Rogério Nascimento
Pregado em junho de 2007
Mt 26.36-46 - 36
Em seguida, foi Jesus com eles a um lugar chamado Getsêmani e disse a seus discípulos: Assentai-vos aqui, enquanto eu vou ali orar; 37 e, levando consigo a Pedro e aos dois filhos de Zebedeu, começou a entristecer-se e a angustiar-se. 38 Então, lhes disse: A minha alma está profundamente triste até à morte; ficai aqui e vigiai comigo.
39 Adiantando-se um pouco, prostrou-se sobre o seu rosto, orando e dizendo: Meu Pai, se possível, passe de mim este cálice! Todavia, não seja como eu quero, e sim como tu queres. 40 E, voltando para os discípulos, achou-os dormindo; e disse a Pedro: Então, nem uma hora pudestes vós vigiar comigo? 41 Vigiai e orai, para que não entreis em tentação; o espírito, na verdade, está pronto, mas a carne é fraca. 42 Tornando a retirar-se, orou de novo, dizendo: Meu Pai, se não é possível passar de mim este cálice sem que eu o beba, faça-se a tua vontade. 43 E, voltando, achou-os outra vez dormindo; porque os seus olhos estavam pesados. 44 Deixando-os novamente, foi orar pela terceira vez, repetindo as mesmas palavras. 45 Então, voltou para os discípulos e lhes disse: Ainda dormis e repousais! Eis que é chegada a hora, e o Filho do Homem está sendo entregue nas mãos de pecadores. 46 Levantai-vos, vamos! Eis que o traidor se aproxima.
JESUS SOFREU SOZINHO O TERROR DA NOITE
Jesus sofreu sozinho, porque ninguém poderia sofrer o sofrimento substitutivo por todos os atingidos pela queda e pelas dores causadas pelo pecado.
Estes versos falam da agonia de Jesus no Getsêmani. Quando ele entra no jardim, a tristeza o abate.
Ali começa sua paixão. Ali, Deus começou a feri-lo, ali ele foi moído por nós.
Era o momento de sua angustia. Não se tratava, porém, de nenhuma dor corporal ou tormento exterior.
Não era também um conflito interior, nem com o Pai. Não era desespero, nem desconfiança. A sua angustia tinha as seguintes razões:
I- ELE ESTAVA EMPENHADO CONTRA OS PODERES DAS TREVAS.
Ele estava enfrentando a oposição das trevas.
Jesus disse: “ Esta é a hora das trevas reinarem” Lc 22.53
A pressão dos poderes das trevas era muito grande. Os terrores das forças malignas geravam dores e angustias em Jesus. O diabo sabia que Jesus viera para salvar e resgatar pecadores e queria impedi-los.
Jesus veio para nos resgatar como um grande vencedor (Colossenses 2.13-15).
II - ELE ESTAVA LEVANDO A INIQUIDADE DE MUITOS.
As iniquidades do mundo seriam lançadas sobre Jesus. O Pai havia posto esta missão para ele. Os sofrimentos que iria padecer era por nossos pecados.
Muitos hoje, sofrem por seus próprios erros, seus pecados, suas ignorâncias, seus erros, suas escolhas e suas más obras.
Jesus, estava sofrendo porque estava obedecendo ao Pai, renunciando à sua própria vontade.
III - ELE ESTAVA TENDO UMA VISÃO CLARA E PLENA DE TODOS OS SOFRIMENTOS QUE O AGUARDAVAM.
Ele conhecia antecipadamente a traição de Judas, a negação de Pedro, a maldade e ingratidão dos judeus.
A morte em seu aspecto mais aterrador, a morte com toda a sua pompa e seus terrores se lançava em seu rosto.
A morte substituta por nós seria o pagamento para alcançar para nós o perdão pelos nossos pecados. Ele sabia também como seria amargo o cálice da ira de Deus que ele teria que beber.
IV - ELE TINHA CONHECIMENTO QUE AO ENFRENTAR TUDO ISSO, ELE NÃO RECEBERIA AJUDA NENHUMA, DE NINGUÉM.
Seu sacrifício não seria como os outros. Não haveria a misericórdia de Deus, nem a graça especial que é derramada sobre os mártires.
É verdade que os mártires sofreram e sofrem por Cristo. Os mártires sofrem e morrem, mas ao entregar a vida, eles recebem a ajuda de Cristo, o poder de Deus.
Com Jesus foi bem diferente:
Ele não teria o apoio e o consolo que os mártires desfrutavam, porque se negou a receber esta ajuda. Ele não estava morrendo, sofrendo como um justo, mas como pecado.
Sobre as cruzes dos santos se pronunciava uma benção que lhes dava animo, para que se alegrassem mesmo no suplicio (Mt 5.10,12), mas Cristo na cruz, leva a maldição, a nossa maldição (Gl 3.13).
Debaixo do peso daquela cruz, se sentia cheio de tristeza e maldição, e esta maldição da cruz era o fundamento da alegria das cruzes dos demais.
Os testemunhos nos falam da alegria nas arenas, nas fogueiras e nas cruzes dos cristãos que foram martirizados.
Jesus, portanto, suportou a noite sozinho. Sem apoio, sem amigos , sem companhia, sem a benção e sem Deus.
Por isso, temos a possibilidade da benção em nossa vida. No nosso sofrimento não seremos abandonados.
Nenhum sofrimento nosso é em vão. Nossas dores, ele levou, por isso, hoje temos a graça, temos a benção. Temos a certeza de que sofrimento algum, luta alguma, cruz alguma pode nos vencer.
Nada tem poder para nos separar da benção final (Rom 8.31-39).
APLICAÇÕES PRÁTICAS
a – Sabendo que Jesus lutou contra as trevas eu vou me identificar todos os dias nesta luta, pois sei que nele sou um vencedor.
b – Sabendo que Jesus levou minhas iniquidades, vou aceitar sua provisão para vencer o pecado em minha vida.
c – Sabendo que Jesus sofreu sabendo o que ia sofrer, eu vou viver na consciência do seu amor por mim.
d - Sabendo o que Jesus sofreu por mim, eu preciso segui-lo, por amor, pois por amor ele fez tudo por mim.