terça-feira, 13 de fevereiro de 2018

O Sétimo Mandamento - Não adulterarás - O Deus do Casamento - Parte 04

Pregado em 11 de Fevereiro de 2018 – Na Capela Missional/Porto Alegre

Exposições no Breve Catecismo de Westminster
PERGUNTA 70. Qual é o sétimo mandamento?
R. O sétimo mandamento é: "Não adulterarás" - Ex 20.14



                            O DEUS DO CASAMENTO – Sermão n.04

                         QUANDO A ALIANÇA É QUEBRADA – Mt 5.31-32 e Mt 19.9
Mt  5.31-32 - Também foi dito: Aquele que repudiar sua mulher, dê-lhe carta de divórcio. 32 Eu, porém, vos digo: qualquer que repudiar sua mulher, exceto em caso de relações sexuais ilícitas, a expõe a tornar-se adúltera; e aquele que casar com a repudiada comete adultério.
Mt  19.9. Eu, porém, vos digo: quem repudiar sua mulher, não sendo por causa de relações sexuais ilícitas, e casar com outra comete adultério [e o que casar com a repudiada comete adultério].
Deus odeia o divórcio, porque sempre é consequência de pecados.
Na Lei, adultério não apenas era pecado, como era punido com a morte. O adultério, a infidelidade quebrava a aliança do casamento. Este é o conceito do Antigo Testamento. Os adúlteros deveriam morrer. Adultério é infidelidade conjugal. É a violação os laços do pacto do casamento, por isso este mandamento é a maior declaração de Deus quanto a seriedade do casamento e da gravidade deste pecado. O pecado de adultério é tão sério, tão ofensivo a Deus que Ele deseja a morte de quem o cometer. Lv 20.10 – “O homem que adulterar com a mulher de outro, havendo adulterado com a mulher de seu próximo, com certeza morrerá  adúltero e a adúltera.”
Em um casamento, nada é tão grave como o adultério. A infidelidade é tão grave que é a quebra do pacto. É a morte do casamento. Os adúlteros morriam sob a Lei.
Jesus ensina que a infidelidade conjugal pode ser causa do divórcio. Sobre o divórcio alguns ensinam que ele em qualquer instância ou circunstância é proibido. Por exemplo, se um dos cônjuges é infiel, adúltero, violento, molestador, criminoso, pedófilo, a outra parte não pode divorciar e se divorciar não pode casar de novo.
 Outros admitem que pode acontecer o divórcio, mas não se pode casar novamente, a menos que o outro morra. 
Mas, existia ou não divórcio no Antigo Testamento? Sim ! Vejamos o que diz em Deuteronomio 24.1 ao 4 / 1 Se um homem tomar uma mulher e se casar com ela, e se ela não for agradável aos seus olhos, por ter ele achado coisa indecente nela, e se ele lhe lavrar um termo de divórcio, e lho der na mão, e a despedir de casa; 2 e se ela, saindo da sua casa, for e se casar com outro homem; 3 e se este a aborrecer, e lhe lavrar termo de divórcio, e lho der na mão, e a despedir da sua casa ou se este último homem, que a tomou para si por mulher, vier a morrer,4 então, seu primeiro marido, que a despediu, não poderá tornar a desposá-la para que seja sua mulher, depois que foi contaminada, pois é abominação perante o SENHOR; assim, não farás pecar a terra que o SENHOR, teu Deus, te dá por herança.
O próprio Deus reconhece o divórcio por infidelidade, tendo ele mesmo dado carta de divórcio ao seu povo Israel. Isaías 50.1 -   Assim diz o SENHOR: Onde está a carta de divórcio de vossa mãe, pela qual eu a repudiei? Ou quem é o meu credor, a quem eu vos tenha vendido? Eis que por causa das vossas iniquidades é que fostes vendidos, e por causa das vossas transgressões vossa mãe foi repudiada.
Jeremias 3.8  Quando, por causa de tudo isto, por ter cometido adultério, eu despedi a pérfida Israel e lhe dei carta de divórcio, vi que a falsa Judá, sua irmã, não temeu; mas ela mesma se foi e se deu à prostituição.
Os costumes dos tempos antes da Lei eram confusos e injustos com as mulheres, pois o homem poderia despedir uma mulher por motivos banais. A Lei passou a exigir que os homens que despedissem uma mulher que não por traição, o que no caso seria a morte, ele deveria dar carta de divórcio para que ela pudesse casar novamente. Mas, caso ela casasse com outro homem, e este desse carta de divórcio para ela, ele, não poderia recebê-la como esposa novamente. Mas, note que ela poderia casar-se novamente.  Além de limitar os motivos para que um homem pudesse despedir uma mulher, sendo somente se achasse nela “coisa indecente” ou “imundície”, deveria dar-lhe liberdade de casar-se novamente.
O que Jesus aqui está ensinando é sobre a interpretação dos fariseus de que o homem poderia se divorciar de uma mulher sob qualquer condição. É isto que eles perguntam: É permitido ao marido repudiar sua mulher por qualquer motivo? Jesus diz que não, que se um homem quiser divorciar de uma mulher, só poderá fazê-lo sob condições específicas. Os fariseus tinham deixado um principio importante da Lei – de que a mulher tinha direito a ter carta de divórcio para poder casar novamente.  Alguns argumentam que o novo casamento não está sendo ensinado aqui. Como não? Porque forçar uma anti-interpretação? A carta de divórcio não tinha outra finalidade, senão legalizar a situação da mulher, para que pudesse casar novamente. Esta carta era legal, porque prevista pela Lei de Deus.
O que Jesus disse está claro: “ qualquer que repudiar sua mulher, exceto em caso de relações sexuais ilícitas (porneia) a expõe a ser adultera”. Mais claro impossíveis. Logo, em caso de relações sexuais ilícitas e houver novo casamento por parte da pessoa traída, não há adultério.  O que alguns intérpretes dizem é que, como Jesus não disse “Moicheia” (adultério), mas “Porneia” (imoralidade), ele não está falando de pessoas casadas. Eles dizem que Jesus está ensinando sobre noivos que fazem sexo com outra pessoa que seu noivo ou noiva antes do casamento. Esta interpretação é quase impossível de defender, porque Jesus está falando em divórcio, carta de divórcio e isto, tanto naquela época, como agora e até nas dimensões paralelas só é possível em casamentos e com casados.
O que Jesus está ensinando aqui:
1 – O CASAMENTO É ALGO SÉRIO E É REGULAMENTADO POR DEUS. “qualquer que repudiar sua mulher, exceto em caso de relações sexuais ilícitas...”
O casamento não é apenas um contrato civil, um ajuntamento de duas pessoas. O casamento é uma instituição divina. O casamento é algo santo. O casamento santifica o relacionamento e muitas ações de um homem e uma mulher. Os dois se tornam uma só carne. O casamento é uma obra da criação. É algo que Deus regulamenta e diz como tem que ser.  O divórcio não estava previsto originalmente por Deus, mas é uma concessão graciosa aos duros de coração. Aos pecadores. Para que ninguém sofresse, nem homem ou mulher por causa do pecado do outro. Deus nunca ordenou ou abençoou o divórcio de ninguém. O divórcio sempre é consequência do pecado e de pecados.  O profeta Malaquias diz que “Deus odeia o divórcio” (Ml 2.16).  No caso da Lei da Carta de Divórcio, Deus não está autorizando, nem ordenando o divórcio, ele está usando graça com a mulher repudiada.  É a graça de Deus e nada mais. Por isso, o perdão e a reconciliação é a melhor saída para casamentos em crises. É preciso reconhecer que ambos são pecadores e que não há perfeição nos relacionamentos. Mesmo um adultério pode ser perdoado, pois Deus  perdoa  adúlteros e adúlteras e adúlteros e adúlteras devem perdoar adúlteros e adúlteras.
2 – A REGULAMENTAÇÃO DE DEUS, PREVÊ O DIVÓRCIO COMO MISERICÓRDIA A PECADORES VITIMAS DA INFELIDADE.  “Qualquer que repudiar sua mulher, exceto em caso de relações sexuais ilícitas a expõe a tornar-se adultera.”
Jesus ensina isso, que a infidelidade conjugal é motivo suficiente para o divórcio.  Não é um mandamento, mas é causa suficiente para o divórcio. A infidelidade  rompe os laços. A infidelidade rompe a aliança, assim como a idolatria rompeu o pacto entre Deus e Israel, conforme os texto lidos.  Jesus não diz mais que o adultero deve morrer. Esta Lei civil está, portanto, ab-rogada.  Agora, ele diz, que se alguém é vitima de infidelidade que se divorcie. Mais uma vez, afirmo a possibilidade do perdão e da reconciliação. A pessoa divorciada por este motivo por sim casar-se novamente. É isto que ensina a Lei toda, desde Deuteronômio 24 ao ensino de Jesus.
A nossa confissão afirma o seguinte – Capitulo XXIV – DO MATRIMÔNIO  E DO DIVÓRCIO.
 V. O adultério ou fornicação cometida depois de um contrato, sendo descoberto antes do casamento, dá à parte inocente justo motivo de dissolver o contrato; no caso de adultério depois do casamento, à parte inocente é lícito propor divórcio, e depois de obter o divórcio casar com outrem, como se a parte infiel fosse morta.
VI. Posto que a corrupção do homem seja tal que o incline a procurar argumentos a fim de indevidamente separar aqueles que Deus uniu em matrimônio, contudo só é causa suficiente para dissolver os laços do matrimônio o adultério ou uma deserção tão obstinada que não possa ser remediada nem pela Igreja nem pelo magistrado civil; para a dissolução do matrimônio é necessário haver um processo público e regular. Não se devendo deixar ao arbítrio e discreção das partes o decidirem seu próprio caso.
Veja que em caso de uma mulher ser abandonada pelo marido ou se um marido é descrente, a Bíblia prevê também o divórcio como possibilidade.
I Cor. 7.15 - Mas, se o descrente quiser apartar-se, que se aparte; em tais casos, não fica sujeito à servidão nem o irmão, nem a irmã; Deus vos tem chamado à paz.
Uma mulher cristã ou um homem cristão pode continuar casado com um descrente mesmo se este descrente não abraçar a fé.
Mas veja o que Paulo diz:
1cor 7.12 Aos mais digo eu, não o Senhor: se algum irmão tem mulher incrédula, e esta consente em morar com ele, não a abandone; 13 e a mulher que tem marido incrédulo, e este consente em viver com ela, não deixe o marido. 14 Porque o marido incrédulo é santificado no convívio da esposa, e a esposa incrédula é santificada no convívio do marido crente. Doutra sorte, os vossos filhos seriam impuros; porém, agora, são santos. 15 Mas, se o descrente quiser apartar-se, que se aparte; em tais casos, não fica sujeito à servidão nem o irmão, nem a irmã; Deus vos tem chamado à paz.
No Antigo Testamento, houve um caso de divórcio coletivo, quando os Israelitas tiveram que deixar suas esposas de outras nacionalidades. Veja que eles fizeram conforme a Lei, ou seja, deram carta de divórcio para as mulheres - Esdras 10.3. Agora, pois, façamos aliança com o nosso Deus, de que despediremos todas as mulheres e os seus filhos, segundo o conselho do Senhor e o dos que tremem ao mandado do nosso Deus; e faça-se segundo a Lei.
Seria crueldade extrema simplesmente abandonar estas mulheres e seus filhos. Por isso, fizeram “conforme a Lei.”
Este é o contexto de Malaquias 2 quando Deus reclama que os homens de seu povo casou-se com mulheres adoradoras de deuses estranhos.
O povo é obrigado a fazer aquilo que Deus odeia. Deus odeia o divórcio, por aquilo que o faz acontecer. Os israelitas em questão, tiveram que dar o divórcio para aquelas mulheres, porque eles desobedeceram. Deus, em sua graça, fez com que o pecado deles, não trouxesse consequência ainda piores àquelas mulheres e seus filhos. A carta de divórcio era um sinal da misericórdia de Deus. Deus odeia o divórcio, porque, sempre ele é causado pelo pecado.
Veja que o cristão, seja homem ou mulher não são obrigados a continuar casados em caso do cônjuge descrente viver no pecado e na imundície.
Mas, veja que as regras são limitadas. Não está previsto nas Escrituras outros motivos senão estes.
O casamento é algo sério diante de Deus. Deus odeia o divórcio. Os divorciados porém, podem ser alvos do perdão divino.
Não há divórcio aprovado por Deus por causa de genialidade, incompatibilidade,  diferenças ou coisas menos sérias do que adultério e abandono por parte do cônjuge.
O casamento é santo e devemos preservá-lo. Devemos lutar pelo casamento até o fim. Com todos os recursos, com toda a força,  de acordo com a Palavra.

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