Pregado em 25 de março de 2018 na Capela Missional / Porto Alegre.
Exposições no Breve Catecismo de Westminster
PERGUNTA 82. Será alguém capaz de guardar
perfeitamente os mandamentos de Deus?
R. Nenhum mero ser humano, desde a queda de Adão, é
capaz, nesta vida, de guardar perfeitamente os mandamentos de Deus, mas
diariamente os quebra por pensamentos, palavras e obras.
A IMPOSSIBILIDADE DA LEI QUANTO A SALVAÇÃO
- Gálatas 2.16-21
16 sabendo, contudo, que o homem não é justificado por
obras da lei, e sim mediante a fé em Cristo Jesus, também temos crido em Cristo
Jesus, para que fôssemos justificados pela fé em Cristo e não por obras da lei,
pois, por obras da lei, ninguém será justificado.17 Mas se,
procurando ser justificados em Cristo, fomos nós mesmos também achados
pecadores, dar-se-á o caso de ser Cristo ministro do pecado? Certo que não! 18 Porque,
se torno a edificar aquilo que destruí, a mim mesmo me constituo transgressor. 19 Porque
eu, mediante a própria lei, morri para a lei, a fim de viver para Deus. Estou
crucificado com Cristo; 20 logo, já não sou eu quem
vive, mas Cristo vive em mim; e esse viver que, agora, tenho na carne, vivo
pela fé no Filho de Deus, que me amou e a si mesmo se entregou por mim. 21 Não
anulo a graça de Deus; pois, se a justiça é mediante a lei, segue-se que morreu
Cristo em vão.
É
impossível ser salvo pela Lei, porque ninguém consegue obedecê-la, por isso,
necessitamos de um mediador.
Depois
de aprendermos sobre os Dez Mandamentos, chegamos a uma conclusão: é impossível
obedecê-los, logo é impossível sermos salvos se pensarmos nisso tentando
obedecer aos mandamentos.
Se
não podemos guardar a Lei, e a quebra da Lei nos condena, então precisamos de
outro meio de salvação e de um salvador.
A
revelação da Lei no monte Sinais, foi dada a um povo que vivia numa cultura
pecaminosa e idólatra. A revelação da Lei os denunciou, e demonstrou toda a iniquidade
em que viviam. Ele não poderiam ser povo de Deus e viver daquela maneira.
A Lei foi dada para reprimir o pecado. A Lei revela o pecado.
Não era a intenção da Lei destruir o povo, mas salvar o povo da
destruição por causa de seus pecados.
Mas a obediência da Lei não tinha a intenção de justificar o
povo, por isso foi dado cerimônias, que tipificavam a salvação por meio de um
mediador. A Lei era perfeita e ninguém seria perfeito para cumprir uma Lei
perfeita. A Lei como lei não tinha
provisão expiatória. Um cordeiro deveria ser morto.
Não podendo ser salvo pela lei, só se pode ser condenado por
ela.
Rm 3.9-10 - Que se
conclui? Temos nós qualquer vantagem? Não, de forma nenhuma; pois já temos
demonstrado que todos, tanto judeus como gregos, estão debaixo do pecado;
10 como está escrito: Não há justo, nem um sequer.
Esta é a conclusão que chegamos ao olhar para o Monte Sinai.
Esta é a conclusão que chegamos quando olhamos para os Dez Mandamentos. É
impossível.
Existem
duas maneiras que os evangélicos hoje veem a Lei.O Legalismo e o Antinomismo. O
legalismo é o mais comum, e é a tentativa de salvação pelo mérito próprio ao
cumprir alguns mandamentos da Lei. O Antinomismo é a tentativa de viver sem a
lei, mas criando padrões morais para também pelo mérito alcançar a salvação. Na
verdade, são duas formas de legalismo.
O
legalismo nos manda fazer coisas para agradar a Deus.
Para
conquistar o favor de Deus. O legalismo nos manda guardar a Lei para sermos
aceitos por Deus.
A graça nos liberta e nos mostra o caminho da
liberdade. A liberdade do evangelho. A liberdade de servirmos a Deus por amor e
gratidão por tudo o que ele fez por nossa salvação.
I
– A LEI NÃO JUSTIFICA O PECADOR v.16
Aqui está o sentido da fé em Cristo, nos
justificar. Ele cumpriu a Lei em nosso lugar, logo a Lei não pode mais nos
condenar. Também não devemos usar a Lei como fundamento da nossa salvação. Quem
pensa que é salvo porque obedece os mandamentos está negando a obra de Cristo. A mensagem de Gálatas é tudo o que
legalismo não quer ouvir.
O
legalismo é a salvação por meio de obras meritórias.
A
graça é a salvação unicamente pela fé nos méritos de Cristo.
A
carta de Gálatas é uma mensagem que faz o marco divisório. Que inaugura a
diferença entre judaísmo e cristianismo.
A
liberdade chegou por meio de Cristo. O medo de não ser aceito por Deus chegou
ao fim.
O
medo da lei chegou ao fim. A condenação
da Lei chegou ao fim.
Esta
carta anuncia que a Lei não poderia
salvar, mas somente condenar. Quem quebrasse a Lei deveria ser condenado. Mas
quem cumprisse a lei também seria condenado se não fosse a graça. Somente a
graça de Cristo é o verdadeiro evangelho. A graça é a verdadeira mensagem do
Evangelho. Pois a graça é libertação em todos os sentidos.
Libertação
do poder do pecado. Libertação da condenação do pecado.
Libertação
da condenação de Deus. Libertação da ira de Deus.
Libertação
do medo de se aproximar de Deus.
Quem
prega o evangelho do mérito, não está pregando o evangelho.
Quem
prega o evangelho sem a graça, não está pregando o evangelho.
O
evangelho é a palavra de salvação porque diz que o salvador veio ao mundo.
Que
o salvador chegou para salvar. Que a morte de Cristo levou nossa condenação. Que
a morte de Cristo levou nossa culpa.
Que
a morte de Cristo é suficiente para Deus nos declarar justificados. Nos
declarar justos. Não somos justos, mas Deus coloca em nós a justiça de Cristo.
Não somos bons, mas Deus declara sobre nós a bondade de Cristo. Não somos
santos, mas Deus coloca sobre nós a santidade de Cristo.
Justificação
não é mérito nosso – mas é a justiça de Cristo – mérito de Cristo. O Evangelho
prega o mérito de Cristo. O Evangelho prega a salvação do pecador pelos méritos
de Cristo. É por meio de Cristo que Deus nos aceita.
II – O EVANGELHO É CRISTO NOS LIBERTANDO DA
CONDENAÇÃO DA LEI. V. 17 -21
O
Judaismo antigo e o legalismo moderno, procuram restaurar a salvação pelas
obras e pelos méritos. Alguns dizem que a salvação somente pela fé, nos deixa
livres para pecar. Isto é fazer de Cristo ministro do pecado como o texto
afirma. Mas quem está em Cristo está morto para a lei, porque Cristo morreu
debaixo da Lei e sofreu todo o juízo da Lei em nosso lugar.
A Lei nos procurava para condenar. A lei nos matava, porque quem
quebra a lei merece a condenação. Cristo veio e cumpriu a Lei em nosso lugar.
Ele não quebrou a Lei, mas morreu como se tivesse quebrado a lei.
Ele morreu como um transgressor da lei. Porque? Porque ele assumiu o
nosso lugar. O pecador deveria morrer por ser o transgressor da lei. Mas Jesus
morreu no lugar dele.
Agora a Lei não pode mais condenar o pecador que está em Cristo.
Porque a Lei já matou a Cristo, agora o pecador está livre da
condenação da Lei.
A condenação já foi cumprida. Agora o pecador está livre da condenação
e pode viver sem medo da condenação. Esta é a alegria da salvação. Agora a Lei é aliada e não mais inimiga.
Agora cumprir a Lei é prazer e não um jugo.
Quando descobrimos que não podemos cumprir a Lei e que a Lei vai nos
condenar, corremos para o Evangelho.
A Lei nos leva ao evangelho. Ela nos condena para que corramos para a
solução. Com o Evangelho descobrimos que Deus mesmo proporcionou a solução que é Jesus Cristo. Mas veja que
isto já estava incluído na própria Lei na Antiga Aliança – os sacrifícios e o
culto apontavam para o salvador. Jesus
oferece a obediência perfeita à Lei. Ele
nos representa diante de Deus. Jesus é aquele que obedeceu a Lei por nós. Não
podemos ser salvos por nossa própria obediência. Mas tudo o que Jesus fez conta
pra todos os que confiam nele.
Lutero: “ O
Cristo que é entendido pela fé e que vive no coração é a verdadeira justiça
cristã, por cuja causa Deus nos considera justos e nos dá a vida eterna.”
Como não conseguimos cumprir a Lei precisamos de um mediador, caso
contrário enfrentaremos a justiça de Deus completamente sós e dependendo de
nossa própria justiça.
Já que a Lei no não nos salva, qual é sua função para nós? A Lei nos
ensina como viver uma vida que Deus quer de nós. Ela nos ensina a viver.
Thomas Watson:
Mesmo que o cristão não esteja sob o poder condenatório da Lei, ainda está sob
o seu poder ordenador.
Cristo nos
libertou do poder condenatório da Lei, mas agora nos ensina seu poder santificador.
Ele nos ensina a obedecer à vontade de Deus, revelada na Lei. Ele explica a Lei
de Deus e a coloca em nosso coração.
Samuel Bolton: A
Lei nos envia ao Evangelho para que sejamos justificados, e o Evangelho nos
envia de volta à Lei para sermos santificados. A Lei nos envia ao evangelho
para nossa justificação, o Evangelho nos devolve à Lei para nossa santificação.
A lei nos leva a Cristo para nos mostrar a graça que nos salva. Cristo
nos mostra a Lei para que nossa vida seja moldada segundo a vontade de Deus.
Não guardamos a Lei para sermos salvos. É pela graça que somos salvos. Mas
guardamos a Lei porque somos salvos. Fomos salvos para glorificar a Deus e
glorificamos a Deus guardando seus mandamentos. Guardamos os mandamentos com a
leveza da graça. Guardamos os mandamentos sem medo da condenação. Cristo nos
livrou deste medo.
Não podemos viver uma vida verdadeira cristã sem que tenhamos sido
confrontados pela Lei quanto ao nosso pecado.
Não podemos viver uma vida verdadeiramente cristã, sem a certeza de
que fomos aceitos por Deus pelos méritos de Cristo na cruz.
Não podemos viver uma vida verdadeiramente cristã, sem que nossa vida
seja moldada pela Lei de Deus.
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