Pregado em 12 de Agosto de 2018 - na Capela Missional - Igreja Cristã de Confissão Reformada em Porto Alegre.
UM CHAMADO À SANTIDADE
LEVÍTICO 1.1 - Chamou o SENHOR a Moisés e, da tenda da congregação,
lhe disse: 2 Fala aos filhos de Israel e dize-lhes: Quando algum de vós
trouxer oferta ao SENHOR,
O sistema de sacrifícios
instituído por Deus demonstrava a pecaminosidade do ser humano e os meios que
Deus adotara para restaurar o pecador e o aproximar de si mesmo.
A primeira palavra do livro – Vayikrá - Chamou – é o nome original do livro .
É um termo de convocação, como um
grito.
A mesma expressão está em Genesis na criação. Deus "chamou" (Vayikrá) à luz, dia - ao firmamento, céus - Ao elemento seco, terra - etc. Este termo é mais do que nominar - é chamar, gritar. É a manifestação por excelência da Palavra divina. Tudo foi feito pela palavra.
Vayikrá é uma expressão forte e bonita. Em hebraico fica um som poderoso.
As ressonâncias,(sim Vayikrá é uma ressonância, uma palavra marcante), refletiu em outras linguas como o grego - Kra/tzo - lançar um grito
Kery/sso - proclamar, dicursar.
Kery/gma - anunciar em alta voz, pregar, falar uma mensagem.
Cry (inglês)- chorar - mas também, grito, clamor, voz pública etc.
Krahen (galês), Schreien (alemão), Gridare (italiano), Krial (bretão),
A raiz QR do hebraico não é um som qualquer. É o Som. É um som que penetra até o profundo da alma. No Salmo 42.7 - diz Tehôm el Tehôm Korê - um abismo chama (grita) a outro abismo. As ondas, as vagas encapeladas soam, ressoam, estrondam (gritam) uma de encontro às outras.
Korê leva ao Corão - livro do árabes - O livro do grito.
Sansão chamou (Qará), gritou a Deus (JZ 16.28). Vayikrá, também lembra o grito da águia.
Por isso Levítico é um chamado, um grito divino, uma convocação divina a Moisés para que falasse ao povo a Lei da santidade.
O nome Levítico não é original, mas é fruto das traduções mais tarde.
A Tenda da Congregação se refere
ao Tabernáculo que foi construído sob as ordens e modelo divino. Aqui já começa
todo o significado do tabernáculo.
O autor de Hebreus diz que o que
é ordenado em Levítico eram sobras das coisas celestes - “ministram em figura e sombra das coisas
celestes” Hebreus 8.5
Hebreus
9. 23 Era necessário, portanto, que as figuras das coisas que se acham nos
céus se purificassem com tais sacrifícios, mas as próprias coisas celestiais,
com sacrifícios a eles superiores. 24 Porque Cristo não entrou em
santuário feito por mãos, figura do verdadeiro, porém no mesmo céu, para
comparecer, agora, por nós, diante de Deus;
O Tabernáculo feito por Moisés
era uma sombra do Verdadeiro Tabernáculo que está nos céus. Este tabernáculo
celeste não é um tabernáculo literal, mas é uma referência às excelências e
perfeições de Cristo.
Tudo o que está registrado em
Levítico é revelação de Deus. O texto diz – Chamou Deus a Moisés e, da tenda da
congregação, lhe disse: Fala aos filhos de Israel e dize-lhes. A partir daí ele
inicia uma longa instrução de como tudo deveria ser feito.
Levítico, portanto, com exceção
dos capítulos 9 e 10 que são comentários do autor, todo o livro é Palavra
direta de Deus.
Levítico é um livro onde podemos
aprender tudo sobre a pessoa e obra de Cristo.
Em Levítico aprendemos sobre a
essência do cristianismo bíblico. Especialmente para hoje onde temos aquele
cristianismo que ensina ofertas e sacrifícios para se chegar a Deus. Também
aquele cristianismo que ensina a busca de Deus em lugares especiais. Ou aquele
cristianismo mais místico, do lugar secreto, da fumaça que esconde, do santo
dos santos- onde se ensina que Deus deve ser buscado por meio de altares
particulares.
Levítico ensina sobre a
suficiência do método de Deus para cultuar, para conhecer a Deus, para o
encontro com Deus e principalmente para a nossa salvação.
Levítico é o terceiro livro do
PENTATEUCO.
PENTATEUCO são os Cinco Primeiros
livros da Bíblica.
Penta é cinco – como o Brasil é
Penta.
AUTOR – Assim como dos outros
cinco – o autor do livro é Moisés.
DATA – Foi escrito por volta de
1.400 a.C. enquanto o povo de Israel estava no deserto depois que saiu do
Egito.
O TEMA – O tema é santidade de
Deus, a santidade do culto e a santidade do povo escolhido.
Isso significa que Deus é santo e
exige a santidade de seu povo. Exige também que o culto oferecido seja santo,
isto é segundo a vontade de Deus.
Santidade é separação. Separação
daquilo que não puro, que não é limpo.
O TEXTO CHAVE – É o capítulo
11.45 – Sejam santos, porque eu o SENHOR sou Santo.”
O CONTEÚDO. O principal conteúdo
são os sacrifícios que o povo de Israel deveria oferecer.
Os principais eram
1 - HOLOCAUSTO – Capítulo 1 – Era
um sacrifício de animais – Gado grande ou pequeno – para que a pessoa pudesse
se aproximar de Deus mesmo sendo uma pecadora.
Este sacrifício representava a
morte de Cristo que nos aproxima de Deus.
2 - OFERTA BANQUETE ou de
MANJARES – Capítulo 2 – Era um sacrifício
com grãos, flor de farinha e incenso, pães sem fermente e sal – para que
a pessoa pudesse se consagrar a Deus, ser aceita na presença de Deus.
Este sacrifício representava a
Cristo – porque Cristo é o sacrifício que nos permite sermos aceitos por Deus. Enquanto o holocausto representava a morte perfeita de Cristo, este sacrifício representava a vida perfeita de Cristo.
3 – OFERTA PACÍFICA, DE PAZ –
Capítulo 3 – Era com animal, pães e tortas – Era para comunhão com Deus. Um
pouco era oferecido por Deus e outra parte a pessoa comia. Era como se a pessoa
e Deus estivessem numa mesa.
Cristo é nossa oferta de paz que
nos permite ter comunhão com Deus. Este sacrifício representava a obra de Cristo quanto à nossa reconciliação com Deus.
4 – OFERTA PELO PECADO – Capítulo
4 e 5 – Animais e flor de farinha. Era uma oferta pelo perdão dos pecados.
Cristo é o sacrifício pelos nossos pecados.
5 – PELA CULPA – Capítulo 5.14 ao
7 – Era para que Deus não punisse o pecador pelo seu pecado. Tornasse ele sem
culpa. Cristo é nossa oferta pela culpa.
Todos os sacrifícios
representavam a Cristo, por isso, Jesus foi a última oferta para Deus – depois
que ele morreu na cruz – nenhuma oferta ou sacrifício devem ser oferecidos mais
a Deus. Nem para sermos aceitos, nem para termos comunhão com ele e nem para
que ele nos perdoe. Cristo é a oferta que foi oferecida em nosso favor.
6 – O DIA DA EXPIAÇÃO – Capítulo
16 – Uma vez por ano eram oferecidos sacrifícios por todo o povo. Todas as
tribos deveriam se reunir para que o Sumo Sacerdote oferecesse sacrifícios em
favor da congregação toda. Era o dia especial. O Dia da Expiação é o ponto alto dos sacrifícios, pois
neste dia os sacrifícios incluíam e abrangiam todo o povo. Era a principal data
do Antigo Testamento.
O
Verdadeiro Dia da Expiação foi o dia em que nosso Senhor Jesus Cristo foi
crucificado. Este dia da Expiação israelita apontava para
Cristo na Cruz. Ele fez a expiação – conseguiu o perdão – dos nossos pecados.
Todas estas ordenanças eram para
o perdão dos pecados do povo e para a aceitação na presença de Deus.
Estes sacrifícios ou ofertas
representavam a Cristo. É como se aquelas pessoas estivessem contemplando
Cristo na cruz. Elas não tinham noção da grandeza daquilo que estavam fazendo. Pensavam
ser apenas um sacrifício exigido por Deus. Elas não sabiam, mas Deus sabia. Não
apenas sabia, mas havia estabelecido este meio. Havia determinado que fosse
assim e estava incluindo elas na obra perfeita de Cristo, o verdadeiro e
definitivo sacrifício.
Nós vamos ver que cada detalhe
aponta para Cristo.
As ofertas que a pessoa trazia a
substituía diante de Deus. O pecado dela era punido no sacrifício e a pessoa
ficava livre da condenação. Isso mostra que nenhuma pessoa pode ser seu próprio
salvador ou mediador.
O Senhor Jesus Cristo na cruz foi
o perfeito sacrifício.
Hebreus
10. 10 Nessa vontade é que temos sido santificados, mediante a oferta do
corpo de Jesus Cristo, uma vez por todas.
11 Ora,
todo sacerdote se apresenta, dia após dia, a exercer o serviço sagrado e a
oferecer muitas vezes os mesmos sacrifícios, que nunca jamais podem remover
pecados; 12 Jesus, porém, tendo oferecido, para sempre, um único
sacrifício pelos pecados, assentou-se à destra de Deus,
O cristão que não entender isso
continuará a tentar salvar a si mesmo.
Tentará chegar a Deus por meio de
seu culto, de suas ofertas e de sacrifícios.
A religião que ensina ofertas e
sacrifícios para se chagar a Deus é falsa. Nega a suficiência de Cristo.
Também a religião que ensina que
Deus está em lugares deve ser rejeitada.
Deus revelou a lei no Monte Sinai
- Ex 19
Falou com Moisés na Tenda do
Encontro - Lev 1.2
Muitos ainda procuram a Deus em
montes, até mesmo no Sinai.
Outros estão à procura da Tenda
do Encontro.
Eles não sabem que desde que
Cristo "tabernaculou" entre nós - João 1.14 - Ele se fez monte e
tabernáculo - e pode ser encontrado em plenitude na existencialidade pura, na
realidade da vida, no coração e na experiência real de cada um que crê nele
como salvador enviado por Deus.
Por isso ensinamos um dos
distintivos da Reforma Protestante – Solus Christus, Somente Cristo. A
suficiência de Cristo para a salvação.
Você não precisa sacrificar nada
para chegar diante de Deus – Cristo é teu sacrifício.
Você não precisa ofertar nada no altar
para ser aceito por Deus – Cristo é a oferta e é o altar do encontro com Deus.
Você não precisa dar nada a Deus
para comprar ou merecer a sua bênção vida – Cristo é o mérito da tua bênção.
A única coisa que precisamos é
crer em Cristo como nosso substituto, como nosso sacrifício, como nossa oferta,
como nosso meio de chegamos a Deus. De sermos aceitos por ele, salvos por ele,
perdoados por Ele.
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