriam nem
mesmo lamentar o ocorrido. Sobre eles estavam a ‘unção” ou seja, eles foram
consagrados para oferecer o culto santo ao Senhor. Não deveriam lamentar a
morte daqueles que tentaram profanar o culto, tendo eles a mesma unção.
O sacerdócio foi instituído por Deus para antecipar por meio de sombras o verdadeiro sacerdote que haveria de vir. O sacerdote da Antiga Aliança, apontava para algo maior, sendo assim ele estava de posse de um título e uma função sagrada por aquilo que ele representava. Ele deveria agir de acordo com seu encargo.
O sacerdócio foi instituído por Deus para antecipar por meio de sombras o verdadeiro sacerdote que haveria de vir. O sacerdote da Antiga Aliança, apontava para algo maior, sendo assim ele estava de posse de um título e uma função sagrada por aquilo que ele representava. Ele deveria agir de acordo com seu encargo.
VI – ELEMENTOS NÃO ORDENADOS NO
CULTO SERIAM PROFANAÇÃO.VS 8-11
8 Falou também o SENHOR a Arão, dizendo:
9 Vinho ou bebida forte tu e teus filhos não
bebereis quando entrardes na tenda da congregação, para que não morrais;
estatuto perpétuo será isso entre as vossas gerações,
10 para fazerdes diferença entre o santo e o
profano e entre o imundo e o limpo
11 e para ensinardes aos filhos de Israel todos
os estatutos que o SENHOR lhes tem falado por intermédio de Moisés.
Temos lido o texto. Temos as Escrituras.
Se o culto não for segundo as Escrituras, podemos fazer qualquer coisa e dizer
que é culto.
No culto, aquilo que não é fruto da
revelação é profanação
O culto é santo, porque é a um Deus
santo. Não se deve tratar o culto com descaso. O culto não prescrito é culto
falso. E colocar elementos estranhos à Palavra no culto é profanação.
VII – AS INSTRUÇÕES DO SENHOR DEVERIAM SER
O CENTRO DO CULTO. VS 12-19
12 Disse Moisés a Arão e aos filhos deste,
Eleazar e Itamar, que lhe ficaram: Tomai a oferta de manjares, restante das
ofertas queimadas ao SENHOR, e comei-a, sem fermento, junto ao altar, porquanto
coisa santíssima é.
13 Comê-la-eis em lugar santo, porque isto é a
tua porção e a porção de teus filhos, das ofertas queimadas do SENHOR; porque
assim me foi ordenado.
14 Também o peito da oferta movida e a coxa da
oferta comereis em lugar limpo, tu, e teus filhos, e tuas filhas, porque foram
dados por tua porção e por porção de teus filhos, dos sacrifícios pacíficos dos
filhos de Israel.
15 A coxa da oferta e o peito da oferta movida
trarão com as ofertas queimadas de gordura, para mover por oferta movida
perante o SENHOR, o que será por estatuto perpétuo, para ti e para teus filhos,
como o SENHOR tem ordenado.
16 Moisés diligentemente buscou o bode da oferta
pelo pecado, e eis que já era queimado; portanto, indignando-se grandemente
contra Eleazar e contra Itamar, os filhos que de Arão ficaram, disse:
17 Por que não comestes a oferta pelo pecado no
lugar santo? Pois coisa santíssima é; e o SENHOR a deu a vós outros, para
levardes a iniqüidade da congregação, para fazerdes expiação por eles diante do
SENHOR.
18 Eis que desta oferta não foi trazido o seu
sangue para dentro do santuário; certamente, devíeis tê-la comido no santuário,
como eu tinha ordenado.
19 Respondeu Arão a Moisés: Eis que, hoje, meus
filhos ofereceram a sua oferta pelo pecado e o seu holocausto perante o SENHOR;
e tais coisas me sucederam; se eu, hoje, tivesse comido a oferta pelo pecado,
seria isso, porventura, aceito aos olhos do SENHOR?
O culto deveria ser oferecido da forma
correta de acordo com as prescrições do senhor tendo a proclamação da palavra o
centro do culto.
Estes últimos
versos mostram como Moisés não apenas instrui como dever ser, mas também mostra
na prática.
Veja que Moisés
usou a revelação divina para consertar o culto profano que foi oferecido. A
maior parte da narrativa são as instruções de Moisés, proclamando a revelação
do Senhor.
Uma vez que o culto
do Antigo Testamento foi cumprido plenamente na pessoa e obra de Jesus, o nosso
culto deve ser em torno dele. Nosso culto, mais do que nunca deve ser
regulamentado pelas Escrituras. Aquilo que está nas Escrituras deveria
ser suficiente para oferecemos no nosso culto ao Senhor.
O que deve fazer
parte do culto: Cânticos, Leitura da Palavra, Pregação e orações. Acrescente-se
os sacramentos: A Ceia do Senhor e o batismo. Mais nada é previsto ou prescrito
na Palavra.
Vejam se não faz
sentido as seguintes palavras:
Calvino:
Não podemos adotar artifício em nosso culto que pareça satisfazer a nós mesmos,
e sem levar em conta as exortações daquele que tem o direito de prescrevê-las.
Portanto, se desejamos que ele aprove nosso culto, esta regre que ele mesmo
enfatiza com muita rigidez, tem de ser observada com zelo.
Calvino:
Deus reprova todos os tipos de cultos não sancionados expressamente por sua
Palavra.
John
Hooper – “Na igreja não deve ser utilizado nada que não tenha a aprovação
expressa das Escrituras. Que não traga qualquer proveito quando utilizado e
nenhum prejuízo quando omitido.”
O culto todo deve
ser em torno da Santíssima Trindade. Ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo.
Tudo
o que fizermos no culto deve ser para a glória de Deus.
O culto
antropocêntrico, centrado nas emoções humanas, sensível aos interessados, nada
disso é o culto bíblico.
O culto bíblico é centrado em Deus. Centrado no Evangelho.
Centrado na obra da cruz.
A música precisa ser bíblica. A música precisa ser
extraída da Palavra.
A oração precisa ser de acordo com a vontade de Deus, como
todas as orações verdadeiras.
A pregação deve ser centrada na Palavra. Centrada
no Evangelho e que anuncie a pessoa e a obra de Cristo para a glória de Deus.
Tyndale
– Busque a Palavra de Deus em todas as coisas, e sem ela não faça nada, mesmo
que pareça glorioso.
Confissão
de Fé de Westminster – A forma aceitável de cultuar ao Deus verdadeiro é instituída
por ele mesmo e é limitada por sua vontade revelada, de modo que ele não pode
ser cultuado segundo as imaginações e invenções humanas, nem segundo as
sugestões de Satanás, sob alguma representação visível, ou por qualquer outra
forma não prescrita da Sagrada Escritura.
O alvo do culto do ponto de vista de
Deus é que conheçamos a obra de seu filho. É que conheçamos a Cristo na cruz.
No culto, Cristo deve ser mostrado vindo ao mundo para salvar os pecadores.
No
culto, Cristo deve ser mostrado “padecendo sob o poder de Pôncio Pilatos, sendo
crucificado, morto e sepultado” – por nós pecadores.
No culto, Cristo deve ser mostrando –
ressuscitado. “Ressurgiu dos mortos ao terceiro dia, está assentado à direita
de Deus Pai, Todo Poderoso.”
No culto, Cristo deve ser mostrado vivo
e presente com seu povo. Até que ele venha, glorioso, para finalmente – nos
mostrar o mundo que há de vir.
Dito isto, eu preciso fazer algumas
considerações finais.
Valorizemos o culto como regulamentado e
determinado por Deus, zelando pelo culto bíblico em sua forma e essência.
Não despreze a importância do culto –
pois o culto é para Deus e é o meio de sermos alimentados, instruídos,
conduzidos, incluídos na igreja e ministrados por Ele.
É pecado negligenciar o culto, uma vez
que o culto é para Deus e na para nós.
O culto não deveria ser aquele evento
que fica na primeira opção de descarte em caso de uma agenda cheia no final de
semana.
Ensine a sua família o que é culto, a
importância do culto e como o Culto deve ser o centro da vida familiar.
O culto sendo é um meio de graça, onde
Deus ministra à família.
A família
recebe as manifestações da graça, participando do culto.
Que venhamos sempre à presença do Senhor
– com um culto verdadeiro, espontâneo, apaixonado – em nome de Cristo – para a
glória de Deus.