quinta-feira, 29 de julho de 2010

O HOMEM QUE NEGOU JESUS - III

Pregado em novembro de 2007



AS FALHAS NA ESPIRITUALIDADE DE PEDRO COMO CAUSA DE SEU FRACASSO – segunda parte.
Texto Mt 26.31-45, 50-53

Vimos que a primeira grande falha na espiritualidade de Pedro foi a pouca oração. Quando deveria orar, ele preferiu dormir. A pouca oração o levou ao fracasso.
O contexto anterior de negação de Pedro nos mostra o caminho de sua queda. Continuemos, portanto, aprendendo com Pedro o que não devemos fazer se quisermos glorificar a Deus em nossa vida.
Vejamos quais as outras falhas na espiritualidade de Pedro.

I  - FALTA DE VIGILÂNCIA
Há um contraste notável entre Jesus no Getsêmani e os discípulos que estavam com ele. Apesar dos avisos que Jesus lhes havia dado, quando a hora da verdade chegou, eles foram pegos inteiramente despreparados.
Eles estavam dormindo enquanto ele, Jesus estava em agonia, lutando em oração. Jesus estava lutando em oração, literalmente suando gotas de sangue em sua angústia – os discípulos dormindo.
Os discípulos estavam lutando com o sono, alheios à angustia do Senhor Jesus.
Até mesmo quando o Senhor os acordava e os estimulava, incentivava a orar, o desejo carnal pelo sono era tão forte que eles não conseguiam vencer.
Por causa do sono, eles ignoraram a mais urgente necessidade espiritual e negligenciaram a oração e não vigiaram. Pedro foi avisado –ele, entretanto, preferiu dormir.
Porque a vigilância é importante? O que é a vigilância e como vigiar? Vejamos, então:
1 – A VIGILÂNCIA NOS FAZ FICAR ATENTOS À AÇÃO DE DEUS.
Vigiar é ficar atento, não dormir, não vacilar, não ficar despreocupado. Na vigilância, percebemos o que Deus quer.
O profeta Habacuque é um exemplo de vigilância – “Ficarei no meu posto de sentinela e tomarei posição sobre a muralha; aguardarei para ver o que o Senhor me dirá e que resposta terei à minha queixa”( Hc 2.1).
Quem está vigiando, está atento. Habacuque estava esperando. Quem vigia espera. Ele estava esperando a voz, a resposta do Senhor.
2 - A VIGILÂNCIA NOS FAZ FICAR ATENTOS AOS ATAQUES MALIGNOS.
Vigiar, também é ficar atento aos possíveis e prováveis ataques do inimigo. Um exemplo de falta de vigilância é a parábola do joio e so trigo – ver Mt 13.24-28 – no verso 25 diz que todos dormiam e o inimigo veio e semeou o falso trigo.
O diabo está esperando sempre para em algum momento nos minar, nos enfraquecer. Pedro não vigiou e caiu na sua contradição.

II - RECURSOS CARNAIS QUANDO DEVERIA DEPENDER OU ENTREGAR TUDO AO SENHOR.
Quando Jesus estava sendo preso, Pedro tentou resolver as questões com sua espada – confiando na força carnal – em sua própria justiça e método – Mt 26.51
Ele, como sempre, agiu de forma impulsiva e impetuosa.
Pedro sempre tentava resolver as coisas a seu modo, do seu jeito.
Vejamos o que acontece quando agimos por nós mesmos.
1 – QUANDO AGIMOS POR NÓS MESMOS, PERDEMOS O PROPÓSITO DE DEUS PARA A NOSSA VIDA.
Pedro queria matar os soldados para impedir a prisão de Jesus, mas o Senhor diz: ‘como as Escrituras vão se cumprir se você agir assim”.
Quando nos precipitamos, tentando resolver as coisas a nosso modo perdemos o plano d e Deus, pois assumimos nós mesmos o controle da vida.
2 – QUANDO AGIMOS POR NÓS MESMOS PERDEMOS O RECURSO DA PROVIDÊNCIA DIVINA PARA NOSSA VIDA.
Pedro atacou o soldado com sua espada e Jesus diz: “Pedro, não aja assim, você acha que o pai não mandaria mais de dez legiões de anjos para me ajudar?”
O Senhor tem providências para nós, como tinha para Jesus. Pedro não entendia isso – nós, hoje, podemos. (Veja que Deus tinha a providência, mas Jesus não foi livrado do sofrimento. Nós também não devemos esperar uma vida sem dores e sem sofrimentos).

III - POUCO COMPROMETIMENTO
Um dos passos mais comprometedores do fracasso de Pedro foi seguir Jesus a distância. Ele tentou camuflar o fato de ser discípulo de Jesus.
A favor de Pedro inicialmente, temos o fato de ele não ter desaparecido de cena como os outros. Porém, contra ele pesa o fato de ele ter negado sequer conhecer a Jesus.
O comportamento de Pedro, é semelhante ao de muitos cristãos que temem confessar a Cristo abertamente. Eles tentam evitar qualquer identificação pública com Jesus. Quem não se compromete inteiramente a Jesus causa problemas a si mesmo, aos outros e à igreja.
Vejamos então as implicações disso:
1 – QUEM NÃO SE COMPROMETE INTEIRAMENTE COM JESUS VIVE SUPERFICIALMENTE SUA FÉ.
Pedro tinha fé até então, mas fé verdadeira somente depois daquele encontro com Jesus a beira do mar da Galiléia. Ele diz: “Não sei do que você está falando”. “Não sei quem é Jesus”. “Nunca ouvi falar dele”.
Hoje, muitos vivem assim – “o que Jesus quer de mim é muito, eu não consigo”.
2 – QUEM NÃO SE COMPROMETE INTEIRAMENTE COM JESUS VIVE PERIGOSAMENTE SUA FÉ.
Pedro acabou onde não deveria estar. Na companhia dos zombadores. Na companhia de gente que escarnecia de Jesus. Ele se expôs desnecessariamente à pessoas perigosas. Pessoas que o levaram a negar Jesus.
Não sejamos, portanto, crentes iludidos, praticando parte da espiritualidade cristã. Praticam o que convém, apenas. – Até ali eu vou, depois é pesado demais. – Depois não funciona.
Ficam no periférico. Vivem de queda em queda. Muitos dizem : Isso não é bem assim.
Estas pessoas na verdade querem dizer: Isto não funciona comigo. Isto eu não quero na minha vida.
Estas pessoas, assim como Pedro, pelo menos até ali. Não experimentam a real felicidade de ser uma pessoa de Jesus.

Ei, você ai, se você quiser viver a verdadeira espiritualidade de Jesus, então levante-se para viver a fé. Não a fé mágica dos crentes, mas a fé no Senhor da História. No Jesus vivo. No Cristo crucificado. Ressuscitado e presente.
 

segunda-feira, 12 de julho de 2010

Pregação Relevante















PRINCÍPIOS A OBSERVAR PARA A PREGAÇÃO RELEVANTE.

O pregador tem a ferramenta para comunicar a Palavra de Deus ao mundo. Isto deve ser feito com a sensibilidade de entender a mensagem e ao mesmo tempo ser relevante ao seu tempo.
Para isso é preciso observar alguns princípios importantes.

O PRINCÍPIO BÍBLICO
“Prega a Palavra” foi o conselho do Apóstolo ao seu discípulo. O mesmo princípio precisa ser observado pelo pregador contemporâneo. Não podemos ser tentados pelos temas apelativos da mídia, nem pelos acontecimentos recentes que chamam atenção. Toda a Palavra é relevante. Qualquer texto é relevante para nossos dias. O que pregador precisa fazer é aplicar o texto antigo à situação nova. Aplicar o texto às necessidades dos ouvintes.
O pregador precisa usar as Escrituras sempre. Sempre que você pregar, use bastante as Escrituras, porque ela é a Verdade, a única verdade sobre a vida eterna.
O pregador deve fazer todo o esforço para garantir que os ouvintes, após ouvir sua pregação fiquem fundamentados na Palavra de Deus.
O ENSINO
Nossa tarefa é ensinar a Palavra de Deus às pessoas. Ensinar as pessoas a ver o mundo, entender o mundo pela ótica divina.
O texto bíblico deve ser a base de toda a pregação. Use o texto sempre para ensinar a igreja.
A verdadeira pregação é o ensino da Palavra. A pregação que inspira é muito útil para a igreja, mas somente a pregação que ensina fortalece a igreja sem haja prazo de validade. A pregação motivadora dura até o próximo culto e até a próxima pregação, porém a que ensina dura a vida toda.
O NECESSÁRIO USO DO TEXTO
Não procure temas, procure textos. Não use temas, use textos. Não fale sobre temas, fale sobre textos. Temas podem ser tendenciosos, pessoais ao passo que o texto bíblico fala o que fala, diz o que diz.
Ao falar sobre um tema, o pregador pode colocar sua visão, sua interpretação, sua forma de ver o mundo. Ao falar sobre o texto, o pregador precisa explicar a visão divina, a interpretação fiel e a forma divina de ver o mundo.
Ao usar o texto para pregar evitamos o caminho mais fácil de usar temas.





sexta-feira, 9 de julho de 2010

O QUE É A PREGAÇÃO





PREGAR A PALAVRA É PREGAR O TEXTO BÍBLICO


Pregar é pregar a Palavra, e a Palavra é o texto bíblico. Pregar é expor o texto bíblico com fidelidade para que os que ouvem possam ouvir a voz de Deus.
Pregar não é fazer comentários sobre o texto bíblico.
Pregar é, através do texto bíblico levar os ouvintes a entender a voz de Deus.
O pregador deve entender que ele não está sozinho, ele faz parte de uma tradição e que deve honrar a história da pregação.
Antes de nos levantarmos para pregar devemos entender que outros já o fizeram e que pagaram um alto preço para fazer isso.
Antes de pregar pense em Jesus pregando.
 Pense nos apóstolos pregando. Pense nos pais da igreja como Irineu, Policarpo, Papías e Tertuliano. Pense em pregadores antigos como Agostinho e Crisóstomo. Pense em Lutero e Calvino.
Pense nos puritanos como John Bunyan, Baxter e John Owen e como eles trataram a pregação com grandeza. Pense em Edwards e sua profundidade, em Wesley e sua dedicação, em Whitefield e sua eloquência, em Spurgeon e sua genialidade.
 Pense em Moody e sua autoridade, em Lloyd Jones e sua fidelidade à Palavra. Pense nos anônimos, nos pequenos, nos que pregam por amor à Palavra. Pense naqueles que perderam a vida pela pregação.
Antes de pregar pense na grandeza do oficio e na grandeza da missão.
Pregar é uma arte. Arte profética. Arte espiritual. Arte que precisa ser desenvolvida com muito trabalho e dedicação.
Há muito que precisa ser feito antes de pregar. É um trabalho árduo. A pregação exige dedicação ao texto bíblico.








PREGADORES



O conteúdo da pregação deve ser preferível à forma da pregação.
O pregador não deve se preocupar com a performance.
Também o pregador não deve fazer tipo, nem se preocupar em criar um estilo.
O pregador bíblico deve deixar a pregação fluir, naturalmente.
O melhor pregador é o que expõe  o texto.
Aquele que prega com simplicidade.

SOBRE PREGADORES


MANEIRAS DE PREGAR A VERDADE
 Hoje nos púlpitos mundo a fora, temos muitos pregadores que usam o GRITO para mostrar poder, unção e espiritualidade. Não imagino o Senhor Jesus gritando em suas pregações. Grito não quer dizer unção, nem poder, nem nada, a não ser demonstração de desequilíbrio.

Não é preciso gritar para convencer alguém da verdade. Quem grita sua verdade, não quer convencer, mas impor. Os grandes pregadores de todos os séculos não gritavam, mas falavam. Martyn Lloyd Jones e Jonathan Edwards são exemplos disso. Não sei porque também os pregadores mudam o tom de voz para pregar. Portanto, a quem interessar possa, ao pregar, pregue naturalmente.

quinta-feira, 8 de julho de 2010

O HOMEM QUE NEGOU JESUS - II


Pregado em outubro de 2007


 

AS FALHAS NA ESPIRITUALIDADE DE PEDRO COMO CAUSA DE SEU FRACASSO – primeira parte.
Texto Mt 26.31-45
31 Então, Jesus lhes disse: Esta noite, todos vós vos escandalizareis comigo; porque está escrito: Ferirei o pastor, e as ovelhas do rebanho ficarão dispersas. 32 Mas, depois da minha ressurreição, irei adiante de vós para a Galiléia.
33 Disse-lhe Pedro: Ainda que venhas a ser um tropeço para todos, nunca o serás para mim.
34 Replicou-lhe Jesus: Em verdade te digo que, nesta mesma noite, antes que o galo cante, tu me negarás três vezes.
35 Disse-lhe Pedro: Ainda que me seja necessário morrer contigo, de nenhum modo te negarei. E todos os discípulos disseram o mesmo.
36 Em seguida, foi Jesus com eles a um lugar chamado Getsêmani e disse a seus discípulos: Assentai-vos aqui, enquanto eu vou ali orar;
37 e, levando consigo a Pedro e aos dois filhos de Zebedeu, começou a entristecer-se e a angustiar-se.
38 Então, lhes disse: A minha alma está profundamente triste até à morte; ficai aqui e vigiai comigo.
39 Adiantando-se um pouco, prostrou-se sobre o seu rosto, orando e dizendo: Meu Pai, se possível, passe de mim este cálice! Todavia, não seja como eu quero, e sim como tu queres. 40 E, voltando para os discípulos, achou-os dormindo; e disse a Pedro: Então, nem uma hora pudestes vós vigiar comigo? 41 Vigiai e orai, para que não entreis em tentação; o espírito, na verdade, está pronto, mas a carne é fraca.
42 Tornando a retirar-se, orou de novo, dizendo: Meu Pai, se não é possível passar de mim este cálice sem que eu o beba, faça-se a tua vontade. 43 E, voltando, achou-os outra vez dormindo; porque os seus olhos estavam pesados.
44 Deixando-os novamente, foi orar pela terceira vez, repetindo as mesmas palavras.
45 Então, voltou para os discípulos e lhes disse: Ainda dormis e repousais! Eis que é chegada a hora, e o Filho do Homem está sendo entregue nas mãos de pecadores.

Pedro era um homem integro. Errou por causa de equívocos e falhas na sua espiritualidade prática. Vemos nos relatos dos Evangelhos, que ele precipitado ao falar. Não ouvia, era orgulhoso e muito impulsivo. Antes de negar a Jesus, vemos as seguintes falhas na espiritualidade de Pedro.


A PRIMEIRA FALHA - POUCA ORAÇÃO
Jesus estava para passar um tempo em oração. Ele convida os discípulos para ir junto. Ele leva na verdade, Pedro, Tiago e João. 
Ele diz: “fiquem aqui e vigiem comigo” v.38
“vocês não podem vigiar comigo nem uma hora?” v.40
“vigiem e orem para que caiam em tentação. O espírito está pronto, mas a carne é fraca” v.41
“Jesus, de novo os encontra dormindo porque estavam cansados”. V.43
Jesus convidou Pedro para orar, porque era importante para Pedro.
Quando temos uma batalha forte contra o mal ou circunstância difícil, o Senhor nos chama a oração. A maior parte dos fracassos que temos ao enfrentar problemas, vêm, por falta de oração. Se Pedro tivesse orado com Jesus, ele teria mais força, mais visão espiritual.
A oração nos faz fortes, renova nosso espírito. Os momentos de tribulação existem, e Jesus avisou a Pedro que ele iria enfrentar problemas. Jesus disse a Pedro: “Satanás pediu para peneirar você como trigo, mas eu roguei por ti, para que tua fé não desfaleça; tu, pois, quando te converteres, fortalece os teus irmãos” Lc 22.31,32
A oração é o melhor remédio prático que podemos usar em tempos de tribulação. Jesus, quando sua alma ficou angustiada, foi para a oração. Uma intensa oração.
As tribulações são um cálice do qual todos precisamos beber neste mundo. “no mundo vocês terão aflições” – Jesus disse.
No Livro de Jó está escrito: “O sofrimento não brota do pó, e as dificuldades não nascem do chão. No entanto, o ser humano nasce para as dificuldades, tão certo é isso como as fagulhas voam para cima.” Jó 5.26-27
Não podemos evitar as dificuldades. Dentre todas as criaturas, nenhuma é tão vulnerável quanto o ser humano. Nosso corpo, nossa mente, nossa família, nossos negócios, nossos amigos – são várias portas por onde a tribulação pode vir.
Mesmo os mais santificados dos Filhos de Deus não podem de declarar como exceção. 
A exemplo de Jesus, os crentes, com grande frequência, são “homens de dores”.
Qual seria a primeira coisa que deveríamos fazer quando a tribulação vem? Deveríamos orar.
A primeira pessoa a quem deveríamos pedir ajuda é ao nosso Deus. 
Deveríamos contar ao nosso Pai, que está no céu, todas as nossas aflições.
 Pedro e os outros discípulos, estavam para ser peneirados por Satanás – então eles deveriam orar, mas preferiram dormir. Foram vencidos pelo fracasso – pelo cansaço, pelo desejo de não orar.
Vejamos o poder que a oração tem e o que aconteceria se Pedro e o que acontece quando oramos mais:
1 – A ORAÇÃO DO CRENTE TRAZ O PODER DE JESUS À SUA VIDA.
Jesus orou por Pedro, para que ele não desanimasse na tribulação. Se Pedro orasse também, a oração de Jesus por ele teria efeito mais imediato e real.
Quem ora crê. Quando oramos cremos. 
Enquanto estamos orando não estamos sucumbindo à dúvida.
Enquanto oramos não desfalecemos. Não somos derrotados.
2 – A ORAÇÃO NOS FAZ VENCER AS TENTAÇÕES.
Jesus disse: “orem para que vocês não caiam na tentação”.
Pedro foi provado. A provação não é tentação, mas na provação podemos ser tentados.
Pedro foi provocado três vezes, e aos poucos foi se irando.
Além de negar a Jesus se descontrolou. 
Mas a oração de Jesus fez efeito na hora mais necessária. 
Pedro se arrependeu e finalmente se converteu. Quando estamos lutando, devemos orar para não cairmos nas tentações. A tribulação nos desafia, mas na oração somos fortalecidos.
3 – A ORAÇÃO NOS FORTALECE ESPIRITUALMENTE.
Jesus disse: “ O espírito está pronto, mas a carne é fraca”.
Pedro negou Jesus, porque, estava vivendo um momento de grande fraqueza. 
Foi uma sucessão de erros. Não deu importância para a advertência de Jesus.
Dormiu, quando devia orar. Quis lutar com os soldados. Seguiu Jesus de longe.
 Negou a Jesus.
Podemos dizer que ele se encontrava fraco. 
Jesus disse: Ore, porque a carne é fraca. Se Pedro tivesse orado, ele certamente teria mais discernimento.
Quando oramos fortalecemos nosso espírito. Somente através da oração nos fortalecemos espiritualmente.
Se você está vivendo momentos de tentação, de luta, de fracasso, vá imediatamente à oração.
Você precisa orar. Sem oração não dá.


O HOMEM QUE NEGOU JESUS - I

                                        Pregado em setembro de 2007


A NEGAÇÃO DE PEDRO E O FRACASSO DA AUTOSUFICIÊNCIA

Texto Mc 14.26 -31
26 Tendo cantado um hino, saíram para o monte das Oliveiras.
27 Então, lhes disse Jesus: Todos vós vos escandalizareis, porque está escrito: Ferirei o pastor, e as ovelhas ficarão dispersas.
28 Mas, depois da minha ressurreição, irei adiante de vós para a Galiléia.
29 Disse-lhe Pedro: Ainda que todos se escandalizem, eu, jamais!
30 Respondeu-lhe Jesus: Em verdade te digo que hoje, nesta noite, antes que duas vezes cante o galo, tu me negarás três vezes.
31 Mas ele insistia com mais veemência: Ainda que me seja necessário morrer contigo, de nenhum modo te negarei. Assim disseram todos.

Pedro era o super discípulo. Podemos imaginá-lo, num gesto eloqüente e cheio de auto-confiança afirmar: “Os outros todos podem te abandonar, Senhor, mas eu não, jamais”.
Jesus diz: Sim Pedro – você vai me negar, sim. Antes que o galo cante duas vezes, três vezes você vai me negar.
O que era o canto do galo? É provável que não fosse o canto da conhecida ave doméstica. Ao que parece não era permitida a criação de aves dentro da cidade.
O horário das três da manhã era chamado de CANTO DO GALO. Neste horário era feito a troca da guarda romana nas fortalezas – e o sinal para indicar essa troca da guarda romana nas fortalezas – e o sinal para indicar essa troca era o toque de uma trombeta. Nos dias festivos dava-se dois toques. A palavra latina para este toque seria GALLICINIUM – canto do galo.
A noite para os guardas era dividida em quatro vigílias (ver Mc 13.35-37).
A primeira vigília das 18 às 21 hs.
A segunda vigília das 21 às 00 hs.
A terceira vigília da meia-noite às três da manhã – O canto do galo
A quarta vigília do Canto do Galo (3hs) às 6 horas da manhã.
A negação de Pedro foi o fracasso do Pedro não transformado. Pedro experimentou o fracasso total quando posto à prova. Na verdade toda a lição da negação de Pedro não é o fracasso de Pedro, mas o perdão de Jesus. A lição, não é tanto sobre a fraqueza de Pedro, mas sobre a graça de Jesus. Depois da ressurreição, Jesus perdoou Pedro na presença de todos (João 21.15-17). O final – o capitulo final da história é um triunfo da graça, e não uma derrota de Pedro. Mas se houve uma restauração, antes houve uma queda. Vamos ver como e porque ele caiu.

I – O FRACASSO DA AUTOCONFIANÇA.
Pedro tinha uma personalidade muito forte. Era um homem determinado, pronto para servir e era sempre o porta-voz dos outros. Depois da ascensão de Jesus ele se tornou o líder da igreja nos primeiros anos. Para que ele cumprisse o propósito de Deus na sua vida, ele teria que primeiro fazer morrer aquilo que o impedia de ser uma benção para o Reino. Ele precisava fracassar. Ele precisa ser o que se tornou. O que acontecia com ele que o levou ao fracasso.
1 – A AUTOCONFIANÇA ORGULHOSA – SOBERBA.
Quando Jesus disse que todos iriam fugir (Mt 26.31), ele disse: “Todos, menos eu” (v.33).
Ele não admitia errar. Ele não admitia falhas. Nem nos outros, nem nele.
2 – ATITUDES ARROGANTES.
Ele não era bom ouvinte.
Ele muitas vezes falava sem pensar. Ele muitas vezes, até mesmo tinha a mania de contradizer a Jesus.
Pedro, nem sempre parecia sentir quando deveria escutar em vez de falar.
3 – NÃO APRENDIA COM OS ERROS.
Muitas e muitas vezes Jesus o corrigia, mas ele continuava igual. Parece que Pedro nunca se achava errado.
Finalmente, quando Jesus tentou avisá-lo com antecedência, que algo muito sério iria acontecer. Ele não aceitou, até discutiu com Jesus. “ainda que precise morrer contigo, eu não te negarei” Mt 26.35
Simplesmente não havia como falar com Pedro. Não havia como ensinar a Pedro.

II – O FRACASSO DA SUPER ESPIRITUALIDADE.
Pedro era muito orgulhoso e seu orgulho atingia também sua espiritualidade. Ele se achava muito espiritual. “Todos pecam, menos eu”.
O segundo fracasso de Pedro, era se achar muito preparado e se achar mais espiritual do que os outros. Vejamos como Pedro fracassou na sua espiritualidade.
1 – O ORGULHO ESPIRITUAL E A IMAGINAÇÃO DE INFALIBILIDADE.
A sensação que Pedro nos passa, é que ele era infalível. Um santarrão.
A sensação de infalibilidade e invencibilidade que fez com ele se gabasse, era em si mesmo uma manifestação de orgulho pecaminoso.
“o orgulho, a soberba sempre vem antes da queda”. (Pv 16.18)
2 - A ILUSÃO DE UMA ESPIRITUALIDADE SUPERIOR O DEIXOU VULNERÁVEL.
Pedro era vitima da auto-ilusão. A devoção a Cristo que tanto ele gabava era pouco mais do mera emoção. Ele se achava em um nível acima dos demais. Ele se achava mais fiel do que os outros.
3 – ELE TINHA NA VERDADE UMA FALSA MATURIDADE ESPIRITUAL.
Ele pensou ter atingido um nível de maturidade espiritual que se considerava incapaz de cair.
Ele falava com se fosse imune aos ataques de Satanás. Jesus disse á ele: “Pedro, se não fosse eu, Satanás já teria te derrubado”. Ele disse em troca: “eu não, eu sou fiel”.
Ele não admitia estar em perigo espiritual. Ele caiu porque tinha uma idéia errada de si mesmo.
Pensou que era o que não era.
Pensou ser o que o não era.
Pensou que tinha, o que na verdade lhe faltava.

Este é um grande perigo.
Você está de pé. Você que está de pé. Não dependa e si mesmo. Não confie em si mesmo. Confie em Jesus. Não tente ser super espiritual. Não seja um perfeccionista na fé. Admita suas falhas e admita que os outros também venham a falhar. Todos nós. Pedro, eu e você. Estamos nos mesmo barco. Todos nós precisamos ouvir de Jesus: Segue-me, mesmo assim.

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

O HOMEM QUE TRAIU JESUS - III

Pregado em setembro de 2007




                                                               AS DORES DA TRAIÇÃO
João 13.21-30
21 Ditas estas coisas, angustiou-se Jesus em espírito e afirmou: Em verdade, em verdade vos digo que um dentre vós me trairá.
22 Então, os discípulos olharam uns para os outros, sem saber a quem ele se referia.
23 Ora, ali estava conchegado a Jesus um dos seus discípulos, aquele a quem ele amava;
24 a esse fez Simão Pedro sinal, dizendo-lhe: Pergunta a quem ele se refere.
25 Então, aquele discípulo, reclinando-se sobre o peito de Jesus, perguntou-lhe: Senhor, quem é?
26 Respondeu Jesus: É aquele a quem eu der o pedaço de pão molhado. Tomou, pois, um pedaço de pão e, tendo-o molhado, deu-o a Judas, filho de Simão Iscariotes.
27 E, após o bocado, imediatamente, entrou nele Satanás. Então, disse Jesus: O que pretendes fazer, faze-o depressa.
28 Nenhum, porém, dos que estavam à mesa percebeu a que fim lhe dissera isto.
29 Pois, como Judas era quem trazia a bolsa, pensaram alguns que Jesus lhe dissera: Compra o que precisamos para a festa ou lhe ordenara que desse alguma coisa aos pobres.
30 Ele, tendo recebido o bocado, saiu logo. E era noite.

A traição de Judas foi uma página a mais no livro da paixão e sofrimento de Jesus. Jesus se fez humano para salvar a humanidade pecadora. Ele veio para morrer em nosso lugar. Ele veio para pagar o preço pelo nosso pecado. Ele veio para ser o nosso substituto diante de Deus. Ele veio para sofrer o juízo de Deus em nosso lugar. Neste texto vemos que um dos mais tristes momentos na vida de Jesus, foi a traição de Judas. Não dói tanto o mal feito por um inimigo, dói mais o mal feito por um amigo.
Vejamos as lições deste acontecimento:


1 - A VIDA DE JESUS FOI UMA VIDA DE AFLIÇÕES POR AMOR A NÓS.
Após lavar os pés dos discípulos, “Jesus se angustiou em espírito e afirmou: um dentre vocês vai me trair”.
Jesus era “homem de dores” (Is 53.3). Toda a amplitude das aflições de Jesus, durante seu ministério terreno, está muito além da compreensão da maioria das pessoas. Sua morte, seus sofrimentos na cruz foram o clímax, a consumação de suas aflições.
Durante todo o seu ministério ele teve que enfrentar a incredulidade dos judeus. O ódio dos fariseus e saduceus.
A angústia descrita neste texto é forte. Ver um dos discípulos escolhido tornar-se voluntariamente um apóstata, um traidor, doeu na alma de Jesus.
Nada mais duro do que a ingratidão. Não deveria ser assim, porque Jesus sabia da traição – porque sentiu tanto?
Neste acontecimento podemos perceber o admirável amor de Cristo pelas pessoas, pelos pecadores, pelos perdidos.
Ele não sofria pela traição, ele sofria pelo traidor.
Não era a traição que doía, era o traidor que o fazia sofrer. A alma do traidor que o fazia sofrer.

2 – ESTE ACONTECIMENTO REVELA O PODER E A MALIGNIDADE DE NOSSO INIMIGO.

O texto revela que “Satanás entrou no coração de Judas Iscariotes”.
Vejamos como é terrível a obra maligna no coração e na vida de uma pessoa.
Quando ele encontra oportunidade, uma porta aberta, ele entra e se apossa completamente, e, como um tirano, controla o íntimo da pessoa.
Não podemos ignorar sua malignidade – Paulo diz: “não ignoramos as suas intenções”. 2 Cor 2.11
Ele ainda está passeando pela Terra, procurando alguém para devorar – 1 Pe 5.8
Nossa segurança está em nossa submissão a Deus. Quem se submete ao Senhor, resiste ao Diabo, vence o Diabo.

3 – ESTE ACONTECIMENTO REVELA A NECESSIDADE DA VIGILÂNCIA CONSTANTE.
Quando uma pessoa começa a dar lugar ao Diabo, não sabe até onde se aprofundará no pecado. É assim que começa o caminho para a ruína eterna.
Judas permitiu ao Diabo entrou em seu coração.
Não podemos deixar Satanás semear pensamentos pecaminosos em nossa mente.
Não podemos brincar como o pecado. Não podemos reputar como insignificantes as idéias más que surgem em nossos corações e mentes.
Não podemos permitir que Satanás fale conosco, nos engane e nos seduza.
Precisamos constantemente vigiar. Precisamos ficar atentos para não cairmos nas armadilhas do inimigo.
O laço do passarinheiro está armado.
O laço do caçador quer nos prender, mas em Jesus temos o escape.

4 – NESTE ACONTECIMENTO VEMOS O CAMINHO DA PERDIÇÃO E A SITUAÇÃO DESESPERADORA DE TODOS QUE VIVEM E MORREM SEM SALVAÇÃO.
A dureza do coração de Judas e a ação do Diabo na vida de Judas o “levaram ao desespero e a morte”.
Jesus disse “melhor fosse não ter nascido”.
A pior coisa que pode acontecer é uma pessoa
viver sem fé, e morrer sem a graça divina.
Morrer em tal estado, significa ruína para todo o sempre.
Trata-se de uma queda sem recuperação – é uma perda irreparável.
Jesus veio salvar o perdido. Se não houvesse a perdição, não haveria o salvador.
Não devemos nos envergonhar de andar nas antigas veredas, crendo que existe um Deus eterno, um céu eterno e um inferno eterno.
Judas não teve um salvador. Judas não teve salvação, apesar da presença do salvador.

Não endureçamos o nosso coração.
Jesus morreu por nós, sofreu por nós – porque nos amou.
O pecado nos afasta de Jesus, mas Jesus quer nos afastar do pecado.

VIVER COM PACIÊNCIA, ESPERANÇA E PERSEVERANÇA – Romanos 8.18-25

  Pregado em 03 de maio de 2020 sexto sermão na Pademia                                                                                     ...