AS FALHAS NA ESPIRITUALIDADE DE PEDRO COMO CAUSA DE SEU FRACASSO – segunda parte.
Texto Mt 26.31-45, 50-53
Vimos que a primeira grande falha na espiritualidade de Pedro foi a pouca oração. Quando deveria orar, ele preferiu dormir. A pouca oração o levou ao fracasso.
O contexto anterior de negação de Pedro nos mostra o caminho de sua queda. Continuemos, portanto, aprendendo com Pedro o que não devemos fazer se quisermos glorificar a Deus em nossa vida.
Vejamos quais as outras falhas na espiritualidade de Pedro.
I - FALTA DE VIGILÂNCIA
Há um contraste notável entre Jesus no Getsêmani e os discípulos que estavam com ele. Apesar dos avisos que Jesus lhes havia dado, quando a hora da verdade chegou, eles foram pegos inteiramente despreparados.
Eles estavam dormindo enquanto ele, Jesus estava em agonia, lutando em oração. Jesus estava lutando em oração, literalmente suando gotas de sangue em sua angústia – os discípulos dormindo.
Os discípulos estavam lutando com o sono, alheios à angustia do Senhor Jesus.
Até mesmo quando o Senhor os acordava e os estimulava, incentivava a orar, o desejo carnal pelo sono era tão forte que eles não conseguiam vencer.
Por causa do sono, eles ignoraram a mais urgente necessidade espiritual e negligenciaram a oração e não vigiaram. Pedro foi avisado –ele, entretanto, preferiu dormir.
Porque a vigilância é importante? O que é a vigilância e como vigiar? Vejamos, então:
1 – A VIGILÂNCIA NOS FAZ FICAR ATENTOS À AÇÃO DE DEUS.
Vigiar é ficar atento, não dormir, não vacilar, não ficar despreocupado. Na vigilância, percebemos o que Deus quer.
O profeta Habacuque é um exemplo de vigilância – “Ficarei no meu posto de sentinela e tomarei posição sobre a muralha; aguardarei para ver o que o Senhor me dirá e que resposta terei à minha queixa”( Hc 2.1).
Quem está vigiando, está atento. Habacuque estava esperando. Quem vigia espera. Ele estava esperando a voz, a resposta do Senhor.
2 - A VIGILÂNCIA NOS FAZ FICAR ATENTOS AOS ATAQUES MALIGNOS.
Vigiar, também é ficar atento aos possíveis e prováveis ataques do inimigo. Um exemplo de falta de vigilância é a parábola do joio e so trigo – ver Mt 13.24-28 – no verso 25 diz que todos dormiam e o inimigo veio e semeou o falso trigo.
O diabo está esperando sempre para em algum momento nos minar, nos enfraquecer. Pedro não vigiou e caiu na sua contradição.
II - RECURSOS CARNAIS QUANDO DEVERIA DEPENDER OU ENTREGAR TUDO AO SENHOR.
Quando Jesus estava sendo preso, Pedro tentou resolver as questões com sua espada – confiando na força carnal – em sua própria justiça e método – Mt 26.51
Ele, como sempre, agiu de forma impulsiva e impetuosa.
Pedro sempre tentava resolver as coisas a seu modo, do seu jeito.
Vejamos o que acontece quando agimos por nós mesmos.
1 – QUANDO AGIMOS POR NÓS MESMOS, PERDEMOS O PROPÓSITO DE DEUS PARA A NOSSA VIDA.
Pedro queria matar os soldados para impedir a prisão de Jesus, mas o Senhor diz: ‘como as Escrituras vão se cumprir se você agir assim”.
Quando nos precipitamos, tentando resolver as coisas a nosso modo perdemos o plano d e Deus, pois assumimos nós mesmos o controle da vida.
2 – QUANDO AGIMOS POR NÓS MESMOS PERDEMOS O RECURSO DA PROVIDÊNCIA DIVINA PARA NOSSA VIDA.
Pedro atacou o soldado com sua espada e Jesus diz: “Pedro, não aja assim, você acha que o pai não mandaria mais de dez legiões de anjos para me ajudar?”
O Senhor tem providências para nós, como tinha para Jesus. Pedro não entendia isso – nós, hoje, podemos. (Veja que Deus tinha a providência, mas Jesus não foi livrado do sofrimento. Nós também não devemos esperar uma vida sem dores e sem sofrimentos).
III - POUCO COMPROMETIMENTO
Um dos passos mais comprometedores do fracasso de Pedro foi seguir Jesus a distância. Ele tentou camuflar o fato de ser discípulo de Jesus.
A favor de Pedro inicialmente, temos o fato de ele não ter desaparecido de cena como os outros. Porém, contra ele pesa o fato de ele ter negado sequer conhecer a Jesus.
O comportamento de Pedro, é semelhante ao de muitos cristãos que temem confessar a Cristo abertamente. Eles tentam evitar qualquer identificação pública com Jesus. Quem não se compromete inteiramente a Jesus causa problemas a si mesmo, aos outros e à igreja.
Vejamos então as implicações disso:
1 – QUEM NÃO SE COMPROMETE INTEIRAMENTE COM JESUS VIVE SUPERFICIALMENTE SUA FÉ.
Pedro tinha fé até então, mas fé verdadeira somente depois daquele encontro com Jesus a beira do mar da Galiléia. Ele diz: “Não sei do que você está falando”. “Não sei quem é Jesus”. “Nunca ouvi falar dele”.
Hoje, muitos vivem assim – “o que Jesus quer de mim é muito, eu não consigo”.
2 – QUEM NÃO SE COMPROMETE INTEIRAMENTE COM JESUS VIVE PERIGOSAMENTE SUA FÉ.
Pedro acabou onde não deveria estar. Na companhia dos zombadores. Na companhia de gente que escarnecia de Jesus. Ele se expôs desnecessariamente à pessoas perigosas. Pessoas que o levaram a negar Jesus.
Não sejamos, portanto, crentes iludidos, praticando parte da espiritualidade cristã. Praticam o que convém, apenas. – Até ali eu vou, depois é pesado demais. – Depois não funciona.
Ficam no periférico. Vivem de queda em queda. Muitos dizem : Isso não é bem assim.
Estas pessoas na verdade querem dizer: Isto não funciona comigo. Isto eu não quero na minha vida.
Estas pessoas, assim como Pedro, pelo menos até ali. Não experimentam a real felicidade de ser uma pessoa de Jesus.
Ei, você ai, se você quiser viver a verdadeira espiritualidade de Jesus, então levante-se para viver a fé. Não a fé mágica dos crentes, mas a fé no Senhor da História. No Jesus vivo. No Cristo crucificado. Ressuscitado e presente.