quinta-feira, 12 de abril de 2018

O arrependimento como graça salvadora - O arrependimento de Davi

Pregado em 08 de abril de 2018 na Capela Missional / Porto Alegre

PERGUNTA 85. Que exige Deus de nós para que possamos escapar a sua ira e maldição em que temos incorrido pelo pecado?
R. Para escaparmos à ira e maldição de Deus, em que temos incorrido pelo pecado, Deus exige de nós fé em Jesus Cristo e arrependimento para a vida, com o uso diligente de todos os meios exteriores pelos quais Cristo nos comunica as bênçãos da redenção.
PERGUNTA 86. Que é fé em Jesus Cristo?
R. Fé em Jesus Cristo é uma graça salvadora, pela qual o recebemos e confiamos só nEle para a salvação, como Ele nos é oferecido.
PERGUNTA 87. Que é arrependimento para a vida?
R. Arrependimento para a vida é uma graça salvadora pela qual o pecador, tendo um verdadeiro sentimento do seu pecado e percepção da misericórdia de Deus em Cristo, se enche de tristeza e de horror pelos seus pecados, abandona-os e volta para Deus, inteiramente resolvido a prestar-lhe nova obediência.


O ARREPENDIMENTO É UMA OBRA DA GRAÇA DIVINA -  2 Samuel 12 1-13
O SENHOR enviou Natã a Davi. Chegando Natã a Davi, disse-lhe: Havia numa cidade dois homens, um rico e outro pobre. 2 Tinha o rico ovelhas e gado em grande número; 3 mas o pobre não tinha coisa nenhuma, senão uma cordeirinha que comprara e criara, e que em sua casa crescera, junto com seus filhos; comia do seu bocado e do seu copo bebia; dormia nos seus braços, e a tinha como filha. 4 Vindo um viajante ao homem rico, não quis este tomar das suas ovelhas e do gado para dar de comer ao viajante que viera a ele; mas tomou a cordeirinha do homem pobre e a preparou para o homem que lhe havia chegado. 5 Então, o furor de Davi se acendeu sobremaneira contra aquele homem, e disse a Natã: Tão certo como vive o SENHOR, o homem que fez isso deve ser morto. 6 E pela cordeirinha restituirá quatro vezes, porque fez tal coisa e porque não se compadeceu.7 Então, disse Natã a Davi: Tu és o homem. Assim diz o SENHOR, Deus de Israel: Eu te ungi rei sobre Israel e eu te livrei das mãos de Saul; 8 dei-te a casa de teu senhor e as mulheres de teu senhor em teus braços e também te dei a casa de Israel e de Judá; e, se isto fora pouco, eu teria acrescentado tais e tais coisas. 9 Por que, pois, desprezaste a palavra do SENHOR, fazendo o que era mau perante ele? A Urias, o heteu, feriste à espada; e a sua mulher tomaste por mulher, depois de o matar com a espada dos filhos de Amom. 10 Agora, pois, não se apartará a espada jamais da tua casa, porquanto me desprezaste e tomaste a mulher de Urias, o heteu, para ser tua mulher.11 Assim diz o SENHOR: Eis que da tua própria casa suscitarei o mal sobre ti, e tomarei tuas mulheres à tua própria vista, e as darei a teu próximo, o qual se deitará com elas, em plena luz deste sol.12 Porque tu o fizeste em oculto, mas eu farei isto perante todo o Israel e perante o sol.13 Então, disse Davi a Natã: Pequei contra o SENHOR. Disse Natã a Davi: Também o SENHOR te perdoou o teu pecado; não morrerás.
O arrependimento que traz o perdão ao pecador é também uma obra de graça de Deus.
Passou bastante tempo, entre os pecados de Davi e este encontro com Natan. Isto se prova porque no fim desta narrativa, o filho de Davi com Batseba já havia nascido.
Isto prova o quanto o coração de Davi estava endurecido, o quanto estava insensível ao pecado e o quanto estava obstinado na sua iniquidade.
I – A OBSTINAÇÃO DO PECADOR É UMA OFENSA AO SENHOR. VS 1-4
1 - Vejam que a iniciativa é do Senhor. O verso primeiro informa que “O Senhor enviou Natan a Davi..”
Vejam como a graça de Deus é maravilhosa ao tomar a iniciativa para levar o pecador ao arrependimento.
2 – O Senhor procura convencer Davi de seu pecado – ao contar uma história de exploração de um homem rico contra um pobre, Deus está invadindo a mente de Davi para o convencer de seu pecado.
II – A DUREZA DO CORAÇÃO É SINAL DA OBSTINAÇÃO DO PECADOR – VS 5-6
1 – O coração obstinado não reconhece pecado em si mesmo. 5 Então, o furor de Davi se acendeu sobremaneira contra aquele homem, e disse a Natã: Tão certo como vive o SENHOR, o homem que fez isso deve ser morto.
O verso 5 nos diz que Davi ficou enfurecido, decretando até mesmo a pena de morte ao homem que explorou o pobre.
2 – O coração obstinado julga os outros, mas não a si mesmo. 6 E pela cordeirinha restituirá quatro vezes, porque fez tal coisa e porque não se compadeceu.
O verso 6 nos diz que Davi sabia exatamente o que fazer em relação ao outro, mas não pensou em si mesmo. Não pensou em seu pecado em nenhum momento.
III – A OBSTINAÇÃO DO PECADOR NO SEU PECADO É INGRATIDÃO QUANTO AS DÁDIVAS DO SENHOR – VS.7-9
1 – O obstinado necessita ser confrontado pela Palavra para reconhecer sua situação. 7 Então, disse Natã a Davi: Tu és o homem. Assim diz o SENHOR, Deus de Israel: Eu te ungi rei sobre Israel e eu te livrei das mãos de Saul;  No verso 7 vimos que depois que Davi emite sua sentença de morte e restituição a quem ele pensava ser o transgressor, Natan diz: tu é este homem. Não há outra forma de uma pessoa tomar consciência de pecado, a não pela ação da Palavra de Deus, e por meio do Espírito Santo.
2 – O obstinado necessita reconhecer que seu pecado é uma reação ingrata à graça de Deus. v. 8 dei-te a casa de teu senhor e as mulheres de teu senhor em teus braços e também te dei a casa de Israel e de Judá; e, se isto fora pouco, eu teria acrescentado tais e tais coisas. 9 Por que, pois, desprezaste a palavra do SENHOR, fazendo o que era mau perante ele? A Urias, o heteu, feriste à espada; e a sua mulher tomaste por mulher, depois de o matar com a espada dos filhos de Amom.
No verso 8, o Senhor mostra que Davi havia sido abençoado em todos os sentidos. Deus havia acrescentado dádivas a Davi e poderia acrescentar muito mais. O desprezo à Palavra do Senhor que levou Davi a pecar, conforme o verso 9.
IV – A OBSTINAÇÃO DO PECADOR RESULTA EM JUSTO JUÍZO DE DEUS – VS 10- 12
1 –O pecado sempre é resultado do afastamento da Palavra - . v. 10 Agora, pois, não se apartará a espada jamais da tua casa, porquanto me desprezaste e tomaste a mulher de Urias, o heteu, para ser tua mulher.
Veja que a causa do pecado foi o afastamento da Palavra.
Um frase atribuída a Moody, afirma – ou a Palavra vai te afastar do pecado ou o pecado te afastará da Palavra.
2 – A consequência do pecado é juízo. v.11 Assim diz o SENHOR: Eis que da tua própria casa suscitarei o mal sobre ti, e tomarei tuas mulheres à tua própria vista, e as darei a teu próximo, o qual se deitará com elas, em plena luz deste sol.
Isso se cumpriu totalmente na vida de Davi, quando um de seus filhos tomou as mulheres de Davi num espetáculo público mais a frente. E também quando seus filhos fizeram guerra entre eles. O juízo divino segue-se ao pecado obstinado.
V – A OBSTINAÇÃO DO PECADOR PODE SUPERADA PELA GRAÇA DE DEUS POR MEIO DO ARREPENDIMENTO. V.13
13 Então, disse Davi a Natã: Pequei contra o SENHOR. Disse Natã a Davi: Também o SENHOR te perdoou o teu pecado; não morrerás.
1 – Davi se arrepende, mas porque Deus o levou ao arrependimento. “Pequei contra o SENHOR”. Esta afirmação é seu arrependimento. Mas ele só aconteceu porque Deus o procurou e o confrontou. Porque Deus mesmo mostrou seu pecado.
2 – A consequência do pecado é o juízo, mas a consequência da graça é o perdão. Disse Natã a Davi: Também o SENHOR te perdoou o teu pecado; não morrerás.
O arrependimento de Davi o levou ao perdão. O Salmo 51 é sua oração de arrependimento.
Veja que Davi praticou uma das mais tenebrosas progressões do pecado. Mas veja, também, que ele oferece um dos mais comoventes arrependimentos da história.
Ele apela para a benignidade e misericórdia do Senhor –v.1 Compadece-te de mim, ó Deus, segundo a tua benignidade; e, segundo a multidão das tuas misericórdias, apaga as minhas transgressões.
Ele reconhece a gravidade de seu pecado – vs 2-3 Lava-me completamente da minha iniquidade e purifica-me do meu pecado. 3 Pois eu conheço as minhas transgressões, e o meu pecado está sempre diante de mim.
Ele reconhece que seu pecado é mais do que um ato mau, é uma ofensa contra Deus – v.4 Pequei contra ti, contra ti somente, e fiz o que é mau perante os teus olhos, de maneira que serás tido por justo no teu falar e puro no teu julgar.
Ele reconhece sua verdadeira natureza e sua condição de perdido – v.5 Eu nasci na iniquidade, e em pecado me concebeu minha mãe.
Ele reconhece a justiça santa de Deus – v.6 - Eis que te comprazes na verdade no íntimo e no recôndito me fazes conhecer a sabedoria.
Ele reconhece que necessita de uma transformação radical – vs7-12 - Purifica-me com hissopo, e ficarei limpo; lava-me, e ficarei mais alvo que a neve. 8 Faze-me ouvir júbilo e alegria, para que exultem os ossos que esmagaste. 9 Esconde o rosto dos meus pecados e apaga todas as minhas iniquidades. 10 Cria em mim, ó Deus, um coração puro e renova dentro de mim um espírito inabalável. 11 Não me repulses da tua presença, nem me retires o teu Santo Espírito. 12 Restitui-me a alegria da tua salvação e sustenta-me com um espírito voluntário. Livra-me dos crimes de sangue, ó Deus, Deus da minha salvação, e a minha língua exaltará a tua justiça.
Ele se propõe a mudar sua cultura de vida – VS 13-14 - Então, ensinarei aos transgressores os teus caminhos, e os pecadores se converterão a ti. 14 Livra-me dos crimes de sangue, ó Deus, Deus da minha salvação, e a minha língua exaltará a tua justiça. 15 Abre, Senhor, os meus lábios, e a minha boca manifestará os teus louvores..
*Ele, finalmente entende que tipo de vida é aquela que agrada a Deus –
16 Pois não te comprazes em sacrifícios; do contrário, eu tos daria; e não te agradas de holocaustos. 17 Sacrifícios agradáveis a Deus são o espírito quebrantado; coração compungido e contrito, não o desprezarás, ó Deus.
O pecado afasta o ser humano de Deus e o coloca em condição, em estado de perdição. O pecado lançou o ser humano em um estado de miséria espiritual, existencial e moral contra o qual nada pode fazer. É nesta condição que o pecador permanece até que Deus o alcance. O meio de Deus é Jesus Cristo. Até que Cristo o alcance esta é a condição do pecador, perdido. Até que Jesus Cristo o salve.
Novamente a Pergunta 87 - Que é arrependimento para a vida? R. Arrependimento para a vida é uma graça salvadora pela qual o pecador, tendo um verdadeiro sentimento do seu pecado e percepção da misericórdia de Deus em Cristo, se enche de tristeza e de horror pelos seus pecados, abandona-os e volta para Deus, inteiramente resolvido a prestar-lhe nova obediência.

 O arrependimento é exigido do pecador. Mas este arrependimento é um chamado de Deus. Um chamado ao salvador. Não podemos nos salvar, precisamos exercer fé em Jesus Cristo. Fé na obra de Cristo na cruz. Deus nos chama à Cruz. Deus nos chama a Jesus Cristo. Deus nos chama ao arrependimento. Nosso arrependimento é uma obra da graça. Da maravilhosa graça de um Deus que nos chama abandonar nossos pecados e a confiar na obra de Cristo na cruz.

quarta-feira, 11 de abril de 2018

Pecados Maiores - Estudo do caso de Davi e Bate-Seba. - Pergunta 83 do Breve Catecismo

Pregado em 1 de Abril de 2018 na Capela Missional / Porto Alegre

Exposições no Breve Catecismo de Westminster

PERGUNTA 83. São igualmente odiosas todas as transgressões da lei?
R. Alguns pecados em si mesmos, e em razão de circunstâncias agravantes, são mais odiosos à vista de Deus do que outros.



               UMA HISTÓRIA DE APROFUNDAMENTO NO PECADO
1 Samuel 11.1 – 27 - Decorrido um ano, no tempo em que os reis costumam sair para a guerra, enviou Davi a Joabe, e seus servos, com ele, e a todo o Israel, que destruíram os filhos de Amom e sitiaram Rabá; porém Davi ficou em Jerusalém. 2 Uma tarde, levantou-se Davi do seu leito e andava passeando no terraço da casa real; daí viu uma mulher que estava tomando banho; era ela mui formosa. 3 Davi mandou perguntar quem era. Disseram-lhe: É Bate-Seba, filha de Eliã e mulher de Urias, o heteu. 4 Então, enviou Davi mensageiros que a trouxessem; ela veio, e ele se deitou com ela. Tendo-se ela purificado da sua imundícia, voltou para sua casa. 5 A mulher concebeu e mandou dizer a Davi: Estou grávida. 6 Então, enviou Davi mensageiros a Joabe, dizendo: Manda-me Urias, o heteu. Joabe enviou Urias a Davi. 7 Vindo, pois, Urias a Davi, perguntou este como passava Joabe, como se achava o povo e como ia a guerra. 8 Depois, disse Davi a Urias: Desce a tua casa e lava os pés. Saindo Urias da casa real, logo se lhe seguiu um presente do rei. 9 Porém Urias se deitou à porta da casa real, com todos os servos do seu senhor, e não desceu para sua casa. 10 Fizeram-no saber a Davi, dizendo: Urias não desceu a sua casa. Então, disse Davi a Urias: Não vens tu de uma jornada? Por que não desceste a tua casa? 11 Respondeu Urias a Davi: A arca, Israel e Judá ficam em tendas; Joabe, meu senhor, e os servos de meu senhor estão acampados ao ar livre; e hei de eu entrar na minha casa, para comer e beber e para me deitar com minha mulher? Tão certo como tu vives e como vive a tua alma, não farei tal coisa. 12 Então, disse Davi a Urias: Demora-te aqui ainda hoje, e amanhã te despedirei. Urias, pois, ficou em Jerusalém aquele dia e o seguinte. 13 Davi o convidou, e comeu e bebeu diante dele, e o embebedou; à tarde, saiu Urias a deitar-se na sua cama, com os servos de seu senhor; porém não desceu a sua casa. 14 Pela manhã, Davi escreveu uma carta a Joabe e lha mandou por mão de Urias. 15 Escreveu na carta, dizendo: Ponde Urias na frente da maior força da peleja; e deixai-o sozinho, para que seja ferido e morra. 16 Tendo, pois, Joabe sitiado a cidade, pôs a Urias no lugar onde sabia que estavam homens valentes. 17 Saindo os homens da cidade e pelejando com Joabe, caíram alguns do povo, dos servos de Davi; e morreu também Urias, o heteu. 18 Então, Joabe enviou notícias e fez saber a Davi tudo o que se dera na batalha. 19 Deu ordem ao mensageiro, dizendo: Se, ao terminares de contar ao rei os acontecimentos desta peleja, 20 suceder que ele se encolerize e te diga: Por que vos chegastes assim perto da cidade a pelejar? Não sabíeis vós que haviam de atirar do muro? 21 Quem feriu a Abimeleque, filho de Jerubesete? Não lançou uma mulher sobre ele, do muro, um pedaço de mó corredora, de que morreu em Tebes? Por que vos chegastes ao muro? Então, dirás: Também morreu teu servo Urias, o heteu. 22 Partiu o mensageiro e, chegando, fez saber a Davi tudo o que Joabe lhe havia mandado dizer. 23 Disse o mensageiro a Davi: Na verdade, aqueles homens foram mais poderosos do que nós e saíram contra nós ao campo; porém nós fomos contra eles, até à entrada da porta. 24 Então, os flecheiros, do alto do muro, atiraram contra os teus servos, e morreram alguns dos servos do rei; e também morreu o teu servo Urias, o heteu. 25 Disse Davi ao mensageiro: Assim dirás a Joabe: Não pareça isto mal aos teus olhos, pois a espada devora tanto este como aquele; intensifica a tua peleja contra a cidade e derrota-a; e, tu, anima a Joabe. 26 Ouvindo, pois, a mulher de Urias que seu marido era morto, ela o pranteou. 27 Passado o luto, Davi mandou buscá-la e a trouxe para o palácio; tornou-se ela sua mulher e lhe deu à luz um filho. Porém isto que Davi fizera foi mau aos olhos do SENHOR.

Pecados são pecados, mas há pecados mais graves do que outros.
Não existe pecado sem importância, pois o menor pecado é contra a santidade de Deus. O menor pecado é uma ofensa a Deus, por que a santidade de Deus é infinita. Ele é absolutamente puro. Por isso não se pode amar, nem se apagar a um pequeno pecado. Todo pecado é pecado.
PERGUNTA 84. Que merece cada pecado?
R. Cada pecado merece a ira e a maldição de Deus, tanto nesta vida como na vindoura.
Mas alguns pecados são em si mesmos mais malignos do que outros em razão de circunstâncias e fatores agravantes.  O pecado de assassinato é pior do que o pecado do roubo; o pecado do roubo é pior do que o da preguiça. O pecado do adultério é pior do que o da piada suja.
Vejamos o que a Bíblia no diz sobre este assunto: Lc 12.10 -  Todo aquele que proferir uma palavra contra o Filho do Homem, isso lhe será perdoado; mas, para o que blasfemar contra o Espírito Santo, não haverá perdão.
João 19.11 - Respondeu Jesus: Nenhuma  autoridade terias sobre mim, se de cima não te fosse dada; por isso, quem me entregou a ti maior pecado tem.
1 João 5. 16 Se alguém vir a seu irmão cometer pecado não para morte, pedirá, e Deus lhe dará vida, aos que não pecam para morte. Há pecado para morte, e por esse não digo que rogue. 17 Toda injustiça é pecado, e há pecado não para morte.
Se todos os pecados fossem iguais, se não houvesse diferenças entre a gravidade de certos tipos de pecados então cobiçar e adulterar seria a mesma coisa – logo já que cobiçamos e cobiçar é a mesma coisa que consumar o ato, vamos consumar. Já que pensamentos impuros é pecado, passar a mão, por exemplo é igual a consumar um ato, então  porque não?
Mas não é isso que a Bíblia ensina. O ensino bíblico é que não nos afundemos no pecado. Um exemplo disso é o capítulo esta narrativa sobre os acontecimentos entre Davi, Bate-Seba e seu marido Urias. Esta narrativa é descreve alguém que aprofundou sua vida de pecado.
Vejamos como Davi se aprofundou e afundou no caminho do pecado.

O PRIMEIRO DEGRAU – DA DESOCUPAÇÃO AO ADULTÉRIO. –VS 1-4
1 – Davi comete o pecado da irresponsabilidade. Ele não vaia guerra como um rei deveria ir. V.1
Como o exército de Israel na época já era forte, e já havia vencido várias batalhas, provavelmente nem fosse necessária. Bem provável, ele tinha o direito de permanecer em Jerusalém. Mas o texto é enfático ao dizer que “era a época em que os reis saiam para a guerra, mas Davi enviou Joabe...”
A sensação de segurança e autossuficiência, pode ser causa de grandes fracassos e pecados. Foi o caso de Davi.
2 – Davi comete o pecado da preguiça – v. 2
Veja que o texto diz que a tarde Davi estava na cama. Ele não estava ocupado naquilo que era seu dever, os negócios do governo. Tem um ditado que diz que a “preguiça é mãe de todos os vícios”. Matthew Henry diz que “a cama da preguiça com frequência resulta na cama da impureza.”
A maioria daqueles que se viciam em jogos, em televisão, em bebidas, em pornografia, começam pela preguiça. 
3 – Davi quebra o décimo mandamento. Ele cobiça a mulher do seu próximo. v. 3
Os olhos de Davi seguiu o que havia no coração. Se é verdade que o que os olhos não vê o coração não sente, é verdade que tudo começa com os olhos. Jesus disse que os olhos são as Lâmpadas do corpo, se teus olhos forem bons, todo o teu corpo será luminoso.
A cobiça, vimos antes, é o pecado mais pessoal.
4 – Davi quebra o sétimo mandamento – Ele comete adultério. V.4
Mais do que cobiçar, ele comete o adultério na prática. Não ficou apenas no desejo.
 Desejar é pecado, mas praticar o adultério carnalmente é o aprofundamento na lama do pecado.
Davi cometeu o pecado de adultério, grande ofensa ao Senhor. O adultério é um pecado grave, pois peca contra a santidade do matrimônio. 

O SEGUNDO DEGRAU – DA DISSIMULAÇÃO À TRAIÇÃO. Vs 6-13
1 – Davi elabora um plano maligno no coração. V.6
Davi de forma extremamente maligna, traça um plano para camuflar, encobrir seu pecado. Ele maquinou este pleno. Ele premeditou uma saída.
2 – Davi tenta enganar Urias. VS 7-8
A dissimulação de Davi foi impressionante. Ele tenta induzir Urias a fica um pouco em casa e dormir com sua mulher conscientemente e assim de uma vez por todas ele ficaria livre do problema.
3 – Davi usa de malícia sórdida contra Urias. 9-13
A fidelidade de Urias é digna de nota. Tanto a Deus como aos soldados. Davi então o embebeda. Mas mesmo com toda sordidez, o plano de Davi não funciona, porque Urias, mesmo bêbado, tem mais consciência do que Davi.

O TERCEIRO DEGRAU – DA INTENÇÃO DE MATAR AO ASSASSINATO. VS 14- 17
1 – Davi planeja a morte de Urias. VS 14-15
A decadência de Davi e seu aprofundamento no pecado aumenta a cada passo na narrativa. Ele agora ele envolve um terceiro que é seu general, para que Urias seja colocado em um lugar estratégico na batalha para que morra.
2 – Davi consegue que Urias seja morto. V.16-17
Sua imoralidade, sua imoralidade, sua chafurdação na lama do pecado é incrível. O que começa com uma autossuficiência, evolui para o pecado da ociosidade preguiçosa, daí para um olhar impuro, para a cobiça, para o adultério, para a traição, engano, um complô maligno e finalmente para o assassinato.

O QUARTO DEGRAU – DA PREMEDITAÇÃO NA INTENÇÃO À OBSTINAÇÃO IRREDUTÍVEL NO PECADO. VS 18 - 27
Davi em cada passo pecou contra o Senhor. Do início ao fim ele pecou contra o Senhor.
Davi depois da morte de Urias, toma a Bate-Seba como sua mulher. Isso, imediatamente. Em nenhum momento ele se arrepende. Em nenhum momento, ele tem consciência de seu pecado. Isso ofendeu ao Senhor.
O pecado ofende ao Senhor. Somente quando Natã, o profeta vem com a Palavra é que ele cai em si. No famoso Salmo de arrependimento – 51 – ele confessa que seu pecado foi contra o Senhor.
O exemplo de Davi não deve servir de exemplo para pecarmos. 
Conta-se que Teodósio, o grande Imperador de Roma no final do Século IV, foi impedido por Ambrósio de entrar no culto por ter mandando matar alguns conspiradores. O Imperador então teria dito, “Davi também pecou’. Ambrósio respondeu, “Pois se imita Davi em seu pecado, imita também ele no arrependimento”.
Não nos aprofundemos, portanto, no pecado. Cesse seu pecado enquanto ele ainda não é mais grave. Cesse seu pecado enquanto você ainda está sendo atraído para a lama, enquanto ainda não chafurdou na lama.
Sabendo que não estamos aqui para te condenar, mas para mostrar que todo pecado pode ser perdoado por Jesus. Jesus morreu na cruz para perdoar pecadores ao substituí-los na cruz. Ele pagou o preço que era do pecador. Ele nos representou diante de Deus. Ele é a solução tanto nos dando poder para vencer o pecado, como para perdoar nosso pecado se já o cometemos.


segunda-feira, 9 de abril de 2018

A função da Lei; Santificação e não salvação. Pergunta 82 do Breve Catecismo de Westminster

Pregado em 25 de março de 2018 na Capela Missional / Porto Alegre.

Exposições no Breve Catecismo de Westminster

PERGUNTA 82. Será alguém capaz de guardar perfeitamente os mandamentos de Deus?
R. Nenhum mero ser humano, desde a queda de Adão, é capaz, nesta vida, de guardar perfeitamente os mandamentos de Deus, mas diariamente os quebra por pensamentos, palavras e obras.





A IMPOSSIBILIDADE DA LEI QUANTO A SALVAÇÃO - Gálatas 2.16-21
16 sabendo, contudo, que o homem não é justificado por obras da lei, e sim mediante a fé em Cristo Jesus, também temos crido em Cristo Jesus, para que fôssemos justificados pela fé em Cristo e não por obras da lei, pois, por obras da lei, ninguém será justificado.17 Mas se, procurando ser justificados em Cristo, fomos nós mesmos também achados pecadores, dar-se-á o caso de ser Cristo ministro do pecado? Certo que não! 18 Porque, se torno a edificar aquilo que destruí, a mim mesmo me constituo transgressor. 19 Porque eu, mediante a própria lei, morri para a lei, a fim de viver para Deus. Estou crucificado com Cristo; 20 logo, já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim; e esse viver que, agora, tenho na carne, vivo pela fé no Filho de Deus, que me amou e a si mesmo se entregou por mim. 21 Não anulo a graça de Deus; pois, se a justiça é mediante a lei, segue-se que morreu Cristo em vão.

É impossível ser salvo pela Lei, porque ninguém consegue obedecê-la, por isso, necessitamos de um mediador.

Depois de aprendermos sobre os Dez Mandamentos, chegamos a uma conclusão: é impossível obedecê-los, logo é impossível sermos salvos se pensarmos nisso tentando obedecer aos mandamentos.
Se não podemos guardar a Lei, e a quebra da Lei nos condena, então precisamos de outro meio de salvação e de um salvador.
A revelação da Lei no monte Sinais, foi dada a um povo que vivia numa cultura pecaminosa e idólatra. A revelação da Lei os denunciou, e demonstrou toda a iniquidade em que viviam. Ele não poderiam ser povo de Deus e viver daquela maneira.
A Lei foi dada para reprimir o pecado. A Lei revela o pecado.
Não era a intenção da Lei destruir o povo, mas salvar o povo da destruição por causa de seus pecados.
Mas a obediência da Lei não tinha a intenção de justificar o povo, por isso foi dado cerimônias, que tipificavam a salvação por meio de um mediador. A Lei era perfeita e ninguém seria perfeito para cumprir uma Lei perfeita.  A Lei como lei não tinha provisão expiatória. Um cordeiro deveria ser morto.
Não podendo ser salvo pela lei, só se pode ser condenado por ela.
Rm 3.9-10 - Que se conclui? Temos nós qualquer vantagem? Não, de forma nenhuma; pois já temos demonstrado que todos, tanto judeus como gregos, estão debaixo do pecado; 10 como está escrito: Não há justo, nem um sequer.
Esta é a conclusão que chegamos ao olhar para o Monte Sinai. Esta é a conclusão que chegamos quando olhamos para os Dez Mandamentos. É impossível.
Existem duas maneiras que os evangélicos hoje veem a Lei.O Legalismo e o Antinomismo. O legalismo é o mais comum, e é a tentativa de salvação pelo mérito próprio ao cumprir alguns mandamentos da Lei. O Antinomismo é a tentativa de viver sem a lei, mas criando padrões morais para também pelo mérito alcançar a salvação. Na verdade, são duas formas de legalismo.
O legalismo nos manda fazer coisas para agradar a Deus.
Para conquistar o favor de Deus. O legalismo nos manda guardar a Lei para sermos aceitos por Deus.
A  graça nos liberta e nos mostra o caminho da liberdade. A liberdade do evangelho. A liberdade de servirmos a Deus por amor e gratidão por tudo o que ele fez por nossa salvação.
I – A LEI NÃO JUSTIFICA O PECADOR v.16
Aqui está o sentido da fé em Cristo, nos justificar. Ele cumpriu a Lei em nosso lugar, logo a Lei não pode mais nos condenar. Também não devemos usar a Lei como fundamento da nossa salvação. Quem pensa que é salvo porque obedece os mandamentos está negando a obra de Cristo. A mensagem de Gálatas é tudo o que legalismo não quer ouvir.
O legalismo é a salvação por meio de obras meritórias.
A graça é a salvação unicamente pela fé nos méritos de Cristo.
A carta de Gálatas é uma mensagem que faz o marco divisório. Que inaugura a diferença entre judaísmo e cristianismo.
A liberdade chegou por meio de Cristo. O medo de não ser aceito por Deus chegou ao fim.
O medo da lei chegou ao fim.  A condenação da Lei chegou ao fim.
Esta carta anuncia que  a Lei não poderia salvar, mas somente condenar. Quem quebrasse a Lei deveria ser condenado. Mas quem cumprisse a lei também seria condenado se não fosse a graça. Somente a graça de Cristo é o verdadeiro evangelho. A graça é a verdadeira mensagem do Evangelho. Pois a graça é libertação em todos os sentidos.
Libertação do poder do pecado. Libertação da condenação do pecado.
Libertação da condenação de Deus. Libertação da ira de Deus.
Libertação do medo de se aproximar de Deus.
Quem prega o evangelho do mérito, não está pregando o evangelho.
Quem prega o evangelho sem a graça, não está pregando o evangelho.
O evangelho é a palavra de salvação porque diz que o salvador veio ao mundo.
Que o salvador chegou para salvar. Que a morte de Cristo levou nossa condenação. Que a morte de Cristo levou nossa culpa.
Que a morte de Cristo é suficiente para Deus nos declarar justificados. Nos declarar justos. Não somos justos, mas Deus coloca em nós a justiça de Cristo. Não somos bons, mas Deus declara sobre nós a bondade de Cristo. Não somos santos, mas Deus coloca sobre nós a santidade de Cristo.
Justificação não é mérito nosso – mas é a justiça de Cristo – mérito de Cristo. O Evangelho prega o mérito de Cristo. O Evangelho prega a salvação do pecador pelos méritos de Cristo. É por meio de Cristo que Deus nos aceita.
II  – O EVANGELHO É CRISTO NOS LIBERTANDO DA CONDENAÇÃO DA LEI. V. 17 -21
O Judaismo antigo e o legalismo moderno, procuram restaurar a salvação pelas obras e pelos méritos. Alguns dizem que a salvação somente pela fé, nos deixa livres para pecar. Isto é fazer de Cristo ministro do pecado como o texto afirma. Mas quem está em Cristo está morto para a lei, porque Cristo morreu debaixo da Lei e sofreu todo o juízo da Lei em nosso lugar.
A Lei nos procurava para condenar. A lei nos matava, porque quem quebra a lei merece a condenação. Cristo veio e cumpriu a Lei em nosso lugar. Ele não quebrou a Lei, mas morreu como se tivesse quebrado a lei.
Ele morreu como um transgressor da lei. Porque? Porque ele assumiu o nosso lugar. O pecador deveria morrer por ser o transgressor da lei. Mas Jesus morreu no lugar dele.
Agora a Lei não pode mais condenar o pecador que está em Cristo.
Porque a Lei já matou a Cristo, agora o pecador está livre da condenação da Lei.
A condenação já foi cumprida. Agora o pecador está livre da condenação e pode viver sem medo da condenação. Esta é a alegria da salvação.  Agora a Lei é aliada e não mais inimiga.
Agora cumprir a Lei é prazer e não um jugo.
Quando descobrimos que não podemos cumprir a Lei e que a Lei vai nos condenar, corremos para o Evangelho.
A Lei nos leva ao evangelho. Ela nos condena para que corramos para a solução. Com o Evangelho descobrimos que Deus mesmo proporcionou  a solução que é Jesus Cristo. Mas veja que isto já estava incluído na própria Lei na Antiga Aliança – os sacrifícios e o culto apontavam para o salvador.  Jesus oferece a obediência perfeita à Lei.  Ele nos representa diante de Deus. Jesus é aquele que obedeceu a Lei por nós. Não podemos ser salvos por nossa própria obediência. Mas tudo o que Jesus fez conta pra todos os que confiam nele.
Lutero: “ O Cristo que é entendido pela fé e que vive no coração é a verdadeira justiça cristã, por cuja causa Deus nos considera justos e nos dá a vida eterna.”
Como não conseguimos cumprir a Lei precisamos de um mediador, caso contrário enfrentaremos a justiça de Deus completamente sós e dependendo de nossa própria justiça.
Já que a Lei no não nos salva, qual é sua função para nós? A Lei nos ensina como viver uma vida que Deus quer de nós. Ela nos ensina a viver.
Thomas Watson: Mesmo que o cristão não esteja sob o poder condenatório da Lei, ainda está sob o seu poder ordenador.
Cristo nos libertou do poder condenatório da Lei, mas agora nos ensina seu poder santificador. Ele nos ensina a obedecer à vontade de Deus, revelada na Lei. Ele explica a Lei de Deus e a coloca em nosso coração.
Samuel Bolton: A Lei nos envia ao Evangelho para que sejamos justificados, e o Evangelho nos envia de volta à Lei para sermos santificados. A Lei nos envia ao evangelho para nossa justificação, o Evangelho nos devolve à Lei para nossa santificação.
A lei nos leva a Cristo para nos mostrar a graça que nos salva. Cristo nos mostra a Lei para que nossa vida seja moldada segundo a vontade de Deus. Não guardamos a Lei para sermos salvos. É pela graça que somos salvos. Mas guardamos a Lei porque somos salvos. Fomos salvos para glorificar a Deus e glorificamos a Deus guardando seus mandamentos. Guardamos os mandamentos com a leveza da graça. Guardamos os mandamentos sem medo da condenação. Cristo nos livrou deste medo.
Não podemos viver uma vida verdadeira cristã sem que tenhamos sido confrontados pela Lei quanto ao nosso pecado.
Não podemos viver uma vida verdadeiramente cristã, sem a certeza de que fomos aceitos por Deus pelos méritos de Cristo na cruz.
Não podemos viver uma vida verdadeiramente cristã, sem que nossa vida seja moldada pela Lei de Deus.

VIVER COM PACIÊNCIA, ESPERANÇA E PERSEVERANÇA – Romanos 8.18-25

  Pregado em 03 de maio de 2020 sexto sermão na Pademia                                                                                     ...